segunda-feira, novembro 01, 2004

145. Late afternoon thought... ( xliii )

Nada fará com que melhor respeitemos convicções alheias
do que o trabalho que tivemos para formar as nossas próprias.
Ruvasa

144. Ausente por cerca de um mês

Parece justo que, quem não pôde gozar férias no "tempo próprio" o faça agora, não concordam?
Pois bem, é o que vou fazer, a partir da próxima madrugada.
Depois contarei.
Não sairei porém, sem que antes aqui deixe mais um motivo para reflexão. No post seguinte, "Late..."
Até a próxima.

quinta-feira, outubro 28, 2004

segunda-feira, outubro 25, 2004

142. "A política: essa grande porca"

essaporca.jpg Posted by Hello (a) ruvasa 2004 - Click na imagem, para ampliar

O economista e ex-docente do Ensino Superior, Dr. JOÃO COSTA FIGUEIRA, vai dar a conhecimento público, no dia 28 do corrente mês de Outubro, pelas 18 horas, na Livraria Barata, Av. de Roma, 11, em Lisboa, a sua 36ª obra literária, intitulada “A política: essa grande porca”, a distribuir pela Audil.

A apresentação da obra será da responsabilidade do Dr. José Pinheiro da Silva, ex-Secretário Provincial de Educação de Angola e Professor Assistente da Universidade de Luanda.

Os exemplares do livro serão acompanhados de um folheto comentário-crítica da autoria do General Galvão de Melo, intitulado “Grito d’Alma”.

Na ocasião e a solicitação dos interessados, o autor autografará exemplares do volume.

A política: essa grande porca”, evidencia de forma iniludível que o autor, actualmente com cerca de 89 anos de idade, nada perdeu da sua conhecida e extraordinária firmeza de carácter e combatividade e bem assim do profundo conhecimento das realidades económica e política do nosso País.

Na verdade, nas várias peças que compõem a obra que agora dá à estampa e que dela fazem um todo homogéneo, extremamente lúcido e certamente incómodo para algumas mentes e personalidades, cuja actuação não terá sido sempre a mais razoável - linear, direi mesmo -, João Costa Figueira analisa à lupa inúmeras vertentes de um período relativamente recente e muito decisivo da História comum dos portugueses, para o que teve o cuidado de se socorrer de argumentação muito dificilmente rebatível, porque alicerçada em factos, números e dados oficiais e em situações absolutamente indesmentíveis, não escamoteáveis.

Mas não se fica por aqui.

Efectivamente, à luz do que nos traz, é possível a muitos de nós revivermos e a outros tantos por primeira vez tomarem conhecimento de pessoas e respectivos actos, decisivamente determinantes da nossa vida colectiva das décadas mais recentes, com inevitáveis reflexos no futuro.

Como todas as obras do género, decerto que conterá pontos de vista passíveis de contradita. Daí, também, o grande mérito da publicação. Porque, como é sabido, só através do binómio argumentação-réplica é possível uma aproximação segura e não distorcida da verdade simples e escorreita das coisas.

Por todos estes motivos, mas igualmente porque se trata de documento histórico de valor incalculável, escrito por alguém cujo estádio de vida o põe a salvo de qualquer intenção que não a da procura da verdade pela verdade, através da exposição, frontal e sem tergiversações ou sofismas, dos pontos de vista defendidos, vivamente recomendo a sua leitura.
2004Out25
Ruvasa

sexta-feira, outubro 15, 2004

141. Late afternoon thought... ( xli )

Qual o objecto filosófico da vida,
perspectivada com princípio e fim,
para além dos quais nada existe?
Ruvasa

terça-feira, outubro 12, 2004

140. O comentador do "mardi gras"

Miguel de Sousa Tavares, também conhecido por MST, comentador da TVI, à terça feira, e o tal que se iria embora da estação de Queluz de Baixo, copiando Marcelo, acaba de, em conversa de alto nível, como sempre, com Manuela Moura Guedes, no Jornal Nacional, declarar, urbi et orbe, que, a partir de conversas que terá mantido com Paes do Amaral e José Eduardo Moniz, terá ficado com a impressão de que o governo pressionou a saída de Marcelo.

Anote-se, por favor, sem falta:
- Fiquei com a impressão de que...!

Ora, aí está! Acaba de nascer mais um humorista. Este, de terça feira...

Não satisfeito, porém, com esta verdadeira masterpiece do impressionismo, capaz mesmo de, de uma assentada, esverdear de invídia Renoir, Manet e Degas, logo acrescentou que não seguira as pisadas do ex-futuro-guru, por duas razões que ali de imediato esparramou:

1. Marcelo não se teria conduzido à altura da situação, uma vez que se mostrara incapaz de fornecer explicações que se impunham e que constituíam seu dever;

2. Se ele, Miguel de Sousa Tavares, se fosse embora da TVI, o Governo deixaria de ali ser criticado. (Assim a modos de um Louis XIV de vigésima quinta hora: après moi, le déluge... Ataca muito certas mentes este sintoma!).

A partir destas premissas realiza-se que:

1. Miguel de Sousa Tavares está de cama e pucarinho (salvo seja!) com Mário Soares. Também ele, pelos vistos, se terá apercebido da cobardia de Marcelo de que Soares falou abertamente, sem disfarces, na SIC. (Os ataques e as pressões a que Marcelo se sujeitou já, ainda a procissão vai no adro!... E, surprise!, ataques e pressões que não vêm do Governo…)

2. Miguel Sousa Tavares, o “comentador” da terça feira, senta-se ali, junto de Moura Guedes, não para comentar ou fazer análise, mas sim, como publicamente reconheceu o próprio, para atacar o Governo.


Estamos, pois, a partir de agora, autorizados a considerar que o faz no âmbito de uma acção de autêntico proselitismo político e sem passar por qualquer escrutínio democrático. Abusivamente, como se constata, portanto. Aliás, como tantos comissários políticos disfarçados de jornalistas ou comentadores ou analistas ou lá o que se intitulam, que na Comunicação Social infiltrados abundam et nocent.

Não restam dúvidas. Miguel Sousa Tavares está na mesma. Só que mais velho… cronologicamente falando.

domingo, outubro 10, 2004

139. Se o ridículo matasse...

A crer nas doutas teorias extensamente expostas pelos "amigos" do actual governo, este inaugurou, com o não-caso Marcelo, uma muito peculiar forma de ressuscitação da abolida censura, pura e dura.

Consiste ela em começar por meter a boca no trombone e atroar os quatro ventos com umas quantas coisas, mal alinhavadas ainda por cima, dando a ideia de que o governo está muito zangado com determinados comentários incómodos e, assim, se prepara para actuar em conformidade.

E em que consiste essa actuação em conformidade? Pois bem, no seguinte: após aquela publicitação urbi et orbe, nos bastidores, assolapadamente, pressionar pessoas, empresas e tutti quanti no sentido de que despeçam - com indemnização? sem ela? - vozes incómodas.

O estratego desta política de primeiríssima água será o ministro dos assuntos parlamentares, Rui Gomes da Silva, de sua graça.

Se me é permitido, peço a vocências que autorizem a que me ausente por uns instantes, a fim de ir lá dentro soltar uma sonora gargalhada. Um momento, pois, por favor. É só um instantinho.

( ... )

Acabado de regressar do desopilante momento, seja-me permitido realçar que as mentes congeminadoras daquelas excelentes teorias forneceram, só por isso, o mais valioso, único mesmo, alibi de que o governo dispõe para que não possa, em tribunal que se preze, ser condenado daquilo de que vem acusado.

Assim, em nome do povo, ego te absolvo, ineptus praetor!

Postas as coisas nestes termos, também eu, como há milénios atrás outros antes de mim fizeram, pergunto:

- Cui prodest?

E, vindo lá de longe, do alto da montanha mais remota da Old Albion, chega-nos, num fiozinho de voz, quase inaudível, um sussurro que eu sou levado a jurar a pés juntos ser de um velhinho, muito velhinho, e talvez por isso mesmo, muito sagaz, murmurando:

- Oh, my goodness! How much ridiculous they are!...

138. Señora de Guadalupe

ph93175758.jpg Posted by Hello (c) Ruvasa Setembro 2003 - Click na imagem, para ampliar

Contra-luz no exterior da Basílica de Nuestra Señora de Guadalupe,
Ciudad de Mexico

137. Late afternoon thought... ( xl )

Mister é a todo o custo evitar
que a liberdade cometa suicídio.
Ruvasa

136. Os "blogueiros" do exame prévio...

Que imenso gozo de dá ler a prosa de alguns bloguistas – melhor diria “blogueiros” – que por aí andam, despejando dos rombos aparos das enferrujadas penas coisas elevadíssimas, transcendentes, esotéricas mesmo, como as virtudes da liberdade e as da ausência de censura!...

Que gozo me dão tais leituras, creia-se!

Imagine-se que, de quem assim fala ex cathedra, afinal nem simples balls se descortinam que os encoragem a nos seus blogs conferirem a quem os lê a possibilidade de lá deixar comentários livres do execrando exame prévio, abolido há trinta anos em Portugal, mas não de todas as capelinhas, tanto quanto é dado constatar!

Não. Parecem intelectualmente inábeis o quanto baste para que se apercebam de que a triagem a que intendentemente se entregam os menoriza e lhes retira a generalidade dos argumentos que diariamente esgrimem por tudo quanto é palanque de feira ou similar. Porque não joga a bota com a perdigota. É assim como que o Tomás pregador em pegado conflito permanente com o Tomás feitor.

Escrevem e falam, falam e escrevem, peroram afinal, do que não sabem por não conhecerem nem cumprirem de conhecer.

Como diria a fadista, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto…

Está visto!

Há dias em que, observando coisas destas, me surpreendo; dias há em que, observando destas coisas, me envergonho… Muito.

sexta-feira, outubro 08, 2004

135. O balão esvaziou...

E o balão que Marcelo Rebelo de Sousa começou a encher... subitamente esvaziou.

Faltou-lhe o ar.

Asfixiou quem o ofereceu para que a festa se fizesse e quem o recebeu para que a festa fizesse.

A festa que se preparava, acabou antes mesmo de começar.

O balão? Esse está inglória e definitivamente murcho. Mole. Impotente. Sem préstimo.

R.I.P.

134. A dignidade de quem é digno

Notícias de última hora dão conta de que José Pacheco Pereira, Marques Mendes, Aníbal Cavaco Silva, militantes do PSD, e Diogo Freitas do Amaral, que não se sabe bem a que força ou área política está hoje, 8 de Outubro de 2004, ligado, depois de publicamente se terem associado a referências e insinuações tão gravosas para o Governo, no que respeita a acusações de censura a Marcelo Rebelo de Sousa, fazem questão de, por dignidade pessoal, de que não podem nem querem abdicar, em conferência de imprensa, conjunta ou separadamente – ignora-se ainda a forma concreta que escolherão – apresentarem todas as razões, todos os motivos e todos os fundamentos em que se estribaram para tal associação e para semelhantes declarações, designadamente relatando ao pormenor os factos de que têm conhecimento e que tão alarmados os deixaram.

Fazem-no também por entenderem que o devem ao País, precisamente pelas posições de relevo que ocuparam ou ocupam no aparelho do Estado, pelo que não podem - entendem - eximir-se ao cumprimento de um dever cívico absolutamente impostergável.

É com profunda ansiedade que o País inteiro aguarda os respectivos pronunciamentos, sendo certo que tão distintos políticos da nossa praça não deixarão de mostrar-se à altura da situação, como é de seu hábito, aliás.

Aguardemos, pois. Com angústia, mas também com serenidade. Sim, aguardemos. Sentados, de preferência.

133. A outra caravana

O affaire Marcelo Rebelo de Sousa tem tido, para além das consequências já aqui dilucidadas, uma outra com a qual o fazedor de cenários certamente não contou e que, a desenvolver-se até à concretização última, o levará ficar ad aeternum proscrito no Partido Social Democrata.

É ela a de ter metido na estrada uma outra caravana:
a dos ressabiamentos vários e dos engulhos diversos, que logo no caso lobrigaram uma excelente, talvez última, oportunidade para, engrossando-a a níveis de obesidade obscena, mórbida até, tentarem, em esforço hercúleo, obrigar Jorge Sampaio a corrigir o seu tremendo erro e a lavar a honra pela horrível ofensa cometida ao ter nomeado Santana Lopes como primeiro ministro.

E, agora, aí os vemos, mesmo os mais insuspeitáveis, em desafinado coro, tudo descobrindo, tudo fazendo, tudo dizendo, ainda que torcendo a realidade, mentindo até, para que o PR lhes faça o jeito, ou seja, dissolva a Assembleia enquanto pode e convoque eleições.

Tudo pelo pavor de que Santana Lopes possa chegar às legislativas de 2006 e lhes cause desgostos maiores. Chega a ser patológico um tal temor! Até porque o homem não é assim tão poderoso.

Neste coro entram também alguns dos tais idiotas úteis que, na ânsia sufocante de a todos os quadrantes agradarem, ao jeito de Guterres anos atrás, a todos acabam por irritar, com isso vindo a ser os principais, se não únicos, lesados.

Que proveito lhes faça!

Ruvasa
2004Out08

132. Marcelo Rebelo de Sousa e a estratégia...

… mas também a caravana da hipocrisia, os idiotas úteis e os macacos de imitação.

A cada semana que passava, a cada comentário expendido, mais se tornava evidente que um desfecho como o que se verificou aconteceria a qualquer momento. Porque tudo obedecia a uma estratégia pensada e delineada por Marcelo Rebelo de Sousa naquelas longas vigílias nocturnas, que ele próprio faz gala em publicitar, e posta em execução com maestria e habilidade cirúrgica, diga-se em abono da verdade, no púlpito que lhe foi oferecido quando o estrado político lhe faltou sob os pés. SEGUE

quarta-feira, outubro 06, 2004

131. Nocturno - "Voo cego a Nada"

Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos a valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
Dum par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une - é estar ausentes.

Reinaldo Ferreira
o Poeta

segunda-feira, outubro 04, 2004

130. E é possível governar "isto"?

Haverá ainda quem se recorde de que a pedra de toque do arranque para a caminhada que levou o PSD a perder as legislativas de 1995, foi uma célebre "teimosia" de Cavaco Silva em ter-se recusado a condescender em que terça-feira de carnaval tivesse sido feriado, com a alegação de que se tratava de um dia de trabalho perdido, que representaria milhões de contos de prejuízo para o País?

Barafustaram tutti quanti, com Carvalho da Silva, da CGTP, a encabeçar a festa. Chegaram mesmo ao ponto de gritar - mas com delicadeza, claro! - que o então PM era inimigo dos trabalhadores e um autoritário impossível de aturar.

Estávamos nisto quando, hoje, não é que fui topar com o mesmo Carvalho da Silva, com a mesma cara, só que uma década mais enrugada, da mesma CGTP, ela também mais enrugada, nas TVs, todas, honra lhes seja!, a invectivar o actual governo, por ter concedido tolerância de ponto para o dia de hoje, com isso prejudicando o País em milhões de euros?

E é possível governar "isto"?...

E é possível fazer oposição limpa e escorreita, capaz de se postar em frente do espelho, sem vergonhitas?

terça-feira, setembro 28, 2004

129. Late afternoon thought... ( xxxix )

Nunca julgues o trabalho de alguém
apenas pela simpatia ou antipatia que a pessoa te desperte.
Ruvasa

segunda-feira, setembro 27, 2004

128. Curioso, sem dúvida!

A poucas semanas das eleições americanas, John Edwards, o "segundo" - ou primeiro? - de Kerry, sentiu-se na obrigação de vir dizer ao eleitorado que, uma vez na Casa Branca, os Democratas não iriam dar tréguas ao terrorismo.

Curiosa uma tal afirmação, nesta altura. Muito curiosa mesmo, na verdade.

Quem é que teria posto tal intenção em crise? Ou o combate ao terrorismo já deixou de ser batata quente?

domingo, setembro 26, 2004

127. Late afternoon thought... (xxxviii )

A única forma de evitares críticas,
faças o que faças, é... nada fazeres!
Ruvasa

126. Começou hoje

O campeonato da Superliga (sempre que escrevo esta palavra sou assaltado por um enorme ataque de riso, nem sei porquê...) Portuguesa de Futebol, no que se refere ao meu Benfica começou hoje. Infelizmente. Até aqui tinha sido mera preparação.

Só que havia alguém, com responsabilidades técnicas lá dentro, que ainda não tinha percebido. Faço votos por que tenha percebido agora.

sábado, setembro 25, 2004

125. Fim de festa

Seguida a campanha, vista a votação, apurados os resultados, analisado o conjunto, tudo visto e ponderado, três conclusões imediatas há que retirar:

Sou um animal feroz. J. Sócrates
A partir de agora é preciso ter cuidados redobrados com o PS. Safa!

... há sempre alguém que resiste, / há sempre alguém que diz não... M. Alegre
Pois... Mas desta vez a resistência resistiu pouco e a questão agora é tentar descobrir quem é que ainda teve a coragem de dizer não.


Ninguém tem mais vontade de vencer o Sr. Lopes do que eu. J. Soares
Não custa a crer que assim seja. Tal como não custa a crer que o PS tenha sido assaltado por milhares de "santanetes", no exclusivo propósito de boicotar tão alto desígnio, pelo que, não votando neste candidato, não deixaram de o fazer nos outros.


124. Late afternoon thought... ( xxxvii )

Não é por ignorares a verdade
que ela deixa de o ser.
Ruvasa

123. Reflexão matinal... alheia ( 14 )

O diploma é o inimigo mortal da cultura.
Paul Valéry

sexta-feira, setembro 24, 2004

122. A sucessão do sucessor ( 1 )

Ficção política

Furioso com tudo e todos, vá-se lá saber porquê, Erro Só-dizes, o infeliz e contrariado sucessor de Antónimo Tu Erres na difícil tarefa de dirigir o Partido Surrealista, entrou de rompante pela sede nacional do partido e, subindo a três os degraus da escadaria principal, alcandorou-se ao piso superior e percorreu três corredores e sete umbrais de porta. Chegado ao seu gabinete de chefe supremo da surrealista gente, atirou-se para a respectiva cadeira, a já referida de chefe, atrás da secretária limpinha de papelada – sim, que Erro é pessoa que muito preza a arrumação – deu um suspiro para retomar o ritmo da respiração alterado pelo cansaço que lhe provocara a corrida desarvorada em que viera e gritou a pulmões plenos: SEGUE

quinta-feira, setembro 23, 2004

121. Late afternoon thought... ( xxxvi )

Se procuras a Verdade, serás um estudioso;
se a encontraste, não passas de um mentiroso.
Ruvasa

120. Textos d'ontem ( 10 )

Crónica de rádio – 28 Jan 1986

MISSÃO DE CRONISTA - Chegaram-me ecos de que a crónica da semana passada teria sido mal recebida por alguns membros da classe docente. É evidente que, ao aceitar subscrever crónica semanal, pautando-me exclusivamente por critérios pessoais (...), critérios esses apenas balizados pelo decoro e cuidados indispensáveis a quem fala pela rádio, e orientado pelo que me pareça ser de interesse público, aceitei implicitamente o risco de, em algumas oportunidades, agradar a uns e desagradar a outros e de, em outras, acontecer precisamente o inverso. E claro que descontei o de vir a acontecer que desagrade a todos. Mas isso já é outra história. SEGUE

119. Reflexão matinal... alheia ( 13 )

O que não nos mata torna-nos mais fortes.
F. Nietzsche

quarta-feira, setembro 22, 2004

118. Efeméride – "O começo do Outono"

Tem hoje início o Outono, estação do ano que precede o Inverno. Segundo os etimologistas, em sentido figurado, significa igualmente "decadência". Discordo. Não da etimologia, mas da prática de vida. Frontal e energicamente, muito embora eu próprio tenha transposto já o umbral da entrada que, tão convencionalmente como sem qualquer indispensável aggiornamento, nos leva ao ghetto dos já não capazes, sem préstimo, inúteis. SEGUE

117. Textos d'ontem ( 9 )

Crónica de rádio – 21 Jan 1986


O PAÍS DAS MARAVILHAS - Portugal é, sem dúvida, o “País das maravilhas”, como muito bem referia Vasco Pulido Valente numa secção que, sob aquele título, assinava no semanário “Expresso”, aqui há uns anos atrás. Não acredita? Então, preste atenção a uns extractos de uma notícia publicada no Correio da Manhã, de 19 do corrente, anteontem, portanto. Passo a citar: SEGUE

116. Reflexão matinal... alheia ( 12 )

Para ensinar há uma formalidade a cumprir: saber.
Eça de Queirós

terça-feira, setembro 21, 2004

115. Late afternoon thought... ( xxxv )

Quanto mais conheço o mundo,
mais humilde tendo a sentir-me.

Ruvasa

114. Textos d’ontem ( 8 )

Crónica de rádio – 14 Jan 1986

A SEGURANÇA NAS ESCOLAS - A segurança dos cidadãos deve constituir questão prioritária de quem governa, a nível local como nacional. Isto porque, sem ela, as pessoas vivem atemorizadas, receando o pior e até os níveis de produção de uma sociedade insegura se ressentem notoriamente. SEGUE

113. Reflexão matinal... alheia ( 11 )

Em maus caminhos raramente não há maus encontros.
Pe Manuel Bernardes

segunda-feira, setembro 20, 2004

112. A "hora negra" e a memória deficitária...

No blog “República Digital”, do sistema de blogs da Assembleia da República, publicou, hoje, o deputado socialista José Magalhães, um post, que intitulou “O populismo antiparlamentar ao ataque”. Faz, assim, coro com Vital Moreira que, no blog “Causa-Nossa”, sob o título “O caso da semana: a desconsideração da oposição”, se insurge contra a circunstância de o actual primeiro-ministro não ter comparecido à interpelação parlamentar promovida pelo Bloco de Esquerda. SEGUE

111. Late afternoon thought... ( xxxiv )

Desconfia de quem não te sorri
também com os olhos.
Ruvasa

110. Textos d’ontem ( 7 )

Crónica de rádio – 07 Jan 1986

O UNDÉCIMO - Olá, bom dia! Nós, portugueses, temos uma característica muito sui generis. Existe na nossa idiossincrasia uma certa capacidade auto-crítica que, não obstante por vezes revestir aspectos negativos, as mais das vezes resulta extremamente salutar, por actuar como válvula de escape de terríveis tensões, quantas vezes, frustrações não menos tremendas, quase sempre. SEGUE

109. Pôr-de-sol no autódromo

2003-0903 012.jpg Posted by Hello (c) 2003 Isabel Valle Santos - Click na imagem, para ampliar

Pôr-de-sol
junto do autódromo do Estoril
Portugal

108. A dignidade de uns e a indignidade de outros

"O atleta português Carlos Ferreira conquistou ontem a medalha de prata na prova de 10 000 metros dos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, ganha pelo queniano Henry Wanoyke. Na categoria T11 (cegos totais), Carlos Ferreira e o seu guia, Paulo Ramos, terminaram com o tempo de 33.17,30 minutos, enquanto o atleta queniano concluiu a prova com o tempo de 31.37,27. (…)
Na mesma final de Carlos Ferreira, correu também Ricardo Vale, que se classificou em 6.º lugar.
Na natação, Susana Barroso alcançou o 4.º lugar na final dos 100 metros livres S3, onde Perpétua Vaza chegou ao 7.º lugar.
Em destaque também Leila Marques, que ainda conseguiu bater o recorde nacional nas eliminatórias dos 100 metros mariposa S9, mas que acabou por ficar no 7.º lugar na final.
Maria João Morgado alcançou o penúltimo lugar nas eliminatórias dos 100 metros livres S5.
No atletismo, José Alves qualificou-se para a final dos 200 metros T13. (…)"
DNotícias

Uma vez mais se constata que as nossas TVs, principalmente a do Estado, não merecem a mais pequena das considerações de qualquer pessoa decente.

Massacraram-nos com horas e horas de transmissão de provas nos Jogos Olímpicos, grande parte das quais sem o mínimo interesse e em que até os atletas portugueses obtiveram performances bem pouco condizentes com arrogâncias a que fomos assistindo.

Os atletas paralímpicos começaram a sua odisseia e apresentam já resultados notáveis, extremamente prestigiosos para o país e… que fazem as TVs? Ignoram-nos. Pura e simplesmente, ignoram-nos.

Preferem passar programas de verdadeira indigência, como os de contadores de anedotas, velhas como Matusalém, e que antigamente - era ainda a escola risonha e franca - apenas nas tascas reles se contavam, por ser ali o seu habitat natural. Agora, não. São contadas em frente das câmaras, com gritos esparvoados, carantonhas de asilo de alienação e gestos que nem chegam a ser obscenos, por completamente desprovidos de tudo o que possa ser considerado socialmente aceitável. Perante plateias de alarvice. Isto para não falar em outras javardices que por essas pantallas se vão vendo...

Os Paralímpicos? Não interessam...

Miserável condição! A dos Paralímpicos? Evidentemente que não!

107. Reflexão matinal... alheia ( 10 )

A beleza é o acordo entre o conteúdo e a forma.
Ibsen

domingo, setembro 19, 2004

106. Late afternoon thought... ( xxxiii )

Não queiras agradar aos outros
sem primeiro agradares a ti próprio.
Falharás irremediavelmente.
Ruvasa

105. Textos d'ontem… ( 6 )

Crónica de rádio – 31 Dez 1985

O QUE ACABA E O QUE COMEÇA - Finalmente! Estamos no último dia de 1985. Finalmente! O último dia de um ano que poucas boas recordações deverá ter deixado nas pessoas. Foi, não restam dúvidas, um ano tremendamente difícil para todos. E nunca mais chegava ao fim. Chegou hoje. Haja Deus! SEGUE

104. Reflexão matinal... alheia ( 9 )

Sempre que ensinares, ensina a duvidarem do que estiveres ensinando.
Ortega y Gasset

sexta-feira, setembro 17, 2004

103. Reflexão matinal... alheia ( 8 )

Não há ser humano insignificante. Há apenas concepções insignificantes do ser humano.
Tenessee Williams

102. Textos d'ontem… ( 5 )

Crónica de rádio – 24 Dez 1985

O NATAL E A CRISE - 24 de Dezembro de 1985 – Véspera do dia de Natal. Um Natal que para uns será de fartura e alegria, reunião de família, para outros de faltas e amargura. Para todos, porém, Natal, com tudo quanto significa.Tendo conseguido o quase milagre de uma pequena pausa na agitação que constitui o meu quotidiano, dei, ontem à tarde, uma volta pela baixa de Setúbal.E, quer saber, caro ouvinte? Fiquei siderado! SEGUE

quinta-feira, setembro 16, 2004

101. Late afternoon thought... ( xxxii )

Entre quem me anuncia ter feito, mesmo com imperfeição,
e quem me diz ir fazer, não hesito, escolho o primeiro.
Ruvasa

100. Love in red

loveinred.jpg Posted by Hello (c) 2001 Ruvasa - Click na imagem, para ampliar

Love in red

99. Textos d'ontem... ( 4 )

Crónica de rádio – 17 Dez 1985

PARABÉNS, SETÚBAL! - A crónica de hoje quase poderia ser umas das habituais de Natal. A época é a própria, a disposição do cronista nesse sentido acentuada, estou em crer que o ouvinte não seria indiferente ao tema e o assunto de que seguidamente tratarei tem, ainda que possa não parecer, muito que o ligue à ideia que a generalidade das pessoas faz do Natal. SEGUE

98. Reflexão matinal... alheia ( 7 )

Estamos a caminhar para o socialismo,
sistema que só funciona no Céu, onde não precisam dele, e no Inferno, onde já existe.
Ronald Reagan

quarta-feira, setembro 15, 2004

97. Late afternoon thought... ( xxxi )

A vida é dádiva e retribuição.
Ninguém subsiste só dando ou só recebendo.
Ruvasa

96. Textos d'ontem… ( 3 )

Crónica de rádio – 10 Dez 1985

FERNANDO PESSOA E A GENTALHA- a grandeza e a miséria - Bom dia, caro ouvinte! Não sei qual terá sido a sua reacção ao assistir, na RTP do nosso descontentamento, ao programa dedicado a Fernando Pessoa, por ocasião da celebração do 50º aniversário da sua morte. Presumindo, todavia, que o ouvinte é português que preza os valores lusitanos e, assim, tem em bom apreço a obra pessoana e o seu autor, estou certo de que sofreu forte abalo. SEGUE

terça-feira, setembro 14, 2004

95. Agualusa e os escritores portugueses

Uma entrada no "Aviz", de FJ Viegas, chamou-me a atenção para uma entrevista de José Eduardo Agualusa, escritor angolano de raízes portuguesas e brasileiras, à revista brasileira “Época”:
(...)
Época - E os autores portugueses?

Agualusa - São todos terrivelmente melancólicos. Não há personagem de autor português que não se suicide no final. Os portugueses parecem alguns autores paulistas atuais, soturnos e pessimistas. E há aqueles que não escondem a nostalgia do império e inventam um herói, sempre português, que percorre a África e a América, em geral povoadas por coadjuvantes sem importância. Ultimamente, porém, tenho lido autores jovens - Francisco José Viegas e Pedro Rosa Mendes - que já conseguem olhar para as antigas colônias com olhos menos colonialistas. O maior escritor lusitano da atualidade chama-se António Lobo Antunes. Ele é difícil em sua linguagem cheia de metáforas, é mesmo exagerado e sombrio, mas, no meio de extensas zonas de sombra, encontram-se golpes luminosos. Só que há poucos portugueses com humor depois de Eça de Queirós.
Época - Por falar nisso, você não citou o Nobel José Saramago. O que você acha dele?

Agualusa - Ele pode ser um grande escritor. Memorial do Convento é um excelente romance. Mas não gosto dele. Saramago cultiva o niilismo. É um pessimista que não acredita na vida e seus livros são contaminados pelo desencanto. É difícil escrever quando se descrê completamente da vida. Um grande romance deve ser feito com raciocínio, mas também com paixão, as vísceras e o coração. Em seu último livro, Ensaio sobre a Lucidez, Saramago faz a defesa do voto em branco, o que é ridículo, pois ele se candidatou como deputado pelo Partido Comunista. José Saramago é vítima da própria descrença. É um velho.(...)

No que se refere à melancolia dos escritores portugueses, estou com Agualusa. Quanto ao resto, suicídio incluído, foi assim. Mas deixou de ser. Agualusa precisa de um aggiornamento. Comungo, porém, a ideia de que, depois de Eça, o humor fugiu da literatura cá do burgo. E boa falta faz.

Quanto ao que pensa de Saramago, uma vez mais de acordo. Na verdade, escrever sem nos riscos traçados deixar as vísceras não é escrever. É pensar sem paixão, contabilisticamente. A defesa do voto em branco? Simplesmente inefável!

Desagradam-me escritores incapazes de deixar marca de esperança nas suas obras. Como se entendessem que a escrita não deve ter por missão também o apontar de caminhos, rumos, confiança em melhores dias. Saramago é um deles. Mas está na moda o seu endeusamento. E, em literatura, como noutras actividades, as coisas funcionam muito por modas.

Há algumas que passam. Felizmente.

94. Late afternoon thought... ( xxx )

Pena é que a escravatura das aparências
termine tão tarde na vida.
Ruvasa

93. Textos d'ontem… ( 2 )

Crónica de rádio – 03 Dez 1985

TOLERÂNCIA - qualidade a não desprezar - O ritmo de vida da sociedade actual, para o qual decididamente não estávamos preparados, provoca-nos, quantas vezes, situações que, de modo nenhum, estariam nos nossos propósitos. SEGUE

92. Reflexão matinal... alheia ( 6 )

Não existe melhor exercício para o coração do que buscar os que estão em baixo para levantá-los
Homero

segunda-feira, setembro 13, 2004

91. Late afternoon thought... ( xxix )

Injusto é, por maior injustiça que sofra o nosso semelhante,
parecer-nos sempre mais injusta a que nos atinje.
Ruvasa

90. Textos d'ontem... ( 1 )

Crónica de rádio - 26 Nov 1985

PORTUGAL E OS PORTUGUESES - Olá, bom dia, caro ouvinte! Nesta primeira vez que estou em contacto consigo, através das antenas desta excelente estação de rádio, gostaria de sugerir-lhe que, em conjunto, reflectíssemos um pouco sobre Portugal e os Portugueses. SEGUE

89. Reflexão matinal... alheia ( 5 )

É absolutamente necessário convencer-se da existência de Deus;
mas não é igualmente necessário que se demonstre.
Kant

domingo, setembro 12, 2004

88. Nampula, a bela "macua"

np1.jpg Posted by Hello
NAMPULA
A bela "macua"
década 1960-1970

87. Late afternoon thought... ( xxviii )

Calar é a forma mais cobarde de mentir.
Ruvasa

sábado, setembro 11, 2004

86. O "Sampaio" que era deles...

Francisco José Viegas manifesta a sua perplexidade perante a estranha e recente unanimidade dos eleitores de Jorge Sampaio, desiludidos com o seu "presidente".

É no Blog Aviz, de sexta-feira, 10 de Setembro, ontem, portanto.

Vejamos a introdução:

SAMPAIO. Há, agora, uma estranha unanimidade sobre o final de mandato de Jorge Sampaio -- o que causa alguma perplexidade.

Se me é permitido, subscrevo na íntegra tudo quanto afirma FJ Viegas. É que também eu não consigo aquietar a minha perplexidade! É certo que, na opinião daqueles eleitores, o presidente era "seu". Mas...

Ora, vá ver in loco. Garanto-lhe que vale a pena.

sexta-feira, setembro 10, 2004

85. Late afternoon thought... ( xxvii )

Fere-te mais o que pensas do mal que te atinge
do que o próprio mal.
Ruvasa

84. Opinar sem alicerces

Há na sociedade portuguesa, pelo menos na faixa populacional que aproveita as oportunidades que se lhe deparam para em público expor ideias, uma nítida confusão, no que se refere ao tema terrorismo, sua significação e até causas e efeitos. SEGUE...

83. Reflexão matinal... alheia ( 4 )

A não violência é a arma dos fortes.
Gandhi

quinta-feira, setembro 09, 2004

82. Estamos mesmo em Portugal?

Do "Expresso" online
A Comissão de Inquérito concluiu que a Galp teve responsabilidades no acidente no terminal petrolífero de Leixões por não ter cumprido os procedimentos de segurança.

«Graves insuficiências e incúrias» (…)

(…) o plano de emergência era «confuso e difícil de entender».

O documento considera que os trabalhadores não conseguiram por isso avaliar cabalmente a situação e considera que «as falhas detectadas no caso deste acidente foram demasiadas e excessivamente graves».(…)

Tenho que confessar que, para mim, são duas enormes surpresas. A saber:

1 – Deu-se um acidente em 31 de Julho último e, passado que é menos de mês e meio – 40 dias mais precisamente! – o inquérito anunciado, como é de praxe, está feito e as conclusões publicitadas;

2 – Como se já não bastasse tal “despautério”, aí está a culpa posta em praça pública igualmente e com as razões que assistem ao julgamento.

Coitadinha da culpa!... Já não vai morrer celibatária?

O quê? Queriam mais? Calma! Roma e Pavia não se fizeram num dia! Demos tempo ao tempo.

Confesso mais: duas destas num só dia são dose para leão, quanto a mim. Não aguento tanta emoção!

Isto aconteceu mesmo em Portugal? Ai, sim?


Desculpem-me, mas vou ali fora, dar uma volta ao quarteirão, para ver se o coração acalma e a tensão arterial baixa um pouco.

81. Late afternoon thought... ( xxvi )

Tem sempre presente que a vingança
que arquitectas contra o teu inimigo,
pode atingir-te também.
Ruvasa

80. Reflexão matinal... alheia ( 3 )

O impossível reside nas mãos inertes dos que não tentam.
Epicuro

quarta-feira, setembro 08, 2004

79. Late afternoon thought... ( xxv )

Sê tolerante
mas não fraco.
Ruvasa

78. "O peso das meias verdades"

Sob o título “O peso das meias verdades”, Rui Rio, presidente da câmara municipal do Porto, publicou no JN um artigo de opinião em que “destapa“ aspectos pouco dignificantes de campanhas de maldizer e "bota abaixo" que por aí andam, aos trambolhões, disfarçadas de jornalismo. E o pior é que tais campanhas e tais disfarces se acoitam em jornais que, à primeira vista, pareceriam absolutamente insuspeitos. Neste caso, o “Público”.

É claro que com engajamentos da CS e comissários políticos travestidos de jornalistas deparamos diariamente e o facto nem causa já demasiada indignação. Infelizmente.

No entanto, alguns órgãos de informação há que sempre temos considerado um pouco mais recatados e credíveis, isentos, enfim! Parece, no entanto, que o equívoco é apenas nosso. Será mesmo?

Para melhor se aquilatar, aqui fica uma pequena transcrição do artigo.

(...) "Assessor de Rio ganha mais do que Sampaio" foi a falsa ideia que se procurou dizer muitas vezes, para que, por via dessa insistência, a mentira conseguisse alcançar o estatuto de verdade. O assessor não é assessor, é o chefe de Gabinete que todos os governantes e todos os presidentes de Câmara têm, e não ganha mais do que Sampaio; ganha menos. Mais: aceitou perder uma fatia substancial do seu vencimento de origem, uma vez que - e apesar de não ser legalmente necessário - lhe propus, justamente, o limite de 75% do salário do presidente da República que é o plafond que a lei impõe para outras situações que não a sua. (...)

Para quem pretender aprofundar mais o assunto, aqui fica o link.

terça-feira, setembro 07, 2004

77. Late afternoon thought... ( xxiv )

Se estás seguro da tua razão,
ouve as críticas mas que não te influenciem.
Ruvasa

segunda-feira, setembro 06, 2004

sábado, setembro 04, 2004

75. Ludere me putas?

Ludere me putas?
Esta a designação do meu novo blog.
Crês mesmo que nele estarei apenas a gracejar, a brincar?
Credi, non ludo!
Não o creias.Não se trata de simples gracejo, mais ou menos inconsequente.
Na verdade, personagens ridículos protagonizando cenas grotescas o que são? Meras caricaturas, não?
E sempre é verdade que o ridículo mata? Se assim é, como deve ser, matemo-los, então. Pelo riso.

74. Reflexão matinal... alheia ( 2 )

Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus.
(…)
Agostinho da Silva

sexta-feira, setembro 03, 2004

73. Late afternoon thought... ( xxii )

Expõe as tuas ideias com mansidão,
que serás ouvido mais longe.
Ruvasa

72. …quem ia a matar ficará morto.

Todo o ambiente é favorável ao forte; de um modo ou de outro ele o ajuda a cumprir a missão que se impôs e a conseguir ir porventura mais além das barreiras marcadas. A derrota deve mais atribuir-se à invalidez do impulso interior do que aos obstáculos que lhe ponham diante, mais à alma incapaz de se bater com vigor e tenazmente do que às resistências, às invejas e às dificuldades que o mundo possa levantar perante Hércules que luta.
O mal que se vê é aguilhão para o bem que se deseja; e mais duro, quanto mais agressivo, se bate em peito de aço, tanto mais valioso auxiliar num caminho de progresso; o querer se apura, a visão do futuro nos surge mais intensa a cada golpe novo; o contentamento e a mansa quietude são estufa para homens; por aí se habituam a ser escravos de outros homens, ou da cega natureza; e eu quero a terra povoada dos rijos corações que seguem os calmos pensamentos e a mais nada se curvam.
Mais custa quebrar rocha do que escavar a terra; mais sólido, porém, o edifício que nela se firmou. A grandeza da obra é quase sempre devida à dificuldade que se encontra nos meios a empregar, à indiferença que cerra os ouvidos do povo, e aos mil braços que logo se levantam para deter o arquitecto. Se cai sem batalha, pobre dele, podemos lamentá-lo; não o chamara o Senhor para as grandes empresas; mas se pelos menos a voz se lhe erguer clara, firme, heróica no meio do turbilhão, não foram inúteis as dores e os esforços; algum dia um novo mundo se erguerá das brumas e o terá como profeta.
Quem ia perturbar ficará perturbado, quem ia a matar ficará morto. Não é com os mesquinhos artifícios, nem com o desprezo nem com a mentira, nem pelo cansaço nem pela opressão, nem pela miséria que se vencem os que pensaram o futuro e, amorosamente, com cuidados de artista, continuamente, com firmeza de atleta, o vão erguendo pedra a pedra. É necessário que se resista enquanto houver um fôlego de vida, mas que essa resistência seja sobretudo o contacto com a realidade da força criadora; é esta que afinal tudo leva de vencida e reduz oposições a pó inútil e ligeiro.
Agostinho da Silva, "Em louvor do contrário" in “Ir à Índia sem abandonar Portugal”.

71. In blue

ph28665493.jpg Posted by Hello (c) 2001 Ruvasa - Click na imagem, para ampliar

"In Blue"

70. Nótula de pouca modéstia...

No âmbito de uma série que vem publicando, Ricardo Vares Ribeiro, no seu blog "Filho do 25 de Abril", deu publicidade a uma apreciação crítica que faz a este espaço, sob o título Janelas para outras opiniões (3) - O Sítio do Ruvasa.

Imerecidas, é certo, as palavras aí ficam, ao alcance de todos, através do adequado link.

A imodéstia reconhecida no título acima, porém, não pode impedir-me de prevenir, desde já, que o Ricardo, que não conheço mas sei ser boa gente, tem alguma tendência para o exagero. Fica feito o aviso.

quinta-feira, setembro 02, 2004

69. Late afternoon thought... ( xxi )

Não tentes vestir personalidade alheia,
porque só a tua te serve.
Ruvasa

68. O esplendor da vida!

ph93178425.jpg Posted by Hello Set2003 (c) Isabel Valle Santos - Click na foto, para ampliar

Cancún, México
A chegada de um novo dia.

67. Reflexão matinal... alheia ( 1 )

O homem é um grande idiota, pelo menos durante cinco minutos por dia.
A habilidade consiste em não exceder esse limite.
Elbert Hubbard

quarta-feira, setembro 01, 2004

66. Late afternoon thought... ( xx )

Perante o inevitável,
sensato é aceitá-lo.
Ruvasa

65. O Atlântico a seus pés

2003_1228 003.jpg Posted by Hello 2003 Ruvasa - Click na foto, para ampliar

Cabo Espichel, Portugal

Pôr-de-sol em Dezembro.

terça-feira, agosto 31, 2004

64. Late afternoon thought... ( xix )

Esquece as preocupações de ontem
e não antecipes as de amanhã.
Bastam-te as de hoje.
Ruvasa

63. “O Barco do Aborto”

Talvez um tanto oportunisticamente, sirvo-me do rocambolesco episódio do “Barco do Aborto” (que diabo de ápodo!), não para falar do ridículo evento, em que uns se mostram capazes dos mais estranhos e inusitados recursos e artimanhas, legais ou não, ou mesmo, pior ainda, legítimos ou não, para, preferentemente em alta grita, fazerem vingar as suas teses, que dogmaticamente consideram verdade única, e outros usam de poderes de que conjunturalmente estarão investidos para, com evidente inabilidade – política, mas não apenas política – darem aos adversários projecção e visibilidade que, por si sós, efectivamente não teriam, sem aquela involuntária mãozinha de circunstância.

Enfim!

O que me preocupa, porém, não é o fait-divers, ele mesmo, porque esse terá o inevitável destino de todos os faits-divers deste mundo: dura o tempo que dura um fogacho na baixa atmosfera e logo tem como destino o contentor do lixo do esquecimento, a relevância nenhuma, na primeira esquina da vida que lhes surja pela frente.

O que efectivamente se constitui em preocupação que me causa grave incómodo é o fundo da questão! O real problema do aborto e suas envolventes, vistos não à luz de princípios mais ou menos espúrios e apenas adequados ao interesse circunstancial de uns quantos, apoiantes ou opositores, mas à da efectiva realidade dos princípios e direitos humanos, individualmente considerados.

Aqui chegados, imperioso é que confesse que permanentemente sou assaltado por imensas e muito inquietantes dúvidas. Que nem sequer para consumo interior consigo esclarecer. E debato-me perante equações irresolvidas, que antevejo mesmo irresolúveis.

Fixo-me apenas em poucas certezas. A saber:

* Toda e qualquer vida humana é inviolável. Sem mais adjectivação e sem qualquer adversativa.


* Os direitos de um ser humano vivo, qualquer que ele seja, têm limite apenas na colisão com os do seu semelhante.

* Confrontando-se direitos de igual valia, terá que prevalecer sempre o do interessado que, colocado perante a sua postergação, maior e mais injusto dano sofrerá.

* Perante ainda a mesma confrontação de direitos, é dever inafastável de todos a protecção dos direitos do mais indefeso, do que de menos condições dispõe para lhes conferir valimento adequado e suficiente.

Não fora assim e estaríamos de regresso à selva. De onde viemos há milhões de anos, é preciso ter bem presente. A cada passo.

É que, por vezes, confundimos o acessório com o essencial. E o essencial é – sempre e cada vez mais – a vida. E a sua preservação.

62. Bush or Kerry? "Yankee" suffers!...

Depois de tanto proselitismo, tanto marketing em tudo quanto é areópago de condicionamento da opinião pública, nos States e fora deles, reunidos tantos recursos, humanos e materiais, e utilizados em prol da candidatura de John Kerry à presidência dos USA, depois mesmo de os barómetros de opinião darem ao candidato Democrata um favoritismo que se proclamava imbatível, eis senão quando, subitamente, ele e Bush estão com possibilidades absolutamente iguais (48% para cada) de vencerem as eleições de Novembro. Mesmo antes da realização da Convenção Republicana.

Há que confessar alguma surpresa. O que era dado já como adquirido e irreversível, tem estado a reverter de forma surpreendente.

Desta constatação se retira que ou tudo não passou de canhestra intoxicação da opinião pública, nos termos a que por cá vamos assistindo também, sempre que se aproximam actos eleitorais, ou, então, a partir do momento em que as coisas começaram a ter que se clarificar, obrigando o candidato pré-vencedor a mostrar-se mais – consequentemente a expor de forma iniludível as suas evidentes insuficiências que, ou muito se aproximam das bem conhecidas do adversário ou, quando menos, em grande medida as atenuam por comparação – o cenário foi mudando até que, no momento, o empate é o resultado quiçá mais justo. Por nenhum merecer a vitória.

Por tudo quanto tem sido possível observar através de variadas fontes informativas consultadas, a ideia que fica é a de que, se Bush, ao longo do presente mandato, descontadas as graves dificuldades com que se defrontou, que nenhum seu antecessor recente sofreu, tem revelado um inusitado rol de inabilidades, gaffes monumentais e inadmissíveis e até incapacidades de ordem política – e parece que nem só –, uma vez Kerry na Sala Oval, as coisas não apresentariam melhorias significativas, se é que não tenderiam a agravar-se.

Esta a percepção – que se admite errónea – perante tudo quanto se tem visto, lido e ouvido. Trata-se, pois e aqui, de simples conjectura, análise, subjectiva como todas.

O que já não se afigura mera hipótese académica, mas certeza inafastável é que nem um nem outro serão o presidente de que os USA e o Mundo necessitam.

Disso, porém, já não se pode cuidar aqui. Terão que ser os americanos a ajuizar e a tomar a decisão que muito repercutirá no seu futuro. Também no do resto do Mundo, claro, mas eles podem agir de forma a que as coisas se encaminhem num sentido ou no outro, enquanto que os não americanos não dispõem dessa faculdade.

Eleitor yankee, eu anularia o voto. Sem remissão.

Uma vez na câmara, não resistiria, como em Portugal não resisti já, a votar nulo, inutilizando o boletim com a aposição de quadra mais ou menos poética, mais ou menos brejeira, embora não lesiva de olhos e ouvidos sensíveis, redentora, isso sim, de tensões emocionais produzidas por insatisfação, rejeição e até mesmo… impotência.

segunda-feira, agosto 30, 2004

61. Late afternoon thought... ( xviii )

Dá o teu máximo e terás cumprido o que te é exigível.
Ruvasa

60. A cobardia compensa?

(…) Dans une interview également accordée dimanche au Monde ainsi qu'aux correspondants de plusieurs journaux étrangers, dont le Washington Post, le Sunday Times et le Corriere de la Sera, le Premier ministre irakien, Iyad Aalloui, estime que "la France ne sera pas épargnée" par le terrorisme.
"Les gouvernements qui décident de rester sur la défensive seront les prochaines cibles des terroristes. Les attentats se produiront à Paris, à Nice, à Cannes ou à San Francisco", affirme-t-il.
"Les Français, ainsi que tous les pays démocratiques, ne peuvent pas se contenter d'adopter une position passive. Les Américains, les Britanniques et les autres nations qui se battent en Irak ne se battent pas seulement pour protéger les Irakiens, ils se battent aussi pour protéger leur propre pays", souligne Iyad Allaoui.
"Laissez-moi vous dire que les Français, malgré tout le bruit qu'ils font - 'nous ne voulons pas la guerre' - auront bientôt à combattre les terroristes", ajoute-t-il.

"France Soir" Online – 2004Agosto30



A França está consternada pelo sequestro de dois cidadãos de um país que sempre se opôs à guerra no Iraque.
A imprensa francesa dá conta de que o Estado está mobilizado para convencer os sequestradores a libertar os dois jornalistas, desaparecidos no Iraque a 20 de Agosto. Esta manhã, o ministro francês dos Negócios Estrangeios está já no Cairo (Egipto) - primeira paragem da missão ao Médio Oriente para explicar "os valores da igualdade, liberdade e fraternidade" que a França aplica a todos os cidadãos, informa Michel Barnier. (...)
"SIC" Online 2004Ago30

* * *

É isso. A questão que se põe é saber se a cobardia compensa. É certo que não. E o wise-guyism também não parece muito rendível.

Na minha terra é costume dizer-se que "a quem muito se baixa, muito se vê o olho traseiro!"
É assim desde que o Mundo é Mundo, acrescentam.

Por outro lado, a partir do dia em que Sara, por causa de Isaac, obrigou Abraham a exilar Agar e Ismail, que Deus protegeu para que fundasse uma nova tribo, um novo Povo... há ódios inultrapassados, quiçá jamais ultrapassáveis.

Quando se trata de fundamentalismos, fanatismos e outros ismos...

Depois, há quem ignore a História. Ou dela se esqueça. Ou pense que os inimigos dela se esquecem. Ora, sabe-se que a História é um movimento de perpétuos fluxo e refluxo. E há memórias que são verdadeiras fixações.


O pior é que quem sofre é quem não decide.

Ao menos, que lhes demos a nossa solidariedade. Também as nossas orações. As minhas têm-nas. Mas não chegam.

sexta-feira, agosto 27, 2004

59. Late afternoon thought... ( xvii )

Por mais insignificante que seja o teu máximo,
vale tanto como outro qualquer.
Ruvasa

58. Tróia in the mist

2004Ago11_010.jpg Posted by Hello Foto de Ruvasa, em 11Ago2004 - Click na foto para ampliar

Tróia, Setúbal, Portugal

Vista do alto da bela Arrábida, a não menos bela Tróia parece espreitar por entre a neblina.

quinta-feira, agosto 26, 2004

57. Late afternoon thought... ( xvi )

Não permitas que alguém confunda
a tua tolerância com mera indiferença.
Ruvasa

56. Questão de educação cívica

Mas a falta de senso comum e postura adequada perante a vida e a sociedade não se verificou apenas no decurso da prova. Também nas declarações posteriores. Como, aliás, vem sendo hábito. E não somente dele. Disso, porém, se falará em outra oportunidade.

Assim terminei o post anterior ("56. Estatura mental, precisa-se!", de ontem), relativo ao desempenho do atleta Rui Silva na final olímpica dos 1.500 metros, em que “apenas” obteve a medalha de bronze, por, em minha opinião, errar persistentemente na táctica que adopta em cada prestação a que é chamado, sem que se aperceba do erro ou para ele seja advertido.

Pois bem, chegou a oportunidade. Retomemos, pois, o tema.

Totalmente satisfeito com o resultado conseguido e nem em mais estando interessado (arrogantemente chegou a vangloriar-se de aquela ser a sua táctica e ou corre assim ou não corre. “Se der, dá; se não der, não dá”; à tirada apenas terá faltado o tão habitual quão simpático “prontos!”…), logo tratou de aproveitar o ensejo e a câmara ali à frente para “bojardar”, desancando não se sabe quem ou o quê (e será que ele próprio sabia?...) proferindo os habituais mimos, como sejam “isto é uma bofetada com luva…” ou “…eram muitos que estavam contra…”, e outras maravilhas que tal.

O mínimo que legitimamente se lhe requeria era que, uma vez atirando aquelas pérolas de retórica para o éter, para causar efeito que se desconhece qual deveria ter sido, ao menos que tivesse tido a frontalidade de “chamar os bois pelos nomes”. Mas qual quê!?! Uma vez mais – não será a última, decerto – ficou-se por generalidades inconsequentes de altíssima zanga sem… destinatário!

Quer isto dizer que, num momento que, no seu ponto de vista, era de felicidade pura, Rui Silva não resistiu a preterir o doce mel ao amargo fel que lhe corrói as entranhas! Que tanto mal lhe teriam feito, meu Deus!... Que tanto mal!...

Por mais voltas que demos à cabeça, não nos é possível apreender a razão de uma tal postura de zanga, de incompreensão social das coisas, de total impreparação pessoal que leva um atleta, em momento de glória, a malbaratar, seja lá qual for o pretexto, esse momento de alegria e felicidade sem par, em favor de um outro de rancor e ódio mesquinhos.

Suprema infelicidade, vergonha sem igual!

O pior, todavia, é que Rui Silva não constituiu nem constitui caso isolado. Tristes atitudes destas são mais do que comuns nos nossos atletas. Não me lembro de competição alguma em que estejam presentes, que não tenhamos, no fim, nós também, um presentinho de ranger de dentes odiento, em que se manifestam, urbi et orbe, deficiente estruturação mental, completa desarrumação emocional, ausência de maneiras, enfim!

Deste modo, com toda esta impreparação – as performances atléticas não dispensam preparação psíquica e emocional, como qualquer cidadão de senso comum bem sabe – como pode pretender-se que regularmente bons resultados se obtenham? É impossível!

Se perdem, os nossos atletas jamais o fazem por incapacidade própria. Sempre por culpa alheia. O último episódio de uma saga de ridículos eventos é o que teve lugar há dias, a propósito de umas sapatilhas de treino rotas… Imagine-se!

Se ganham, ó tristeza das tristezas, nunca o fazem por si sós, pelo prazer de competir, pela alegria indizível de vencer obstáculos, de superar-se, de elevar o seu esforço ao zénite onde se recolhem os louros da glória mais bela que alguém pode ter. Não, os nossos atletas são diferentes dos restantes. Quando vencem, não se limitam a vencer simplesmente. Fazem-no sempre – sempre, caros senhores!... – contra! Contra alguém, contra algo, contra “tudo e todos”! Tudo e todos que jamais alguém consegue saber o que é, quem são. Porque não os referem. E não referem, muito simplesmente porque… apenas existem em mentes delirantes de segura paranóia.

Este comportamento ridículo e anti-social não era próprio dos portugueses. Na verdade, não éramos isto que vamos vendo. Mas… nisto estamos transformados.

Sim, “estamos”. Porque o que fica dito não é – infelizmente não é – aplicável tão somente aos atletas. Eles, aliás, não sendo cidadãos desinseridos da sociedade envolvente, mais não fazem do que reflecti-la. Constituem, pois, apenas uma parcela bem ilustrativa e extremamente visível de um todo que somos, como “estamos”.

Assim sendo, porque a infeliz realidade é que o é, resta tentar perceber o que a este status quo nos conduziu e a razão de assim ter acontecido.

Décadas de relativo isolamento, com o consequente desfasamento do modus operandi dos outros povos? Ou pecha que já vem do antecedente? Liberdade mal digerida e acquis de democracia deficientemente assimilado?

E sabê-lo? Mas interessa muito estudar o efeito, começando por compreender as causas.

Uma coisa é certa: estamos um povo extremamente reivindicativo dos direitos que lhe são devidos. Felizmente. Mas estamos, quomodo, extraordinariamente alheados dos deveres que, em sã correspondência, nos cabem e devemos respeitar. Infelizmente.

Tudo isto resulta, afinal, numa grande ausência de noção das realidades sociais e inerentes responsabilidades de cada um de per si e de todos em geral, e enorme falta de educação, a nível familiar e escolar.


É isso! A nossa educação cívica é simplesmente deplorável!

55. Duas artes: a natural e a trabalhada.

DSC00025.jpg Posted by Hello Click na foto para ampliar

Lagoa das Sete Cidades, S. Miguel, Açores, Portugal

A espectacular beleza açoriana aliada à arte de um bom amigo, JOSÉ VIEIRA, angolano de nascimento, continental de origem, madeirense de opção e açoriano de passagem.

quarta-feira, agosto 25, 2004

54. Estatura mental, precisa-se!

O atleta Rui Silva, que ontem, em Atenas, conquistou a medalha de bronze na prova dos 1.500 metros, é bem lídimo representante de uma certa mentalidade desorganizada, pacóvia, provinciana até à tacanhez, resmungona, odienta e odiosa que muito apreciaríamos que os portugueses abandonassem de uma vez por todas, dado que nos menoriza e deslustra como Povo.

Embora TVs, rádios e jornais de hoje embandeirem em arco, incensando a “proeza” do meio fundista, a verdade é que o lugar conseguido vem provar à evidência uma terrível pecha dos nossos atletas, a qual é bem nossa característica. Contentamo-nos com o menos, mesmo quando temos a obrigação de alcançar o mais. Isto é, à alegação de que, pelo que se viu, ele tinha obrigação de ter ido mais longe, responde-se desta forma lapidar: "Foi muito bom ter alcançado o bronze! Vá lá, vá lá… que podia ter sido pior, ou seja, nada ter conseguido". A diferença entre reais vencedores e os tristes vencidos da vida está exactamente aqui. Ficar-se “contentinho da silva” por se ter obtido o mínimo, ainda que se demonstre à saciedade que havia condições para se ter alcançado o máximo, com até menor esforço. Tudo, por falta de adequada estruturação mental.

Na verdade, satisfazemo-nos com muito pouco e ainda ficamos agradecidos por não ter sido pior. Nada há de mais destrutivo de um salutar orgulho nacional do que esta postura de pequenez.

Tão deprimente atitude mental impede-nos mesmo de criticamente nos analisarmos e aos nossos “feitos”, no sentido de, a cada momento, a cada performance, se determinar se o que se conseguiu foi o possível, a nada mais se podendo aspirar ou se, pelo contrário, poderíamos e deveríamos ter pretendido outras metas, outros objectivos, outras realizações. E, sendo este o caso, tirarmos as necessárias conclusões para que possamos corrigir o que fizemos mal, evitando, assim, que, em oportunidades futuras, caiamos no mesmo erro segunda vez… e terceira… e quarta… assim sucessivamente, ad aeternum!

O caso de Rui Silva, ontem, é, antes de mais, um falhanço clamoroso, por falta de ambição, por ausência de saber agarrar o momento, com todas as circunstâncias envolventes, com todas as consequências dele e da nossa opção resultantes. Como, aliás, tantas e tantas vezes tem acontecido e certamente continuará a acontecer, até que nos livremos deste trauma que nos enfraquece, individual e colectivamente, nos menoriza, de forma talvez injusta para alguns de nós.

O atleta convenceu-se – ou algum incapaz o convenceu – de que a boa táctica é correr sempre no final do pelotão, aí a uns bons 20 a 25 metros da frente, quanto mais afastado dos primeiros lugares melhor. E a “ideia” está-lhe tão entranhada que, por muitos falhanços que tenha tido já e venha ainda a ter, nada há que o demova daquele autêntico disparate daquele nonsense de pacotilha. Imagine-se que, no fim, chegou a “vangloriar-se” de que aquela é a táctica dele e ou corre assim ou não corre. “Se der, dá; se não der, não dá”.

E não há ninguém que seja capaz de lhe dizer na cara que aquilo não é táctica nenhuma; que não passa, apenas e tão somente, de real “cagaço” de assumir as responsabilidades que lhe cabem. Ou seja, procedendo como procede, intui ele – talvez até inconscientemente - que tem sempre ali à mão álibi para o caso de as coisas correrem mal. E desse álibi, aliás, se tem servido amiúde, como é bem sabido. Julga ele que, desse modo, pode justificar-se sempre com o facto de não lhe ter sido possível obter outros resultados, por ter saído muito detrás… Ora, aquele mundo do atletismo, tal como qualquer outro mundo em que a actividade humana se exerça, não é para medrosos coleccionadores de álibis, sempre em busca de desculpas de mau pagador. Pelo contrário, é para gente que sabe estar no seu lugar, assumir-se como tal e agir em conformidade. Infelizmente, Rui Silva e muitos outros dos nossos atletas não sabem. Os ruis silvas do nosso descontentamento são imensos e bem conhecidos. Salvam-se as poucas e muito honrosas excepções que dão pelo nome de Rosa e Carlos.

Como de há muito vem dizendo um lúcido amigo meu, que muito prezo, este é um verdadeiro problema cultural da nossa sociedade, de que muito dificilmente nos livraremos enquanto uma determinada geração de derrotistas profissionais, que por aí pululam, com púlpitos erigidos até em telejornais televisivos, persistir em nos “orientar”. Há que não perder a esperança em melhores dias, dias de maioridade intelectual, de postura social pelo menos não tão menorizada.

Antes de – no sentido de “mais do que” – treino físico, os nossos atletas precisam que os seus orientadores lhes treinem a psique, limpando-lhes as imensas teias de aranha mentais que os impedem de se colocarem ao nível dos adversários externos e então começarem a competir em pé de igualdade, inter pares. É preciso que alguém lhes diga, repetida e incessantemente, até que o interiorizem, que vencer requer capacidade de sofrimento a todos os níveis e… mente limpa e arejada.

Quem ontem assistiu à prova de Rui Silva e não se deslumbrar perante o mínimo fogo fátuo com que depara, não deixando, com toda a certeza, de se congratular e de o congratular pelo feito, não deixará, de igual modo, de ter ficado com uma sensação de falta, insuficiência, incapacidade psíquica, imaturidade numa palavra. A prova que realizou, para lá de ter constituído um hino às suas potencialidades físicas, foi, de igual forma, uma perfeita demonstração de deficiente preparação mental.

Ficou provado, se é que tal ainda era necessário, que Rui Silva não tem sido e continuará a não ser um atleta de altíssimo gabarito mundial, apenas por inadequação mental às circunstâncias que, a cada momento, se lhe deparam. Ele, pois – ou quem o orienta – errou em toda a linha de pensamento táctico. Valeu-lhe a sua capacidade física. Tão somente isto. Tão simples como isto. Assim se perdem medalhas de ouro e de prata em Olimpíadas. Assim se perdem outras oportunidades únicas, em outros tantos ramos de actividade.

E o que é mais grave é que não se trata de mero acaso, deslize momentâneo. Não. Longe disso! Muito pelo contrário, tudo é fruto de uma postura errada perante a vida, que é suposto os “orientadores” corrigirem, mas que não corrigem e, infelizmente, tantas e tantas vezes agravam.
Rui Silva – todos os “ruis silvas” deste nosso Portugal – precisa de compreender que não tem o direito de malbaratar os dons com que a Natureza o dotou por falta de “cabecinha”. Dele próprio ou de quem o orienta.

Mas a falta de senso comum e postura adequada perante a vida e a sociedade não se verificou apenas no decurso da prova. Também nas declarações posteriores. Como, aliás, vem sendo hábito. E não somente dele. Disso, porém, se falará em outra oportunidade.