quarta-feira, dezembro 07, 2005

611. A última versão do TGV (até agora…)

Segundo as notícias que correm por aí, a última versão do que o Governo pretende para o TGV é a seguinte:

1. Haverá 20-ligações-20 diárias entre Lisboa e Porto
(o que não está certo, porque como é que a malta vai aguentar estar quatro horas por dia sem o comboiozinho entre Lisboa e Porto?)

2. A maior parte dessas ligações será directa Lisboa-Porto, portanto sem qualquer paragem.
E mesmo assim vai ser um problema levado da breca, porque será extraordinariamente difícil conseguir-se lugar, já que irão estar sempre à cunha.

3. Das que não são directas, haverá uma que só parará em Leiria, outra que só parará em Coimbra e outra que só parará em Aveiro.
Tch... tch... tch... Há tantos internados por bem menos...

4. No sentido Porto-Lisboa, haverá paragem na Ota. No entanto, no sentido Lisboa-Porto, não.
Tá certo! Os portuenses precisam dele para chegar à Ota mas os lisboetas não, pois que terão outra linha independente. Sempre foram muito independentes, estes alfacinhas!

Será preciso fazer algum comentário a uma pepineira destas?
Quando é que esta gente deixará de ser ridícula?

E será que chamar-lhes ridículos basta?
Será que tais dislates não são já de outro foro?

Uma última dúvida nos fica:


Perante tamanha comboiada, o que se vai fazer aos voos da TAP e da PORTUGÁLIA e de mais não sei quantas companhias, entre Lisboa e Porto e vice-versa? Pega-se nos aviões e sucata com eles, não?

Lá vai à viola todo o trabalho de Fernando Pinto na recuperação da TAP!

No entanto, ele pode estar descansado que não vai para o desemprego. Transitará para a Administração do TGV mais insólito do mundo, para o recuperar financeiramente, mal decorram 3 semanas de gestão à portuga socialista.

Ó Cristo! Atão quando é que vens cá abaixo ver isto?

6 comentários:

Ricardo disse...

Caro blogamigo,

Confesso que "estranho" a tua aversão a esta obra. Eu também tenho dúvidas - não confundir com uma boca a algum candidato - mas não estou radicalmente contra as opções que têm sido tomadas.

No último post que escreveste sobre o tema tive oportunidade de chamar à atenção a moderação que foi feita neste projecto em relação ao projecto apresentado pelo António Mexia. O projecto anterior, esse sim, era ilógico mesmo com base nos teus critérios até porque tinha erros técnicos que iam fazer com que a duração da viagem fosse maior que a prevista (a mudança da linha normal para a rápida implicava desacelerações não incluidas no tempo previsto de viagem - clara incompetência na elaboração à pressa do projecto). Disse, inclusive, que só tem lógica fazer um projecto que garanta de facto viagens rápidas. Na altura uma das tuas críticas era ao número de paragens e já na altura dei conta que muitas das viagens iam ser directas.

Por isso estranho que, abandonado esse receio, agora ponhas em questão o número de viagens. Não conheço os estudos de viabilidade económica do projecto mas tenho a certeza que só um número mínimo de viagens - que tenham como base um estudo que preveja a viabilidade desse número - fará com que a obra valha a pena.

Também tendo em vista os critérios que usaste para criticar a obra no post anterior sobre este tema - a aceleração e desaceleração - também não vejo lógica, com alternativas viáveis, que se use o TGV para ir de Lisboa à OTA. A paragem no Porto vai ser feita, espero que exclusivamente, no aeroporto Sá Carneiro (sim, aquele que morreu num acidente de aviação e que tem o seu nome num aeroporto, só mesmo em Portugal). Aí sim há uma contradição em relação à solução adoptada em relação ao de Lisboa.

Quanto à TAP - a Portugália é outra questão - as viagens Lisboa - Porto representam pouco na sua viabilidade económica porque, segundo sei, não é uma linha lucrativa pelos custos elevados por ser uma viagem de curta duração com custos fixos inultrapassáveis.

Por tudo isto e por comparação com os projectos do Governo Santana acho que estes projectos - que não tenho dados para dar uma resposta categórica quanto à sua utilidade - têm sido geridos duma forma mais moderada e séria. Em vez de megalómanos são mais moderados (supressão de três linhas) mas admito que, mesmo assim, arriscados. Mas, repito, não tenho dados nem conhecimentos técnicos que me permitam dar um aval positivo mas, repito de novo, são intuitivamente melhores que os anteriores.

Abraço e bom feriado,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Pensei que já te tinha dito que não estou preocupado com o facto de este projecto ser do Sócrates e qualquer outro ser de Mexias ou de outro ainda, pintado de fresco ou não.

O que é foleiro é foleiro com Mexias, Santanas e Sócrates. Estou-me positivamente marimbando para de quem é o projecto. É foleiro, é ridículo, é de anedota e é lesivo dos interesses nacionais.

Caro Ricardo, quantas vezes é necessário repetir que não estou enfeudado a ninguém, nem venho para aqui defender qualquer "dama", inteira ou disfarçada.

Sinceramente, espero que seja esta a última vez que tenha a necessidade de esclarecer uma coisa que eu pensava estar já esclarecida há um ror de tempo.

O projecto só não será tolo, megalómano e desprovido de um mínimo de senso obrigatório para quem não pense dois minutinhos sequer.

Não cabe na cabeça do mais pintado, ainda que não em seu juízo perfeito, a menos haja interesses económicos escondidos nos bastidores.

Deixemo-nos de brincadeiras: Será que precisas de conhecer muitos estudos para saberes que 20-ligações-20 diárias entre Lisboa e Porto são teoria de loucos ou mal intencionados, com interesses escusos?

É ridículo, Ricardo. Mas isso ainda era o menos. O que me irrita profundamente é que estes tipos (ou outros que fossem) venham para cá com bullshits a fazer de nós parvalhões que... até parece que somos, caramba! pois que continuamos a dar-lhes o voto. Merecemos isto em que todos eles nos fizeram cair após 30 anos de porcaria... e muito mais!

É bem feito!

Abraço

Ruben

Ricardo disse...

Caro Ruben,

Não preciso que avises mais nenhuma vez que não estás enfeudado. Se a comparação está aqui é porque eu defendi que, apesar de tudo, este projecto é melhor que o outro per si e é um recuo para moldes mais aceitáveis. E é esta palavra que procurei sublinhar - aceitável - e não estar a acusar-te de enfeudamento.

Não vejo necessidade para este tom tão radical na apreciação dos políticos neste projecto porque todos os países da Europa ou têm ou pensam ter projectos destes. Todos os países contíguos aos nossos têm aeroportos fora das cidades e TGV´s. E eu defendo mais o TGV do que a OTA, a OTA não está aqui em questão (também duvido da solução encontrada). E se eu estava a dizer que não concordei com o projecto anterior do Mexia era porque era megalómano para as nossas necessidades (5 linhas) da mesma forma que já escrevi que só concordava com o projecto com duas linhas do Guterres e não com outras versões que o mesmo Guterres apresentou. Não tem nada a ver com partidos, mas com escolhas. Independentemente do Guterres ou do Durão ou do Santana ou do Sócrates sempre disse que só concordava com as linhas de maior tráfego (Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid) e, por isso, critiquei o Guterres e, também por isso, sublinhei que o actual projecto ia ao encontro do que eu defendi sempre (note-se que só chamei à atenção o projecto anterior por isso porque achei útil sustentar porque concordava com um projecto e não com o outro). Sempre fui a favor do projecto e contra as linhas para o Algarve ou para Vigo ou para Sevilha. Por isso não percebo porque assertivamente fazes-me esse aviso. É uma opinião que eu sempre defendi teoricamente - na linha do que Espanha, França, Bélgica, Inglaterra (esta só com Paris, não interna) - já fizeram. Porque não a mesma solução destes países no nosso? Todos eles têm dificuldades orçamentais...

E se eu levantei dúvidas quanto ao teu texto foi só porque a tua principal crítica ao projecto no texto anterior com o mesmo tema era o número de paragens, algo que eu disse na altura não ser verdade porque iam haver viagens directas.

E já agora também discordei do número de viagens ser exagerado... quantas existem actualmente? Porque razão com o TGV têm que ser menos? Actualmente Lisboa - Porto são 17 viagens diárias mais 17 Porto - Lisboa mais dezenas de viagens (mais de 50 entre Renex, Rede Expresso e outras) de autocarro mais os voos de ligação.

Eu não estou sempre em sintonia com as tuas posições mas sempre houve o respeito mútuo de pensarmos diferente mas discutindo essas diferenças sustentadamente. É o que tento fazer. Se achas que a minha opinião é ridícula ou insustentável eu aceito independentemente de concordar ou não. Mas sempre senti-me à vontade para discordar aqui e sei que é a tua política (da mesma forma que recebo muitas discordãncias no meu blogue) e por isso achei estranho a forma como colocaste a questão do aviso.

E dá-me o benefício da dúvida de pensar pelo menos dois minutinhos...

Espero, sinceramente, que os meus comentários não sejam considerados por ti algo que não acrescenta um contributo à discussão.

Abraço,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Dou-te, claro, todos os benefícios. O da dúvida e todos os outros.

Fui um tanto destemperado, reconheço, porque estou saturado das azelhices de xico-esperto que os políticos que nos têm governado e continuam a governar têm cometido e, em 30 anos, nos trouxeram a esta apagada, fornicada e vil tristeza em que estamos e de que dificilmente sairemos, a menos que estes politiqueiros de treta desapareçam de uma vez por todas, indo para o raio que os parta, deixando lugar a outros que possam fazer melhor, mesmo com capacidade para aprenderem com os próprios erros, o que estes não fazenm, por notória insuficiência cultural... e talvez não somente cultural...

Apanhaste-me virado do avesso - que já ando há tempos - por causa dessa gajada que não me merece a menor das considerações e que, portanto, desprezo.

Imerecidamente, apanhaste um pouco por tabela.

Sabes que não é nada pessoal contra ti, que muito considero, mas antes a raiva, o destempero em que essa tipalhada me coloca.

Há só uma coisa que repiso:

É bem feito que assim continuemos. Porque somos masoquistas (alguns de nós, claro, que eu já os mandei bugiar...) porque, não contentes por termos sido sacrificados no altar das pesporrências, incompetências e parvoíces deles, continuamos a apoiá-los, neles votando acriticamente.

Somos, enfim, um povo sem coluna vertebral. Quem diria? E, aqui, não excluo ninguém.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Caro Ruben

Aqui estou mais uma vez para te dizer que concordo com o modo como analisas o caso TGV que este (des) governo nos tenta impimgir. O País não tem dinheiro para o essencial, mas tem dinheiro para as birras e as fanfarronices de quem diz que governa(?) por vontade do Povo, sempre enganado por falsas promessas antes das eleições.

E isto leva-me a transcrever algo que li não sei onde e quem escreveu e que diz:
"Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência."

AAlves

Eduardo Leal disse...

Caro Ruben,

Cheguei aqui guiado pela "sulista" Maria João que me espicaçou a curiosidade e já percebi porquê.
É que, apesar de ser socialista, mantenho a minha visão crítica e discordo absolutamente com estas obras megalómanas do governo que ajudei a eleger.
No blog "Fio do Norte" tenho um pequeno artigo sobre isto que ajudará a esclarecer as minhas dúvidas.
Achei este blog muito interessante.