quinta-feira, agosto 10, 2006

743. " Francisco O. B. Coelho "

O grande velocista Francisco O. B. Coelho deu, esta tarde, mais um recital de bem correr velozmente e uma grande alegria aos seus compatriotas, os portuguesitos da silva.

Com uma facilidade impressionante, venceu a final dos 200 metros planos dos campeonatos europeus, depois de ter vencido igualmente todas as séries em que participara e... sempre a meio gás.

Fez a marca de 20,01 segundos e fica-se com a certeza de que, se tivesse tido um pouquinho de concorrência, baixaria vários décimos de segundo, talvez mesmo lá para os 19,80 ou 19,70
...
É, pois, actualmente, o bicampeão europeu da especialidade.


Tudo o que ficou dito relativamente aos 200 metros, aplica-se aos 100 metros. Com uma única diferença: em vez dos 9,99 segundos, se tivesse tido a tal pequenina concorrência, certamente que teria chegado aos 9,80 e qualquer coisa.

* * *

Até aqui, tudo bem. A partir daqui... também. Pelo menos, espera-se!

Mas... há sempre um mas que nos tira o enlevo.

É que, Francisco O. B. Coelho, com toda a categoria que tem demonstrado, tem-nos dado imensas alegrias, mas também nos tem tirado algum do consolo que costumávamos receber, por estas ocasiões.

Vejamos:

Então não é que o raio do homem não tem uma quebra, nunca lhe dói um joelho, nunca torce um pé, nunca sofre de um ataque de caspa, nunca bebe por engano uma lata de Isostar que, depois, lhe provoca uns gases malucos (como ao mano Domingos Castro), nunca é atacado por uma tremedeira louca, a 40 metros da meta (como ao Mamede), nunca lhe proíbem que treine, nunca lhe vem o período na pior altura (como...ihihih), nunca lhe faltam os incentivos monetários do Estado (como a quase todos os outros, Carlos Lopes incluído...), nunca o obrigam a correr quando ele não pode (como...ihihih), nunca se mete a dar entrevistas idiotas, nunca, enfim, sofre daqueles imponderáveis que sempre deram aos portugueses de alto gabarito - assim com'a eu, dizia Aurora Cunha, a filósofa.

Porra, não pode ser! Assim não há asshole que aguente! É concorrência desleal, catarino!

O homem não é humano, só pode ser extra-terrestre!, e, pior do que isso, não é português ou, então, trata-se de um português desnaturado, de um sacaninha de um português, daqueles que gostam de deixar lixados todos os veros portugas.

Assim não vale, tás a óbir ó Coelho? Vai mas é lá p'ra tua terra, correr à frente dos leõesõesõeseseses...

Enfim! O homem tem que ser despachado daqui para fora o mais depressa possível. É que, se assim não for, qualquer dia arma-se em parvo, chega aos Jogos Olímpicos e traz de lá as medalhas de ouro dos 100 e 200 metros!... E, depois, não somos apenas nós que ficanos tristes e deprimidos. Então e os americanos? Mal habituados que estão, ainda lhes dá algum fanico. E isso a gente nao quer, pois que o Bush pode ir aos arames e mandar invadir Quadrazais de Cima...

E nós? Que vamos nos fazer? Como é que descalçamos a bota? Vamos ficar muito mal na pelingrafia...

E' isso! O homem só pretende arrasar-nos. Se calhar, algum dos nossos navegadores - dos que passaram lá pela Nigéria e tinham a mania de que aquilo era só romper em frente, fazer descendência em tudo o que aparecia pela proa... - deixou lá aquela semente e veio-se embora, abandonando a mãe do rapaz. E ele, agora, está a vingar-se desta raça maldita!

Temos que nos livrar do gajo, E depressa, antes de que o mal engrosse.

Tal num tá o magano, hein?!

Ruvasa
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* * *
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E, agora, um pouco da história do maledetto desnaturado…


Francis Obirah Obikwelu (Onitsha, 22 Novembro 1978) é um atleta português nascido na Nigéria.

É especializado nos 100 e 200 metros. Ganhou a medalha de ouro no Campeonato da Europa de Atletismo de 2002, apesar de ter terminado em 2º, tendo a vitória lhe sido atribuída 4 anos depois face à revelação do uso de doping por parte do vencedor da corrida de 2002, Dwain Chambers.

Venceu os 100m nos campeonatos europeus em 2006 com tempo de 9,99s e os 200m com 20,01s. Ganhou também a prata na prova dos 100m nos Jogos Olímpicos de Verão de 2004, em Atenas. Foi a primeira medalha de sempre para Portugal, em provas rápidas e foi também o record Europeu dos 100m livres com uns impressionantes 9,84s.

Obikwelu radicou-se em Portugal com 16 anos, depois de aí participar no Campeonato do Mundo de Juniores de 1994.

Depois de ser rejeitado pelo Benfica (pois, por quem é que havia de ter sido!...) e pelo Sporting, Francis foi trabalhar para a construção civil no Algarve. Decidiu aprender a língua portuguesa e o seu professor ajudou-o nos contactos com o Belenenses, onde recomeçou a correr. Continuou no entanto a competir pelo seu país de origem.

De acordo com a velocista nigeriana Mercy Nku, que, tal como Obikwelu, reside habitualmente em Lisboa, Obikuelu terá decidido correr por Portugal após ter sido abandonado pelos responsáveis desportivos nigerianos na sequência de uma lesão que sofreu ao representar a Nigéria em Sydney. “Ele teve que ir ao Canadá fazer uma operação ao joelho à sua própria custa” declarou ela em Julho de 2000.

Adquiriu a nacionalidade portuguesa em Outubro de 2001.

A sua história de vida, a sua personalidade e os seus sucessos desportivos tornaram-no uma figura popular no seu país adoptivo.

Actualmente corre pelo SCP.

Em 2004, em Atenas, durante as classificativas, foi um dos atletas mais destacados, terminando duas vezes abaixo dos dez segundos (batendo o recorde de Portugal). Na final, recuperou de uma posição não medalhada na segunda metade da corrida para ganhar a medalha de prata, apenas um centésimo de segundo atrás de Justin Gatlin e um centésimo à frente de Maurice Greene.

Bateu o recorde europeu estabelecido por Linford Christie em 1993.

Acabou em quinto lugar a final dos 200 metros.

Wikipedia

4 comentários:

António Viriato disse...

Ninguém lhe pode retirar mérito, com certeza. Mas será que nos poderemos orgulhar assim tanto dos seus feitos ? Afinal, onde treina o atleta, quem orienta a sua preparação ? Parece-me escassa comparticipação nossa, para tanto orgulho...

Ruvasa disse...

Viva, António Viriato!

Presumo que tenha lido com atenção o meu texto, todo ele.

;-)

Abraco
Ruben

António Viriato disse...

Caro Ruben,

O meu comentário visava outros alvos. Na verdade, quando praticamos o laconismo, corremos o risco de nos tornarmos obscuros.

Um abraço.

Ruvasa disse...

Viva, António Viriato!

Eu vi que não era eu o visado. Mesmo assim, não me dispensei do reparo, mas sem outros intentos que não o de fazer alguma graça.

:)

Abraço

Ruben