quarta-feira, novembro 16, 2005

599. Constâncio e o computador português

O crescimento previsto da economia portuguesa, em 2005, é agora, na infinita sapiência do Banco de Portugal, liderado pelo nunca por demais incensado Vítor Constâncio, de 0,3%.

Isto nada representaria de notável se não tivesse sido antes calculado pela mesma entidade, capitaneada pela mesma avis rara da economia aborígene, tempos atrás, em 0,5%.

Perante tal notícia – e por enquanto estamos apenas no campo das previsões, pelo que pode ser pior – o inefável governador do banco central português (sorte a dos nossos parceiros na EU, por ele não o ser do Banco Central Europeu), o vidente Vítor Constâncio – constante no erro, no engano, no desacerto, pelos vistos! – veio seraficamente dizer:

- Há uma ligeira diferença em relação ao crescimento que prevíramos.

Quer ele, na sua, dizer que o erro é de apenas 0,2%, ou seja mínimo, desprezível. Na verdade, 0,2% o que é?!?!... Então, se o compararmos com o quadrado do diâmetro da Terra...

Pois…

Esses 0,2% equivalem, porém, a 40% do valor da estimativa que ele e os compagnos de route e de outras aventuras pífias - especialistas na compra de viaturas de espavento, até para o motorista, ao mesmo tempo que publicamente apelavam à contenção nos gastos... - haviam feito. E 40% são 40%. Nem mais um bocadito, nem um pedacito a menos.

Se o valor absoluto do crescimento previsto pela excelência que temos à frente do BP fosse, por exemplo, de 1.000 milhões de euros, estaríamos agora a falar de um falhanço, estenderete, barracada da eminência da ordem dos 400 milhões de euros. Coisa insignificante, como se vê! Peanuts para o constante Constâncio.

Ridículo! Ridículo mesmo. Mas isso, enfim, é lá com eles. Cada qual faz a figura triste que julga melhor lhe assentar. O pior é que tentam, a todo o custo, fazer de nós parvos.

Eu dizia-lhe quem é que tem uma avó torta que é completamente esparvoada e dá netos ainda piores, dizia, dizia!...

Nota final:

Anos atrás, contava-se por aí uma graça acerca do valor dos computadores portugueses.

Dizia-se, então, que os computadores americanos, ingleses, franceses, etc., etc. calculavam valores; os computadores portugueses, esses, tinham uma ideia sobre o assunto.

Não sei se estão a ver a coisa…

...

7 comentários:

Unknown disse...

Caro Ruvasa,

A argolada do Constâncio, vulgar entre economistas, não foi o erro de 0,2 pontos tercentuais, o erro é o de dizer que a economia sobe a 0,3% ou 0,5% ou a qualquer outro valor.
Constâncio, como qualquer economista que se preze, desconhece a teoria dos erros.
É impossível fazer uma previsão de que a economia irá crescer 0,5%.
Quanto muito pode-se dizer que a economia irá crescer entre 0,0% e 1%, por exemplo. Isto é, uma previsão destas tem sempre uma larga margem de erro e, mesmo no fim do ano, feitas as contas (que também têm margem de erro), será impossível distinguir entre 0,3% e 0,5%.
Eu, de nenhuma forma me passaria pela cabeça defender um tipo como o Constâncio, um dos responsáveis pela submissão do país ao Banco Central Europeu, isto é, pela adopção do Euro mas, chocou-me sinceramente lêr o teu artigo e os comentários que o acompanham em que toda a gente se atira ao Constâncio como gato a bofe por miudezas sem interesse de maior esquecendo as reais culpas que o personagem tem no estado em que o país se encontra.

Já agora aproveito para me referir a outro tema, ao voto nulo nas eleições presidênciais.
Se ao menos fosse ao voto em branco ainda entendia pois este creio que conta para o apuramento dos 50% necessários para se ser eleito à primeira volta. Mas agora o voto nulo? É que esse não conta para o apuramento dos tais 50%.
Portanto votar nulo é um voto encaputado no candidato mais bem colocado.
Isto é, há duas formas de levar o Cavaco a Belém, a saber:

a) A forma frontal colocando uma cruz à frente do seu nome no boletim de voto;

b) A forma encapotada abstendo-se ou votando nulo.

Em resumo, talvez estejas inconsciente do facto mas, a tua campanha é um apoio à eleição do Cavaco na primeira volta, um apoio envergonhado mas um apoio. Como o Cavaco ficaria feliz se todos os que não gostam dele votassem nulo...

Por mim podes estar certo que votarei em quem quer que seja, no Mário, no Alegre, no Jerónimo, no Louçã, naquele senhor que defende o Bibi, eu sei lá, até num cão ou mesmo no diabo mas votarei e votarei um voto expresso de forma a contribuir para que um indivíduo como o Cavaco não chegue a presidente da República. Já bastam de desgraças neste país...

Um abraço

Ruvasa disse...

Viva, Raio!

Deixando o resto para outra oportunidade, esclareço algo que parece não ter sido compreendido.

O voto nulo que eu proponho e defendo não é destinado a prejudicar um determinado candidato ou beneficiar outro qualquer. Por razão simples: são todos muito maus, execráveis mesmo, e não os quero para nada.

O "meu" voto nulo - que defendo que se multiplique por muitos milhares - destina-se tão só a manifestar a esses senhores (e a outros que agora não vão a concurso mas navegam nas mesmas águas pútridas) o meu repúdio pela sua acção relativamente ao país.

Não os quero. Não quero os actuais políticos. Já provaram que não valem um caracol podre. Erram, voltam a errar sobre o mesmo, por não terem aprendido nada com o erro inicial - e por nem o admitirem - sendo, pois, incapazes de aprender, tal como os burros velhos que nunca saberão línguas. Pelos mesmos motivos. Eles e os burros.

E, sendo velhos e relhos, incapazes de perceber a vida que lhes passa ao lado, ultrapassados que estão, são teimosos como as massas ignaras que, por não saberem, pensam que tudo sabem.

Então, que vão chatear outro e deixem lugar vago para quem, com maior capacidade de absorção de ideias e posturas novas, mais desempoeiradas, possa algo tentar e, errando, com os próprios erros humildemente aprenda e se corrija para o futuro.

Desta caterva de gente sem tino nada há a esperar. Já demonstraram à evidência a sua incapacidade de construir algo de que não nos envergonhemos colectivamente.

Chega, porra! Vão para o raio que os parta e não voltem. Jamais!

Abraço

Ruben

Unknown disse...

Caro Ruben,

Não discordo do que dizes mas, para se ser coerente o que se deveria fazer era votar em branco e não votar nulo.
Votar em branco é um voto válido e conta no apuramento, isto é, para se ganhar à primeira volta é necessário ter, pelo menos, 50% dos votos válidos. Portanto um candidato ganha logo se os votos que não forem nele, isto é, os do Mário, Alegre, Louçã, etc., mais os que estão em branco, forem inferiores a 50%.
Mesmo que metade dos votos fossem nulos estes não contavam para o apuramento. Um voto nulo é igual a uma abstenção!
É por isso que eu acho que a tua campanha no final se reflecte num apoio ao Cavaco (o coveiro da Nação).

Um abraço

Ruvasa disse...

Viva, Raio!

Estou-me positivamente marimbando para qualquer dos candidatos e quem me tem lido sabe bem que sou anticavaquista tão convicto como antisoarista indefectível, como antistatusquo.

Estou-me borrifando para os candidatos, meu caro. E já perdi os antolhos que, pelos vistos, muitos ainda usam.

É um engano... e grave, o voto em branco ou a abstenção. Só quem não tem a mínima noção das realidades opta por um ou por outro. Porque tanto um como outro são um convite à falcatrua, principalmente num país em que as mesas são, em grande parte dos casos, constituídas por gente toda da mesma cor. É não ter a mínima noção das realidades... mesmo! E não se saber em que país se vive. Isto não é A Alice no País das Maravilhas!...

Quanto ao voto nulo, apenas digo o seguinte: Se numa eleição, nesta como em outra qualquer, aparecerem 15-20% de votos nulos, que significado é que isso terá? E como é que uma coisa dessas deixará os políticos que temos? Que verdadeiras repercussões para o futuro de todos nós é que uma tal "traulitada" terá?

O imediatismo não me interessa. Que ganhe Cavaco, Soares, Alegre ou o Zé das Esquina, tanto me faz. Nenhum deles me interessa.

O que me interessa, isso sim, é o futuro deste país, que anda pelas ruas da amargura, vindo por caminhos traçados por essa gente. Que eu não quero mais e a quem recuso o meu voto, por o não merecer.

Quem quiser continuar a votar em quem se compraz em ludibriá-lo em cada eleição que ocorre, que o faça, porque cada qual come do que gosta.

Eu é que não estou disposto a "engolir" o que não quero nem aguento ser mais gozado.

Mas todos somos livres de comer do que mais lhe agrada... E até de ser gozado e não perceber que o é!

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Luís!

Sim, é o mesmo Constâncio que, ao mesmo tempo que pregava a contenção nas despesas, comprava carros dispendiosos para si e para os colegas e até para o seu próprio motorista (no Banco, claro!)

São de uma clareza meridiana.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Tira Nódoas!

Pois é... São todos uns lindos meninos. Quem os não topar, que os compre.

Que poderão ser homens da macro-economia podem... mas não deixam de ser micro...

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Raio!

"Eu, de nenhuma forma me passaria pela cabeça defender um tipo como o Constâncio, um dos responsáveis pela submissão do país ao Banco Central Europeu, isto é, pela adopção do Euro mas, chocou-me sinceramente lêr o teu artigo e os comentários que o acompanham em que toda a gente se atira ao Constâncio como gato a bofe por miudezas sem interesse de maior esquecendo as reais culpas que o personagem tem no estado em que o país se encontra."

O meu campo não é o da economia. Não me meto a fundo em matéria que não domino. Se Constâncio é bom economista ou mau tanto se me faz. O que eu condeno é a sua (dele, claro!) tentativa de nos levar ao engano.

Na minha terra, se um tipo qualquer - merceeiro mesmo - viesse dizer que um engano de 0,2%, num máximo de 0,5%, era um ligeira diferença/engano, sem importância, o menos que lhe chamaríamos era trapaceiro

E dar-lhe-íamos uma corrida em pèlo.

Não lhe daríamos sequer a hipótese de mostrar o quanto valia como economista. Aquela amostra como homem ter-nos-ia chegado... para com ele corrermos de imediato.

O que ele disse - a atitude que ele corporiza com o que disse - não é uma miudeza, não senhor, Raio. Muito pelo contrário, é uma enorme "grandeza", absolutamente inadmissível. Só com muito descaramento e desprezo pelos seus concidadãos o referido senhor poderia ter tido semelhante saída.

Prova - se tal fosse necessário - o à vontade com que estes senhores estão perante o povoléu, o desprezo que nos votam.

E nós continuamos a votar neles - os que a tal não resistem, claro!... - como cordeirinhos bem industriados!... É bem feito!!!

Abraço

Ruben