terça-feira, outubro 12, 2004

140. O comentador do "mardi gras"

Miguel de Sousa Tavares, também conhecido por MST, comentador da TVI, à terça feira, e o tal que se iria embora da estação de Queluz de Baixo, copiando Marcelo, acaba de, em conversa de alto nível, como sempre, com Manuela Moura Guedes, no Jornal Nacional, declarar, urbi et orbe, que, a partir de conversas que terá mantido com Paes do Amaral e José Eduardo Moniz, terá ficado com a impressão de que o governo pressionou a saída de Marcelo.

Anote-se, por favor, sem falta:
- Fiquei com a impressão de que...!

Ora, aí está! Acaba de nascer mais um humorista. Este, de terça feira...

Não satisfeito, porém, com esta verdadeira masterpiece do impressionismo, capaz mesmo de, de uma assentada, esverdear de invídia Renoir, Manet e Degas, logo acrescentou que não seguira as pisadas do ex-futuro-guru, por duas razões que ali de imediato esparramou:

1. Marcelo não se teria conduzido à altura da situação, uma vez que se mostrara incapaz de fornecer explicações que se impunham e que constituíam seu dever;

2. Se ele, Miguel de Sousa Tavares, se fosse embora da TVI, o Governo deixaria de ali ser criticado. (Assim a modos de um Louis XIV de vigésima quinta hora: après moi, le déluge... Ataca muito certas mentes este sintoma!).

A partir destas premissas realiza-se que:

1. Miguel de Sousa Tavares está de cama e pucarinho (salvo seja!) com Mário Soares. Também ele, pelos vistos, se terá apercebido da cobardia de Marcelo de que Soares falou abertamente, sem disfarces, na SIC. (Os ataques e as pressões a que Marcelo se sujeitou já, ainda a procissão vai no adro!... E, surprise!, ataques e pressões que não vêm do Governo…)

2. Miguel Sousa Tavares, o “comentador” da terça feira, senta-se ali, junto de Moura Guedes, não para comentar ou fazer análise, mas sim, como publicamente reconheceu o próprio, para atacar o Governo.


Estamos, pois, a partir de agora, autorizados a considerar que o faz no âmbito de uma acção de autêntico proselitismo político e sem passar por qualquer escrutínio democrático. Abusivamente, como se constata, portanto. Aliás, como tantos comissários políticos disfarçados de jornalistas ou comentadores ou analistas ou lá o que se intitulam, que na Comunicação Social infiltrados abundam et nocent.

Não restam dúvidas. Miguel Sousa Tavares está na mesma. Só que mais velho… cronologicamente falando.

2 comentários:

Ricardo disse...

Caro Ruben,

A situação política que se vive actualmente é surrealista e diria mesmo tenebrosa.

MST tem um comportamento pouco lógico, como fizeste questão de frisar. Eu não ouvi a declaração mas tomando como boas as tuas palavras (e não tenho razões para não o fazer) coerência não foi o forte de MST. Ou saia ou ao ficar nunca por essas razões.

Fica bem,
Ricardo

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Claro que é. E o pior é que nem se sabe a quem recorrer. Porque, se de um lado chove, do outro troveja…

Quanto ao comportamento de MST, não me surpreende. Ele sempre actuou assim. Há dias em que está melhor, se apresenta mais desanuviado, digamos assim, perante as câmaras, e outros em que se mostra muito congestionado. Espero, sinceramente espero, que não seja maleita grave. Não deve ser. Ele é assim há tanto tempo!...

Mudando de assunto:

Tens visto os múltiplos encontros diários que a CS tem tido com Marcelo Rebelo de Sousa?

Se tens estado com atenção, certamente que terás percebido o “estouvamento feliz”, o “encantamento deslumbrado” em que anda o comentador-notador. O homem não consegue disfarçar a satisfação em que vive estes dias, o supremo gozo de constatar que tem as luzes da ribalta todas a correr atrás de si. Anda com um ar assim a modos de quem diz:

- Sou o maior da paróquia e arredores, está mais do que visto. Então não é que – mesmo que sendo já sobejamente conhecido - consegui uma vez meter estes tipos todos a girar sobre si mesmo, às voltas, como baratas tontas? Que hei-de fazer? Quando se é intelectualmente avançado!...

Conseguiu o que queria: o seu facto político. Claro que, nestas coisas, há sempre algo que não corre como o previsto, mas há que saber viver com isso.

E vamos lá a ver: o que não correu de acordo com o planeado?

A prosaica circunstância de Mário Soares atravessar fase da vida em que a língua desliza à mínima ensalivadela e logo se dissocia da cavidade em que por norma se acolhe, provocando no utente que diga coisas que, em fase mais atrasada da vida jamais seria capaz de dizer, até por questão de conveniência social mínima. Assim, não esteve com meias medidas e, tendo-se mantido calado durante uns dias, o que até causou alguma estupefacção a alguns observadores ávidos de sangue, logo na primeira aparição, se bem que gravada, não esteve com mais aquelas e veio apontar aquilo que entenderá ser a habitual falta de coragem (leia-se cobardia) de Marcelo Rebelo de Sousa.

Ossos do ofício de cenarista satânico…

Abraço
Ruben