sexta-feira, junho 02, 2006
762. Este Freitas... este Freitas...!
Freitas do Amaral, o inefável ministro dos negócios estrangeiros que nos coube em sorte, saíu-se com mais uma de gargalhada... ou de choro convulsivo.
A propósito do enquadramento das forças militarizadas da GNR (120 homens) que seguirão - certamente que hão-de-seguir, nem que seja daqui a 30 anos... - para Timor, afirmou que Portugal se opõe terminantemente a que sejam enquadrados num comando supremo australiano, que já estava previamente negociado entre Timor e a Austrália.
Imagem de homem duro e valente, esta a do ministro; imagem de nação dura e valente, esta que o governo e o seu inefabilíssimo ministro querem dar de Portugal, perante o mundo e os palermas dos australo...pitecos!
Esquecem-se, porém, de que as tropas (tropas e não simples forças militarizadas portuguesas) têm vindo, como aliás outras, a actuar sob o comando de outros exércitos, em vários teatros de guerra, como seja nos Balcãs, em Angola, no Afeganistão, etc... Já actuaram as nossas tropas sob comando italiano e britànico, pelo menos...
Então, por que razão a GNR - simples força militarizada e não força militar - já não pode? Então, parcelas importantes do Exército Português podem ficar submetidas a comando estrangeiro e uns meros 120 homens e mulheres da GNR já não? Porquê, já agora?
E mais: O que quer o inefável Freitas?
Que as forças militarizadas da GNR - que andam há quase quinze dias a dizer que vão, mas nunca mais vão, enquanto os outros, australianos, neozelandeses e malaios já por lá andam a dar o couro ao manifesto (e tanto neozelandeses como malaios, com bem maiores contingentes de tropas regulares e não forças meramente militarizadas) sob um comando único australiano - chegassem, nem sequer vissem e... logo vencessem?
Sim, só faltaria que a exigência fosse a de que, agora que a nossa GNR aqui chegou - uma eternidade após o momento necessário - afastem-se todos quantos por aí andam armados em mandões, que quem vai mandar no pessoal todo são os nossos incomparáveis militarizados. Tenhamos maneiras! Não sejamos ridículos!
Não contentes, porém, com o que já bastava - e sobrava !... - eis senão quando, de novo Freitas - em nome do nosso excelso governo! - reivindica que a GNR fique subordinada a Xanana Gusmão, o presidente, e a Mari Alkatiri, o primeiro-ministro... que são apenas e só os "cabeças" das duas partes em confronto em Timor!
Mas anda tudo grosso ou quê?
Então, sob a alçada de comando militar estrangeiro, como tem acontecido em tantas outras paragens, NUNCA!, mas divididas entre os dois principais contendores actualmente no cenário timorense, tudo bem!? Porquê, já agora também?
Repito: mas anda tudo grosso ou quê? Ou pensam que somos papalvos?
Ora, diga-me lá, senhor ministro das maravilhas diplomáticas:
Se, no auge do conflito, completamente "partidos para a ignorância", o senhor presidente da república de Timor-Leste ordenar à nossa GNR que prenda ou neutralize a acção do seu opositor, ou seja, o senhor primeiro-ministro da mesma República e este, por sua vez, der similar ordem, mas em revidação, a quem vão obedecer os nossos baralhados homens?
E qual, então, o papel dos australianos? E se os australianos e os neozelandeses e os malaios, com contingentes de milhares de homens - que andam já há que tempos a fazer o trabalho que compete aos nosos GNRs e que vão ser postos na ordem... - se chatearem e resolverem fechar os 120 GNRs num campo de concentração, para não atrapalharem o trabalho que já está a ser feito? Que farão então Vossa Excelência e o Excelsíssimo Governo em que se integra ou... dirige, eu sei lá?!
Seja-me desculpada a insistência, mas tenho que voltar à vaca fria:
Mas isto anda mesmo tudo grosso ou quê?
E se, em vez de para Timor enviarmos os GNRs, disponibilizássemos o senhor ministro dos negócios estrangeiros, mais todo o restante governo e bem assim o respectivo chefe, o "nosso primêro", a Xanana e Cª, na condição de lá ficarem com eles, ad aeternum, mesmo para semente? Não seria essa uma medida bem mais ajustada e até... justa?
Ora, vão lá brincar aos governos e diplomacias de treta para longe e desinfestem o país!
...
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3 comentários:
Caro Ruben,
Neste caso específico, concordo com o governo e o Freitas. Não se tratando duma missão conjunta, sob a égide das nações unidas, não há motivo para que o comando seja conjunto.
Além de que Portugal, antiga potência colonizadora, nestas circunstâncias, não dever aparecer aos olhos dos timorenses numa posição subalterna. Isso seria fazer o jogo dos australianos. Temos toda a conveniência em manter um posicionamento equidistante em relação aos contendores e o mais distante possível, em relação aos australianos que, já por diversas vezes, tomaram partido publicamente.
Abraço.
P.S. - A recepção que a GNR teve em Bacau e ao longo do caminho até Dilí, só vem confirmar o capital de esperança, respeito e simpatia por Portugal e a GNR.
Viva, Croft!
O pior é que foi o próprio Freitas que afirmou que a missão se enquadra sob a égide das Nações Unidas, coisa que, aliás, o "nosso primêro" acentuou.
E nem de outro modo poderia ser. Nem a Nova Zelândia nem a Malásia aceitariam lá estar sob o comando australiano, se não se tratasse de uma acção da ONU.
Quanto à recepção em Baucau, tudo bem e nem outra coisa seria de esperar, atendendo ao bom serviço que lá fizeram da última vez. No entanto, uma coisa não tem, que ver com a outra. Se as coisas azedarem entre as facções Xanana e Mari Alkatiri, sempre estou para ver como é que a GNR se desunha.
Aliás, as declarações governamentais portuguesas são um desastre a cada episódio. Imagine só que Sócrates foi capaz de dizer em público, perante as câmaras de televisão, que, em último caso, que é como quem diz em caso de contradição, quem decide é o comando da GNR no local. Só por brincadeira de mau gosto ou para não estar calado é que se larga uma bojarda destas.
Abraço
Ruben
Caro Ruben:
Que essa gente anda toda grossa, ja tambem me tinha apercebido. Ja agora em que posso ajudar, para o envio do (des)governo da "socratissima persona" para Timor.
Mas pensando melhor, aos timorenses ja lhes basta de desgracas, porque nao manda-los para a Antartica?
Um abraco da Beira.
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