terça-feira, dezembro 05, 2006

772. Beijing, também conhecida por Pequim (1)



Um edifício realmente baixo e pequeno,
relativamente aos padrões da actual Beijing


Beijing é hoje uma cidade irreconhecível.

Em trinta anos, a China deu uma volta imensa sobre si mesma e o visitante sente-se compelido a estacar de súbito, siderado com o que vê.

E o que vê é, na verdade, deslumbrante, muito dando que pensar.

Desde logo, a capacidade que aquele povo – que Mao Dze Dong não conseguiu que vestisse todo de igual, o que a Levi's e as tshirts fizeram num ápice e com a maior das calmas... – demonstrou para adaptar-se às correntes dominantes no Mundo, num faiscar de relâmpago, colhendo para si as benesses – e os inconvenientes, claro, que tudo se paga… - do capitalismo.


Sim, porque, pelo que vimos (e na China actual tudo se pode ver e fotografar ou filmar – excepção feita ao interior do templo do Buda de Jade, em Shanghai, por razões de preservação - sem qualquer interferência seja de quem for, incluindo as “forças da ordem” que a tudo assistem com a maior impassibilidade) só uma extraordinária capacidade de adaptação a novas realidades, espirito muito aberto e empreendedorismo imenso podem ter gerado tal transformação em tão curto período de tempo, mesmo se medido em termos ocidentais e não chineses.

Mas também as características de povo que trabalha mesmo e não desbarata os meios e recursos de que dispõe nem o engenho que o enforma. A afabilidade. É preciso não esquecer a afabilidade e educação cívica, que tanto falta noutras paragens...

O "Minzu Hotel", a nossa casa por alguns dias.
Repare-se nas viaturas estacionados, de que falarei mais adiante.


Preparemo-nos. Preparemo-nos, sim, porque o novo império vem aí. Imparável e sem necessitar de guerras, sequer de arrogâncias. Não há “escapatória possível”.

O estilo de vida de Pequim é, na verdade assombroso. A cidade que nos habituáramos a ver, em ilustrações de toda a espécie, com largas ruas pejadas de gente e bicicletas é coisa do passado que não mais voltará.

A cidade é toda ela – excepção feita aos edifícios com história centenária ou mesmo milenar – de uma modernidade estupefactante, batendo-se galhardamente com qualquer das maiores cidades mundiais, New York incluída, em muitos aspectos, principalmente de ordem ambiental, as derrotando. É que, estando a ser construída “de raiz”, tudo é cuidado ao pormenor, com os cuidados e minuciosidade que só os chineses sabem imprimir ao que fazem.


Imagine-se só que, contrariamente ao que sucede em Nova Iorque e por aí fora, não há um arranha-céus, quando muito dois juntos - e eles são imensos, em número e em altura e superfície! -, que não seja rodeado de grandes (mas mesmo grandes!...) áreas arborizadas e ajardinadas como só eles sabem fazer.

Beijing (12 milhões de habitantes), tal como outras grandes cidades como Xi'an (7 milhões) e, principalmente Shanghai (19 milhões), está repleta de estabelecimentos das maiores marcas mundiais de todos os equipamentos e vestuário, impressionando muito o parque automóvel de que dispõe, essencialmente constituído por grandes marcas de automóveis, como a Buick, a Mercedes, a Hyundai, a Toyota e a Volkswagen. Acontece, porém, que as viaturas são todas de alta gama, muitos modelos das quais nem sequer conhecemos por cá. A título ilustrativo, direi que foi com real surpresa que o modelo do meu carro (um VW Passat de 2002) não passa, na verdade, por lá, de um carro não mais do que utilitário.
...

4 comentários:

Menina Marota disse...

A evolução dos tempos... mas que também tem o reverso... entre a riqueza e a pobreza...qual deles será maior?

Um belo texto, que gostei de ler... e o meu carrito, que é de 2000? Um Susuki Baleno, nem deve por aí já existir... ;)

Um abraço e parabéns pela viagem ;)

Ruvasa disse...

Viva, Menina_marota!

Claro que tem reverso. Como todas as moedas.

Não quero desesperar ninguém, evidentemente, mas Suzuki? Que é lá isso? - perguntam os chineses...

Vou continuar a publicar alguns textos - com fotos - sobre a China.

Beijinho

Ruben

Anónimo disse...

Wellcame back my dear friend Ruben :-)

Adorei ler. Fico à espera da continuação do relato!

Há mts anos que se fala, à boca pequena, nesse 'novo império' e
não tenho dúvidas de que um dia, num futuro não muito longínquo, ele vai dar cartas!

Mas os contrastes da China interior e estas grandes cidades é enorme...extremos desta 'nova democracia'...


BEijinho GRande ;-)
MAria João

Ruvasa disse...

Viva, Maria João!

Olha que os contrastes não são assim tão grandes, pelo que pude ver.

Corremos boa parte da China, de norte a sul, vimos as gentes no campo e nas cidades e ficámos estupefactos. Aquilo levou cá uma volta!...

Beijinho

Ruben