Interrompo hoje um período sabático-bloguístico, motivado por afazeres inadiáveis de outra índole, porque me parece de todo aconselhável não deixar passar sem uma nota, por muito pequena que seja, um assunto que anda por aí muito na baila.
Não, não estou a referir-me à questão bizantina (por parte do PS), da precedência dos militares nos actos oficiais. O assunto é de índole de tal modo cretina que nem sequer perco tempo com tal treta.
Também não venho criticar o que anda a ser discutido na AR, de forma a que pareça assunto de altíssima prioridade que não possa deixar de ser urgentemente dilucidado pelos nossos cada vez mais preclaros (diria mesmo ínclitos) deputados de uma cana, ou seja a questão dos convites ou não convites à hierarquia católica, para, nessa qualidade, estar presente nos mesmos actos oficiais.
Embora católico – não tão praticante como gostaria de ser, por questão de coerência, diga-se – confesso que o assunto pouco ou nada me incomoda. E atrevo-me mesmo a dizer que nada deveria incomodar a Igreja portuguesa, se atentarmos que essa mesma Igreja – aqui já não apenas a portuguesa, mas a universal – “não deve ser deste mundo, porque o Reino de Deus não o é também”.
Assim sendo, entendo mesmo que, se o Estado – ou alguns de seus conjunturais, mas também relapsos detentores – entendem que a não devem convidar para tais actos, creio que a Igreja portuguesa deverá até agradecer a “deferência”, pois que… a bem dizer, quem é que quer sentar-se ao lado de tais representantes de tal Estado? Só quem não estiver em pleno uso das faculdades mentais que lhe estarão distribuídas pelo Criador ou alguns palermas que jamais algo de valioso praticaram na vida, mas que, não obstante isso, não foram capazes da atitude digna de recusarem uma das comendas que tão abundantemente (que até foram completamente desvalorizadas e algumas certamente que andarão já pela Feira da Ladra, aos pontapés) por aí foram sendo desperdiçadas nos últimos 20 anos, isto é, de 1986 para cá…
– Mas, então, se não é por uma coisa ou outra, por que razão é que apareces tu aqui a “botar” sentenças? – perguntará o leitor que me atura, profundamente intrigado. E com toda a razão, lealmente reconhecerei.
Pois bem, aí vai:
Ao ouvir todas estas discussões bizantinas e que mais se assemelham a tretas de quem mais não tem – ou não sabe – que fazer, e, por isso, resolve andar para aí a “encanar a perna à rã” ou a “engrolar o cidadão”, com menoridades idiotas, lembrei-me de que os nossos iluminados políticos de duas canas (agora já duas, porque vão em crescendo…) deveriam levar a sua impostergável coerência até ao fim – porque de coerência e tomates (isso mesmo, tomates, ou seja, aquilo que os verdadeiros homens têm por condição usar entre as pernas e que lhes faz crescer a barba e pêlos e bíceps e, ao mesmo tempo, lhes engrossa a voz, enquanto os “obriga” a não “cavarem” em retirada perante certas situações mais incómodas, como se não passassem de donzela pudibunda, das que, aliás, já caíram em desuso, haja Deus!) é que a gente precisa nos políticos, a que temos que suportar a mais assustadora das incompetências e a mais acobardante falta de coragem – e, “atirando-se” de cabeça e convicções inabaladas para a separação total da Igreja e do Estado, em coerência, repito, acabar de vez com os feriados constituídos pelos dias santificados da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, que tanto abjuram e de que tanto se envergonham.
É certo que “roubariam” ao mortal português comum cinco feriaditos que tanto jeito fazem. E cinco feriaditos (mais uns tantos dias de pontes, que lá se vão arranjando sempre...), num total de catorze anuais, sempre pesam e retirá-los cria um certo mal estar. Mas seriam coerentes e de coerência é que todo o ser humano mais precisa. Por maioria de razão, os políticos. Aliás, nenhum sacrifício é grande perante, em contraposição, a perda de coerência e verticalidade. Em homens de honra, claro! Mas os nossos políticos por certo que serão homens de honra e de antes quebrar do que torcer, em questão de princípios.
Isto posto, venho humildemente rastejante suplicar aos ínclitos (diria mesmo preclaros e conceituados) políticos de faxina o especial favor de alguma verticalidade e congruência, riscando do calendário oficial (não confessional) de Portugal, os feriados que não se conformam com o digníssimo estatuto do Estado que servem tão desveladamente e até aqui tão ao sabor das meras e hipócritas conveniências conjunturais e desavergonhadas.
...
sexta-feira, junho 23, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Ah...já percebi porque publicaste este post Ruben!
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=233405
PCP, BE e PEV apoiaram PS a negar um lugar de destaque à Igreja Católica e aos descendentes da antiga família real no protocolo do Estado, defendido por PSD e
CDS-PP.
Ehehehehe...
BEijinho GRanDE ;-)
Viva, Maria João!
Não, minha cara, não foi nada disso.
Nem sabia de tal performance.
Surgiu-me a ideia do post pelo facto de se andar para a ía discutir parvoíces, a perder tempo com tolices, quando ele deveria ser melhor aproveitado tratando de assuntos realmente relevantes.
Os nossos políticos continuam cada vez mais na mesma, ou seja, não conseguem sair do pantanal. Todos.
Por que será que, por mais que eu demonstre o que julgo ter já demonstrado, de forma iniludível, continuas a pensar que raciocino à luz dos antolhos partidocráticos, como grande parte dos palermas e patetas bisonhos que por aí andam?
Beijinho
Ruben
Gostei de ler... Boas e intÉ
Realmente o amigo Ruvasa tem toda a razao, era preciso ter "tomates" queria dizer: "colhoes" mesmo.
Em vez de andarem a brincar as legislacoes, se trabalhassem mesmo, talvez se desse o salto para sair da crise, mas nao sera que o que eles pretendem e enterrar ainda mais este pobre pais para o entregarem em saldo, aos vizinhos do lado?
So agora reparei no link.
Bem haja.
Enviar um comentário