quarta-feira, agosto 17, 2005

538. Portugal atacado por terroristas

Depois de todos estes incêndios em catadupa, com reacendimentos sucessivos e nos locais mais insólitos - mas curiosamente escolhidos a dedo, de modo a causarem danos maiores -, depois de toda esta verdadeira loucura que se tem vivido em Portugal, parece já não restarem dúvidas de que tudo isto é anormal e não pode resultar meramente das altas temperaturas que se têm registado, da secura dos matos e florestas, de negligência humana, mesmo de criminalidade a nível individual ou mesmo organizada, mas apenas por fins económicos.

Mais do que lícito, é imperioso que a situação seja encarada tal como, na verdade, se apresenta, ou seja, como guerra de terrorismo.

Portugal está a ser atacado por forças do terrorismo, internacional ou não, com ou sem apoio interno.

A situação que se tem vivido não tem nada que se compare a qualquer outra que tenhamos tido desde sempre e os incêndios, a sua extensão, a sua força destruidora, indiciam que os autores e mandantes não são meros criminosos de delito comum.

Tudo aquilo a que temos assistido mostra que há por detrás desta “terra queimada” organização suficiente para a obtenção dos efeitos pretendidos e que têm sido obtidos integralmente, perante a impotência de bombeiros e de outras forças de paz, para além das próprias populações, todos eles mobilizados em número de muitos milhares.

Não é, na verdade, qualquer mexeruca organização que consegue chegar a este patamar de eficácia e impunidade.

Há, por outro lado, como qualquer pessoa minimamente informada e lúcida facilmente percebe, muitas formas de fazer terrorismo. Não só o que faz explodir combóios e autocarros e aviões, matando, acto contínuo, milhares de vidas, é terrorismo.
Será mais espectacular, sim, mas não é a única forma de aterrorizar e levar ao desespero populações inteiras.

Reduzir a cinzas grandes extensões de território de um país é, igualmente, uma forma de terrorismo. Mais disfarçada, menos espectacular, mas não menos eficaz nos efeitos.

Estes incontáveis e incontroláveis incêndios florestais têm um efeito terrível nas populações, deixando muitas à míngua e obrigando o Estado a gastar recursos de que não dispõe, em subsídios sucessivos e outras ajudas, que, mesmo assim, nunca chegam a compensar as perdas sofridas, mas, para além disso, constituem factor cada vez mais agravado de desertificação do território, por destruição do sustentáculo da vida nas terras atingidas.

Este problema tem que ser enfrentado de imediato e com todos os recursos disponíveis. Entre outros, e porque se trata de uma guerra, os meios militares há muito que deveriam ter sido accionados. Não se percebe por que o não foram, se até os próprios militares vêm às televisões manifestar a sua surpresa e at
é indignação pelo facto.

Por outro lado, assistimos, com total estupefacção, a uma completa paralisia do governo e até do ainda presidente da república, que, enquanto o país se consome em chamas, se vai distraindo condecorando idiotas de chapéu de palha enfiado na cabeça, em atitude de completo desrespeito pelo país, que, pela atitude que assumem, consideram de terceiro mundo e as próprias autoridades máximas permitem que considerem.


Não se vê que sejam tomadas medidas concretas. Não se constata que alguém tente minorar a angústia das sofridas populações.

O que é que o governo sabe e não vem dizer?


O que é que o governo descobriu por detrás de tudo isto, que o deixou completamente paralisado, incapaz de actuar, ele próprio aterrorizado? Emudeceu, paralisou, morreu. Talvez de morte macaca.

Salvou-se apenas o "nosso primeiro". E mesmo esse, talvez apenas porque, um pouco mais sagaz, em devido tempo fugiu para o Quénia e de lá telefonou para o substituto, perguntando se devia regressar. Como se tal pergunta se fizesse!... Ao que o impagável, antes de ter desaparecido de circulação, ele também, lhe terá dito, por 2-vezes-2, que se deixasse estar onde estava.

E qual a razão por que o "nosso primeiro fugitivo" deveria deixar-se ficar onde está, em vez de regressar de imediato ao país, como era sua obrigação? A mesma que levou o monarca português de então a fugir para o Brasil, quando das invasões francesas?

E se o governo e o presidente da república esclarecessem estas coisas e um actuasse como lhe compete e o outro adiasse para as calendas gregas condecorações sem nexo e menorizantes do Estado Português e obrigasse a que se actuasse, como igualmente lhe compete?


Mas quando é que em Portugal cada qual passará a fazer aquilo que lhe compete por dever de ofício ou de cargo e se deixa de floreados para a fotografia que, ainda por cima, sai borrada?

...

13 comentários:

Anónimo disse...

Cá para mim os culpados, os mandatários (não os incendiários), só podem ser os nuestros ermanos...para nos deixarem ainda mais á míngua...eles já nos tomaram o país de assalto através do comérico/produtos, e agora querem nos comprar o rectângulo ao desbarato! comprar??...não! invadir!

Qt ao «Quénia» e ao nosso primeiro...sem palvras...concerteza está tb do lado dos espanholitos...e Ah! tb não me importava de estar neste momento num ganda safari !!!!...de facto, a vida é fácil para alguns...
;-)

Beijinhos
Maria João

CMatos disse...

Ontem soube, por um amigo que milita numa das forças de segurança do país, que depois dos fogos eles fazem o relatório sobre a área ardida, e como quem sabe disso são os Bombeiros, eles perguntam-lhe. Resultado, no ano passado quando foram fazer contas, viram que o território Português já não chegava, estando já parte do Espanhol abrangido!!!
E porquê?... é que é com base na área ardida da zona de intervenção que são depois distribuídos os meios e os dinheiros no ano seguinte.
Isto passou-se no ano anterior! Este ano devemos chegar a França!
Serão todos estes pequenos pormenores que contribuem para o "deixa arder". E já não tenho dúvidas, daqui a uns anos os incêndios vão acabar (como estava estampado ontem no Correio da Manhã), é que nessa altura já nada haverá para arder.
Será então a vez da especulação imobiliária começar a pregar fogos nas cidades?! Será?
Já agora, porque é que não me dão a mim a "Ordem da Liberdade" por eu ter publicado no bloguito umas linhas sobre a Paz?... Não? Á pois, falta-me o chapéu... Porra!

Ruvasa disse...

Viva, Sulista!

Pois, para mim, o problema é que alguém concluiu que para Portugal nem é preciso explodir comboios nem autorcarros, menos ainda prédios e aviões.

Bastará que se queime a floresta e tudo vai ao ar...

Certamente que o governo sabe algo sobre isto. Por isso, o nosso primeiro foi "safariar", quando devia estar aqui a coordenar a luta contra os filhos da... mãe.

"Mais de duas vezes, mais de duas vezes"!

Esta não me sai da lembradura. Palavra de honra que está é de gritos... de desespero! "Mais de duas vezes, mais de duas vezes"...

Por quem nós estamos governados. Pois é: estamos governados e... mal pagos.

"Mais de duas vezes, mais de duas vezes"...

Demos-lhe, já agora, um toque cosmopolita:
"More than twice, more than twice". Oh, dear!

Idiosincrasias!

Beijinho

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Cmatos!

Essa é uma realidade bem concreta. Tem sido, sempre.

Este ano, porém, creio que já se ultrapassou isso. É que não é qualquer organização de meia tigela que coordena uma coisa destas!... Tudo isto tem um planeamento tal que não é qualquer borra-botas que lidera uma tal campanha. Isto requer já muita coordenação e conhecimentos de tácticas terroristas.

É conveniente estar-se alerta, para não se ser apanhado de calças na mão.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Olá, Marco!

Concordo com o que dizes, mas, nesta altura e pelos motivos que apontei no texto inicial e na resposta ao comentário do CMatos, sou de opinião de que as nossas preocupações devem já começar a ser de outra índole.

abraço

Alexandre

Ricardo disse...

Viva,

Um comentário algo radical mas compreendo a tua frustação/choque/indignação! É como todos nos sentimos actualmente.

Com que objectivos julgas que se faz o que chamas de "terrorismo"? Custa-me a compreender, apesar da dimensão da tragédia, que haja um número de conspiradores identificáveis que possamos declarar guerra! Tens alguém em mente ou é unicamente um paralelismo nos efeitos entre terrorismo e o que se passa em Portugal?

Abraço e o desejo que o frio chegue rapidamente porque não me parece que consigamos dar conta do recado sem o regresso das temperaturas amenas e da chuva...

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Essa resposta deveria ser dada pelo Governo, que é quem melhor tem que estar informado.

Creio mesmo que o Governo não estará alheio a movimentações estranhas de que já por aí foram por várias vezes noticiadas.

E mais: por que razão estaremos sempre à espera de que Portugal esteja fora deste mundo? Somos especiais de corrida? Se os outros sofrem os efeitos de terrorismo desbragado, por que razão estaremos nós completa, absoluta e eternamente imunes? Somos o povo eleito por Deus, para estarmos acima das querelas terrenas?

Quem deve responder a tantas perguntas que não têm tido resposta é o governo, ou melhor, os diversos governos.

Abraço

Ruben

Anónimo disse...

Depois de ler o excelente post, apenas resta acrescentar que o Ex.mo Presidente que ainda temos, foi incapaz de interromper as suas férias para dar apoio às populações, quanto mais não seja mostrar solidariedade, mas já as interrompeu para condecorar os tais "idiotas de chapéu na cabeça", em atitude de total desrespeito pelas nossas instituições... "Quosque tandem ...".

Anónimo disse...

caro Zé Fontinha,

permita-me que discorde:
os «idiotas» não são idiotas...para quem esteja menimamente informado, os U2 já fizeram/ainda fazem (a comparar com mt porcaria que se houve para aí, tds os dias na rádio), da melhor música!!!! no género musical em que se inserem, claro!

O nosso Excelentissimo PR é que não devia perder tempo com cerimónias tão descabidas como essa ! Qyue culpa têm os U2 desses aproveitamentos eleitorais...para não chamar outra coisa...?????

A Sulista

Anónimo disse...

Cara Sulista
Repare que a frase que a chocou está em aspas, pois não é minha, mas sim parte do texto que comentava. Aprecio bastante os U2 e sobretudo o que têm feito pela denûncia da pobreza em Africa. Até admito que a condecoração seria merecida, mas noutras circunstâncias. O que não posso deixar passar em claro é o abandalhar das instituições, pelo qual o único responsável foi o nosso Presidente.

Ruvasa disse...

Viva, Zé Fontinha!

Terminando o seu primeiro comentário:

...abutere, Catilina, patientia nostra?

Abraço

Ruben

Anónimo disse...

Exacto, amigo Ruvasa
Só que a frase deve ser adaptada aos tempos actuais. "Quosque tandem, Jorge Sampaio, abutere patientia nostra". Os quatro meses que faltam já são demais para a nossa paciência.

Anónimo disse...

...de Vacances amigo Ruben??

Beijinho
Maria João