segunda-feira, setembro 04, 2006

748. O Estado português mentiroso. Ou aldrabão?


Determinado cidadão contribuinte fiscal, prenhe de boa fé, apresentou a sua declaração de IRS relativa ao ano de 2005.

Recebeu da DGCI, através de consulta online, a informação de que a declaração fora aceite em 21 de Abril de 2006, como se vê do documento que segue, no qual se consigna que o reembolso será emitido até 31 de Agosto de 2006 (deve esclarecer-se que, semelhantemente ao que sempre aconteceu, quando a DGCI diz que será emitido até determinada data, o significado é que, nos casos online, o recebimento efectivo será na data assinalada, ou seja, neste caso, 31 Agosto 2006):

Mas recebeu mais, o tal contribuinte. Recebeu uma declaração detalhada, na qual o Estado - o da sem vergonhice - reitera que o reembolso será emitido até 31 Agosto 2006. Como se pode conferir, mediante click na imagem abaixo:


Ora, como é de boas contas e está habituado a trabalhar com gente cumpridora da sua palavra, o pobre do contribuinte - que casou uma filha em 1 de Setembro passado - assumiu uma série de compromissos que supôs facilmente poder respeitar, sem problemas, uma vez que o reembolso a haver do aldrabão Estado é muito substancial e, vindo a 31 de Agosto, a 1 de Setembro estaria em seu poder, para pagar atempadamente.

E aqui entra a mentira do Estado ou seja o Estado aldrabão. Ou, no melhor dos casos, entra alguém que mente pelo Estado, alguém que leva o Estado a aldrabar o contribuinte sério e cumpridor.

É que o dito Estado, ou quem o representa de forma abusiva, sem honra nem vergonha, não cumpriu ainda - 4 dias que são passados do prazo limite - o compromisso que livremente assumiu. Nem tão pouco apresenta desculpas pelo incumprimento, não sente a necessidade - ao menos de cortesia elementar - de se justificar pelo desrepeito pela palavra dada.

Estado descarado, Estado aldrabão, Estado sem pingo de vergonha no focinho.

E o esforçado e sério, honesto e cumpridor cidadão contribuinte, que paga mensalmente ao Estado verdadeiras fortunas, lá se viu obrigado a contrair um empréstimo para solver os tais compromissos que assumira, de boa fé, esperançado na inexistente boa fé estatal.

Pagou, sim, pois, já que não é caloteiro, não é como o Estado sem vergonha. Mas está duplamente desfalcado. Do dinheiro que o Estado desonradamente lhe deve e daquele que, pelo incumprimento estatal, teve que pedir emprestado para cumprir a palavra que dera, fiado em quem não tem palavra. Mais os juros que terá que pagar religiosamente, pelo crédito pessoal que teve que pedir, pelo facto de o Estado ser arrogantemente caloteiro e malcriado. E sem pingo de vergonha naquela cara de parvo que ostenta.

Miséria a que chegámos, em que o Estado aldraba os contribuintes de forma ainda mais capciosa e miserável do que certos personagens que circulam aí pelas feiras, vendendo mulas purulentas como se de cavalos puro sangue se tratasse.

É este, pois, o estado a que o Estado chegou. Quem é que pode fiar-se em tal Estado de vergonha, sem vergonha?

E se o contribuinte, que é sério, honesto e cumpridor, perante este ranhoso Estado, procedesse de igual forma para com o patifório Estado?

Como dizem os italianos: porca miseria!

Até aqui, todos os anos, o Estado cumpria - ao menos nos reembolsos - aquilo a que se comprommetia. A partir daqui, nem isso! Isto, não obstante ter aumentado substancialmente os proventos que aufere à custa do incauto cidadão.

Miseráveis mesmo... Que andam a gozar à tripa forra com o dinheiro dos honestos e cumpridores cidadãos. Patifes!

É mais honesto - menos reprovável portanto - ir para a estrada, à noite, assaltar viajantes desprevenidos. Pelo menos sempre correria algum risco. Assim, não. É cobardia infame! E desonestidade. Não apenas intelectual!...

......

747. Mas onde a admiração?

Mas, afinal, onde a admiração?

Não era o que toda gente de senso comum esperava já que viesse a acontecer?

Admiração poderá haver, sim, se vier a dar-se o caso de mais nenhum distúrbio acontecer.

Como é que alguém em seu perfeito juízo pode pretender que toda a gente nos tribunais goze férias num só mês do ano, Agosto, sem que os tribunais fechem - o que não é admissível - e não surjam trapalhadas destas?

Mas, neste país governado à pantufada, à canelada, à bagunçada, à socratada o que é que se esperaria?

Milagres, não?

A Senhora de Fátima não está para aí virada e, além disso, não consta que vá à bola com tal gente...

E a Senhora de Caravaggio especializou-se em outro tipo de actividades, que também lhe ocupam todo o tempo, diga-se de raspão.
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