domingo, dezembro 31, 2006

787. Macau e Hong Kong

Hong Kong: baía e dois arranha-céus na neblina
(vista do Victoria Peak)


Uma Rua de Macau

Toponímia actual de Macau

Hong Kong: porto e baía de Aberdeen, com um "sampan" em primeiro plano e, ao fundo, o "Jumbo", restaurante flutuante

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786. Passeio no Lijiang (Rio Li)



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785. Guilin: interior da Gruta das Flautas de Cana

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784. Shanghai: downtown



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783. Um aspecto da Muralha da China

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sábado, dezembro 30, 2006

782. "O século chinês"


Em Fevereiro de 2005, os radares da economia mundial detectaram uma ultrapassagem plena de significado. A China tornou-se o maior consumidor mundial de produtos industriais e agrícolas, retirando este primado aos Estados Unidos, que o detinham há quase cem anos.

Um mês antes, a 6 de Janeiro, a senhora Lan Hui, uma funcionária com trinta e um anos de idade da Shell de Pequim, dera à luz um rapazinho com 3,66 quilos. O bebé apareceu nas primeiras páginas dos jornais, porque, com o seu nascimento, a população chinesa atingia oficialmente o patamar do bilião e trezentos milhões. É a dimensão demográfica da Europa somada à dos Estados Unidos… e multiplicada por dois (com a particularidade de, enquanto a população europeia – a americana menos… - é hoje em dia maioritariamente constituída por gente acima da meia idade e a envelhecer muito rapidamente, a chinesa é-o por jovens entre os vinte e os trinta anos… - nota minha).

No decorrer do mesmo ano de 2005, o número de chineses com acesso à Internet (134 milhões) atinge e ultrapassa o dos norte-americanos. A força do país resulta de uma combinação de todos estes elementos: as grandes dimensões, a mão-de-obra inesgotável e a baixo preço (mas igualmente a assombrosa capacidade de trabalho e a disciplina individual de cada cidadão chinês, acrescento eu), as pontas de lança da modernidade. O boom chinês (e aqui trata-se de um verdadeiro e “honesto” boom e não de uma mera falácia como tantas há por aí…) é agora quem dita os ritmos e as regras do sistema em que vivemos. Nenhum sector, nem mesmo aqueles mais avançados do ponto de vista tecnológico, se encontra a salvo da concorrência do gigante asiático: a China encarna o maior povo de consumidores, o mais vasto reservatório de força de trabalho, bem como uma nação que consegue destacar-se na investigação científica, na conquista do espaço, nas biotecnologias. Ameaça ou oportunidade, não podemos continuar a permitir-nos ignorá-la.

De acordo com o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, dentro de trinta anos, a economia chinesa será três vezes maior do que a dos Estados Unidos. A revista The Economist estima que no próximo meio século o desenvolvimento da China contribuirá para a economia do planeta com uma riqueza equivalente à descoberta de mais quatro Américas.

Entrámos, em todos os sentidos, no século chinês.

(…) A ignorância que a maior parte dos ocidentais revela a respeito da China tem uma atenuante: fomos apanhados de surpresa. Tudo se passou a uma velocidade alucinante. Ainda há vinte anos, Xangai era uma cidade decrépita e estagnada (…)

- Extracto da Introdução ao livro “O SÉCULO CHINÊS”, editado pelo Editorial Presença (livro a não perder se se quiser perceber o que está a acontecer neste mundo em que vivemos e quais os desenvolvimentos já previsíveis num futuro que está ali mesmo, ao virar da esquina), do jornalista Federico Rampini, correspondente do jornal italiano “La Repubblica
”, em Beijing –

Se, há mês e meio atrás, tivesse lido o extracto que acima deixei, achá-lo-ia interessante, mas talvez não lhe tivesse dado mais importância do que a simples fait-divers.

Entretanto, contudo, fui à China e por lá andei, de Norte a Sul, como pode conferir no mapa que deixei aqui. E, por lá tendo andado, visto, fotografado e filmado tudo quanto me apeteceu, vi o que não podia ter deixado de ver, constatei o que era impossível de não constatar e disso dei duas breves e insípidas notas neste post e também neste.

Entretanto, pessoa amiga fez-me oferta do livro a que faço referência. E, lendo-o, que me surge? Alguém, com muito melhor conhecimento do que pude retirar dos 15 dias que por lá andei, vir afirmar, preto no branco, o que também eu não resisti a gravar na Web, depois da evidência perante os meus olhos: que este vai ser indubitavelmente o século chinês, a afirmação do tremendo poderio chinês que não terá necessidade de agredir fisicamente ninguém para se impor a um mundo gasto, cínico e destituído de vontade própria, constituindo um império que, apenas para não ser tomado pelo exagero, aqui me coibirei de chamar de, este sim, império dos mil anos.

Poderia continuar a aduzir razões para este minha convicção. Porque, todavia, Federico Rampini o fez brilhantemente e com verdadeiro conhecimento de causa, por aqui me fico, com uma última recomendação: procure o livro, adquira-o, leia-o e guarde-o consigo. Vai ser-lhe de enorme utilidade para a compreensão do mundo que nos cerca e dos tempos que se aproximam.

781. Nem assim...




Mesmo tratando-se de quem se trata, mesmo sabendo-se do que foi capaz e de que nefandos crimes foi responsável...

... nem mesmo assim se justifica uma condenação à morte e menos ainda a execução de tão execranda sentença.


... nem assim, quanto mais...
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sexta-feira, dezembro 29, 2006

terça-feira, dezembro 26, 2006

779. Complemento das definições definitivas do post 777


Aborto (ô) s.m. expulsão do feto ainda não apto para viver pelos próprios meios
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Gravidezs.f. qualidade ou estado da fêmea durante o tempo em que, dentro de si, se desenvolve o feto, ainda não apto para viver pelos próprios meios.

Posto isto, para que tudo fique bem explícito e claro, como é forçoso que aconteça, interrupção da gravidez é a expulsão do feto ainda não apto para viver pelos próprios meios, ou seja, a interrupção do estado da fêmea durante o tempo em que dentro de si se desenvolve o feto, ainda não apto para viver pelos próprios meios.

Ficou claro?

Vejamos um pouco mais:

Pregnancy – condition of being pregnant or the period of time during wich a female is pregnant.

Pregnant - If a woman or female animal is pregnant, she has a baby or babies developing in her body.

Clear enough?

Adenda de hoje, 26 Dezembro 2006:

E a interrupção da gravidez, isto é, a expulsão do feto ainda não apto para viver pelos próprios meios, ou seja, a interrupção do estado da fêmea durante o tempo em que dentro de si se desenvolve o feto, ainda não apto para viver pelos próprios meios, traduzidas para linguagem clara, sem sofismas nem hipocrisias, tem como resultado o quê?

Simples:

A morte do feto, o falecimento da criança que está a formar-se!
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Morte que ela, criança - ainda não apta para viver por meios próprios, por si só, e, assim, praticar os actos necessários à legítima defesa da sua individual integridade física -, não pode nem sequer tentar evitar, qual cordeiro sacrificado no altar do egoísmo (há que ser-se moderado na linguagem...) de uns quantos, por outro lado, estrénuos defensores das liberdades individuais de uma qualquer mão cheia de patifes dos mais ferozes e carniceiros que por aí espalham o terror.
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terça-feira, dezembro 19, 2006

778. Nem a quadra de Natal…


… consegue aplacar-me a vontade de afirmar alto e bom som que este mangas, de nome Políbio Braga, está mesmo a pedir uma ensinadela.

Portugal e os portugueses podem não merecer nada de bom. Mas aqui o envinagrado merece... Um bom par de borrachos bem aplicados em plenas fuças!

O cretino, hein?

Ora, aprecie-me só esta peça:

Por trás da notícia
Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento

05.12.06 16:19
Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas.

Pode ver original em
http://www.polibiobraga.com.br/ na rubrica por trás da notícia.

Já lhe respondi à letra. Infelizmente, o comentário foi engolido pelo democrático site do pimpão e, claro, não publicado. Normalmente, estes anormais são assim. Idiossincrasias…

segunda-feira, dezembro 18, 2006

777. Definições definitivas

Vejamos:

Aborto (ô)s.m. expulsão do feto ainda não apto para viver pelos próprios meios

Gravidezs.f. qualidade ou estado da fêmea durante o tempo em que, dentro de si, se desenvolve o feto, ainda não apto para viver pelos próprios meios.

Posto isto, para que tudo fique bem explícito e claro, como é forçoso que aconteça, interrupção da gravidez é a expulsão do feto ainda não apto para viver pelos seus próprios meios, ou seja, a interrupção do estado da fêmea durante o tempo em que dentro de si, se desenvolve o feto, ainda não apto para viver pelos seus próprios meios.

Ficou claro?

Vejamos um pouco mais:

Pregnancy – condition of being pregnant or the period of time during wich a female is pregnant.

Pregnant - If a woman or female animal is pregnant, she has a baby or babies developing in her body.


Clear enough?

quarta-feira, dezembro 13, 2006

quinta-feira, dezembro 07, 2006

774. Será possível?!?!


Corre por aí aquilo que se diz ser a transcrição de um extracto de relatório do árbitro Carlos Xistra. Ei-lo:

O jogador da equipa visitada, Micolli, desmandou-se em velocidade tentando desobstruir-se no intuito de desfeitear o guarda-redes visitante. Um adversário à ilharga procurou desisolá-lo, desacelerando-o com auxílio à utilização indevida dos membros superiores, o que conseguiu. O jogador Micolli procurou destravar-se com recurso a movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto mas o adversário não o desagarrava. Quando finalmente atingiu o desimpedimento desenlargando-se, destemperou-se e tentou tirar desforço, amandando-lhe o membro superior direito à zona do externo, felizmente desacertando-lhe. Derivado a esta atitude, demonstrei-lhe a cartolina correspectiva.

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*Extracto do relatório do árbitro Carlos Xistra relativo à apresentação do cartão amarelo ao jogador Micolli do Benfica.

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Is it possible?!?!
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quarta-feira, dezembro 06, 2006

773. Beijing, também conhecida por Pequim (2)

Impressiona, igualmente – principalmente a quem vem de uma Europa extremamente envelhecida, sem espírito aventureiro, de conquista, em busca de novas experiências, muito pelo contrário, conformada, repleta de gente de cãs brancas ou muito brancas, sentada, literal e figuradamente, esperando o cheque da reforma ou do subsídio, como vimos de raspão em Amsterdam, confirmando o que por cá se topa a cada canto – o afã de viver destas jovens gentes lá dos confins, cuja média de idades andará pelos vinte e tantos anos, mas cujos velhos, embora recordistas de longevidade, demonstram uma vida, uma sede de viver de causar tonturas.


Em plena Tian'anmen (ou Praça da Paz Celestial), o Museu Nacional e uma visão da juventude. Diz-se por lá que o jovem que enfrentou o tanque, acção documentada por foto que correu mundo, não foi morto nem encarcerado, mas convidado a ausentar-se para outras paragens. Diz-se também que para os USA. Ubi veritas?

Talvez por feitio, talvez pela evidente falta de obesidade – tão característica das sociedades ocidentais de consumo – talvez mesmo pela falta do hábito de se estar ocioso, à espera do que há-de vir, os idosos – talvez também por não quererem deixar-se ficar para trás, ultrapassados pela imensidão de juventude que tudo leva à sua frente, na ânsia de viver vidas novas e novas experiências, até aqui nem sequer sonhadas – o que é certo é que a “velharia” não pára e dá cartas aos mais novos, começando, logo pela manhã, por inundar os inúmeros jardins, aos milhares de milhares, em exercícios conjuntos de ginástica rítmica, ao som de música suave, mas despertadora, que desentorpece os músculos, recalcifica os ossos, tonifica os tecidos e abre a mente para a vida que dura até que a morte tudo separe, lá para os muitos mais de 100...

Muito temos nós que aprender com esta gente, meus amigos!

Ainda em plena Tian'anmen, o mausoléu onde descansa Mao Dze Dong de tantas coisas que fez neste mundo. Talvez bem arrependido de imensas delas, quem sabe!?...

É isso! Embora com muitos velhos, muito velhos – mas sempre a mexer, caramba! – a sociedade chinesa está principalmente constituída por gente muito jovem e irrequieta (mas que respeita os velhos e lhes dá precedência… percebe?!?!) de que muito há que esperar.

Claro que é bem possível que, por força da política governamental de a cada casal apenas caber a possibilidade de ter um filho – com algumas excepções regionais, claro! – daqui por 30 anos, a manter-se o status quo, venham a ter os problemas com que nós, ocidentais, nos debatemos já, ou seja, com sociedades envelhecidas, decrépitas e não produtivas, com um peso incomportável nos orçamentos da política de saúde.



Acredito, porém, que, até lá, hão-de encontrar uma qualquer solução. Não são gente de ficar à espera que as coisas aconteçam. E, além disso, como ficou registado atrás, ainda que velhos, não se dão ao luxo de parar. Na China, está toda a gente, de todas as idades, em todo o lado, a todas as horas, em frenético movimento, a desenvolver alguma actividade. Todo o santo dia! Que cansativos, meu Deus!


Sim, o homem continua presente - embora muito discretamente muito mais discretamente do que seríamos levados a supor - excepção feita no mausoléu e bem assim nesta foto à entrada do palácio do Governo, num dos lados da Praça da Paz Celestial ou Tian'anmen.

Não passa já, todavia, de uma cada vez mais ténue referência histórica.

É. Os tempos são de pragmatismo político, por força da força da economia...

O dia, como disse, começa com a ginástica desentorpecedora, continua com as actividades que a cada qual cabem e termina, de forma geral, antes da recolha a penates, com belos convívios nos mesmos jardins, gerais, onde se joga uma partida de cartas bem renhida, quase sem bancos e menos ainda cadeiras, antes com a maioria dos jogadores de pé, se canta ao desafio, se dança, se declama, se pinta a manta! Só depois se regressa a casa para a refeição última do dia e o descanso nocturno, até que novo dia principia e tudo recomeça.

Este descanso nocturno, porém, é mais para os mais velhos, como resulta natural. Os outros, de sangue na guelra, têm muito por onde espraiar as energias ainda não gastas. Discotecas e toda uma panóplia de divertimentos, que a vida não é só trabalho, pois então!

O Império, que talvez, este sim, seja o dos mil anos, vem aí. A passos largos. Para chegar, ver, vencer sem luta que não vai ser precisa e, principalmente, para ficar.


Ao dizer tudo isto, posso deixar a sensação de que, paisano de repente largado na cidade, na zona mais turbulenta e luminosa da cidade, atordoado com os ruídos e ofuscado pela cores berrantes e infindáveis, apenas me terei apercebido das luzes, ignorando as trevas.


No interior da Cidade Proibida onde, contrariamente ao que por aí se afirmou, tudo se pode fotografar ou filmar à vontade, sem a mínima interferência seja de quem for.

(Experimente-se, a título de exemplo, fotografar o interior da Catedral de Milão...)

Não é verdade. Não esqueci que a China não é governada democraticamente. Mas – já agora que aqui chegámos, uma heresia… - das experiências que por aqui tenho, como todos nós, vivido resulta uma pergunta incómoda, para a qual gostaria de encontrar resposta adequada, justa, realmente fair:

Mas, afinal, que é isso da Democracia?

Apenas a faculdade de se apontar a dedo os erros e pulhices de quem governa e se governa a seu bel prazer?

Apenas a possibilidade de, de tempos a tempos, riscar num papelinho e esperar que alguém no-lo tire da mão e o introduza numa caixa preta e sem graça (a que até chamam de "urna", dando-nos a sensação de que estamos a ajudar ao enterro da própria democracia), após o que se sai do local convencido de que se vive em regime democrático e em que se é realmente ouvido e respeitado?

Na verdade, é muito bom e louvável poder desabafar, apostrofando o noss’primêro e dizer-lhe o que ele talvez não goste (este, não gosta de certeza, tal é o ar de enjoo e enfado e arrogância que exibe sempre…) e não ir parar à cadeia – se bem que esses gloriosos tempos talvez estejam a minguar de forma um tanto mais acelerada do que seria de esperar e desejável.

Nos Jardins do Templo do Céu, ao fundo, pela tardinha, juntam-se multidões a jogar cartas, a cantar, a tocar os mais diversos instrumentos, a declamar, num convívio interessantíssimo em que os estrangeiros despertam tanta curiosidade como os aborígenes...

Mas a democracia não se esgota na possibilidade de se lançarem umas bocas para a estratosfera. A verdadeira democracia, aquele regime político que considera e trata todos por igual, respeitando, porém, as capacidades e os méritos de cada qual, que é dela, em Portugal? Ubi est?

Fica a pergunta, na tentativa de travar, já, as habituais respostas de wise-guyism tão caro à sociedade portuguesa actual.

Voltarei a falar da China. E de outras coisas, por certo.

terça-feira, dezembro 05, 2006

772. Beijing, também conhecida por Pequim (1)



Um edifício realmente baixo e pequeno,
relativamente aos padrões da actual Beijing


Beijing é hoje uma cidade irreconhecível.

Em trinta anos, a China deu uma volta imensa sobre si mesma e o visitante sente-se compelido a estacar de súbito, siderado com o que vê.

E o que vê é, na verdade, deslumbrante, muito dando que pensar.

Desde logo, a capacidade que aquele povo – que Mao Dze Dong não conseguiu que vestisse todo de igual, o que a Levi's e as tshirts fizeram num ápice e com a maior das calmas... – demonstrou para adaptar-se às correntes dominantes no Mundo, num faiscar de relâmpago, colhendo para si as benesses – e os inconvenientes, claro, que tudo se paga… - do capitalismo.


Sim, porque, pelo que vimos (e na China actual tudo se pode ver e fotografar ou filmar – excepção feita ao interior do templo do Buda de Jade, em Shanghai, por razões de preservação - sem qualquer interferência seja de quem for, incluindo as “forças da ordem” que a tudo assistem com a maior impassibilidade) só uma extraordinária capacidade de adaptação a novas realidades, espirito muito aberto e empreendedorismo imenso podem ter gerado tal transformação em tão curto período de tempo, mesmo se medido em termos ocidentais e não chineses.

Mas também as características de povo que trabalha mesmo e não desbarata os meios e recursos de que dispõe nem o engenho que o enforma. A afabilidade. É preciso não esquecer a afabilidade e educação cívica, que tanto falta noutras paragens...

O "Minzu Hotel", a nossa casa por alguns dias.
Repare-se nas viaturas estacionados, de que falarei mais adiante.


Preparemo-nos. Preparemo-nos, sim, porque o novo império vem aí. Imparável e sem necessitar de guerras, sequer de arrogâncias. Não há “escapatória possível”.

O estilo de vida de Pequim é, na verdade assombroso. A cidade que nos habituáramos a ver, em ilustrações de toda a espécie, com largas ruas pejadas de gente e bicicletas é coisa do passado que não mais voltará.

A cidade é toda ela – excepção feita aos edifícios com história centenária ou mesmo milenar – de uma modernidade estupefactante, batendo-se galhardamente com qualquer das maiores cidades mundiais, New York incluída, em muitos aspectos, principalmente de ordem ambiental, as derrotando. É que, estando a ser construída “de raiz”, tudo é cuidado ao pormenor, com os cuidados e minuciosidade que só os chineses sabem imprimir ao que fazem.


Imagine-se só que, contrariamente ao que sucede em Nova Iorque e por aí fora, não há um arranha-céus, quando muito dois juntos - e eles são imensos, em número e em altura e superfície! -, que não seja rodeado de grandes (mas mesmo grandes!...) áreas arborizadas e ajardinadas como só eles sabem fazer.

Beijing (12 milhões de habitantes), tal como outras grandes cidades como Xi'an (7 milhões) e, principalmente Shanghai (19 milhões), está repleta de estabelecimentos das maiores marcas mundiais de todos os equipamentos e vestuário, impressionando muito o parque automóvel de que dispõe, essencialmente constituído por grandes marcas de automóveis, como a Buick, a Mercedes, a Hyundai, a Toyota e a Volkswagen. Acontece, porém, que as viaturas são todas de alta gama, muitos modelos das quais nem sequer conhecemos por cá. A título ilustrativo, direi que foi com real surpresa que o modelo do meu carro (um VW Passat de 2002) não passa, na verdade, por lá, de um carro não mais do que utilitário.
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segunda-feira, dezembro 04, 2006

771. In memoriam


As férias que, conjuntamente com algumas pessoas amigas, desfrutámos, a Isabel e eu, nos dias que mediaram entre o último post e o actual, foram, infelizmente, marcadas por circunstância triste e amargurante, que a todos consternou muito profundamente.

Na verdade, Rui Tavares Pires, cujo companheirismo saudável já não conseguíamos dispensar, pela afabilidade de trato, que gerara entre nós uma boa amizade, foi vítima de doença súbita e fatal, em Shanghai.

De imediato socorrido, em termos profissionais e competentes, tanto por companheira de viagem, Luísa Carrilho, médica, como pelo corpo clínico do hotel em que nos hospedávamos na altura, os esforços de todos resultaram insuficientes para obviar ao triste desenlace.

Pela pessoa que era, pelo companheiro e amigo que sempre evidenciou ser, o Rui, o nosso Rui, embora tendo-nos fisicamente abandonado, connosco continua e connosco continuará. Não será esquecido, porque não queremos esquecê-lo. Não o mereceria, aliás.

À esposa, cujo incansável desvelo sempre testemunhámos e que tão súbita quanto cruelmente se viu sem o companheiro de uma vida, todos nos apressámos a manifestar o nosso apoio, o possível na ocasião e já posteriormente também.


Não posso, no entanto, deixar passar o momento sem mais esta referência, com a reiteração do nosso profundo pesar pela perda irreparável que sofreu e bem assim do sentimento de solidariedade que nos determina.

Tu, Rui amigo, descansa em paz e crê que nos faltas.

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