segunda-feira, outubro 04, 2004

130. E é possível governar "isto"?

Haverá ainda quem se recorde de que a pedra de toque do arranque para a caminhada que levou o PSD a perder as legislativas de 1995, foi uma célebre "teimosia" de Cavaco Silva em ter-se recusado a condescender em que terça-feira de carnaval tivesse sido feriado, com a alegação de que se tratava de um dia de trabalho perdido, que representaria milhões de contos de prejuízo para o País?

Barafustaram tutti quanti, com Carvalho da Silva, da CGTP, a encabeçar a festa. Chegaram mesmo ao ponto de gritar - mas com delicadeza, claro! - que o então PM era inimigo dos trabalhadores e um autoritário impossível de aturar.

Estávamos nisto quando, hoje, não é que fui topar com o mesmo Carvalho da Silva, com a mesma cara, só que uma década mais enrugada, da mesma CGTP, ela também mais enrugada, nas TVs, todas, honra lhes seja!, a invectivar o actual governo, por ter concedido tolerância de ponto para o dia de hoje, com isso prejudicando o País em milhões de euros?

E é possível governar "isto"?...

E é possível fazer oposição limpa e escorreita, capaz de se postar em frente do espelho, sem vergonhitas?

2 comentários:

Ricardo disse...

Tenho de discordar contigo, caro amigo. Sou contra qualquer tolerância de ponto e mudança de feriados para não haver "pontes". Ainda mais quando o arranque escolar foi tão desastroso e perde-se mais um dia. Ainda mais quando só se fala em produtividade.

Quanto ao Carnaval qual a justificação para retirar este feriado? Num país cada vez menos católico este parece-me dos feriados com mais lógica. Os outros feriados (os religiosos) já não são quase celebrados, só aproveitados. O do Carnaval é dos mais aproveitados pela população para se divertir.

Em síntese também discordo da tolerância e da retirada do feriado no Carnaval. Porque os feriados ainda deviam ter significado.

Um Abraço (depois duma ausência)

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo.

Não podes discordar de mim, neste caso, porque penso exactamente como tu.

Eu não me pronunciei quanto à "bondade" de uma solução e à "maldade" da outra ou vice-versa.

Fiz ressaltar foi a incoerência das posições da CGTP e do seu chefe, ao sabor do interesse político de momento.

Num caso, ataca por um motivo; no outro, pelo contrário.

Repito: E é possível governar "isto"?