Muito contristado, não poderei votar em 9 de Outubro. E logo eu, que já por tantas vezes tenho votado em verso, com belas quadras de pé quebrado, uma das formas que uso para votar nulo!...
Aqui fica um exemplo:
A todos vós que quereis
O meu voto lerdo e cego:
Vede bem se o mereceis…
Eu já vi. Por isso o nego!
Imagine-se que, logo por coincidência, vou sair de Portugal em 4 de Outubro e, em 9, estarei no Tibete, a visitar, entre outros, o Palácio de Potala (construído pelo rei Srong-tsan-gam-po e a princesa Wem-Cheng, lá pelo séc. VII), o Templo de Jokhang (edificado há 1300 anos, para celebrar o casamento do mesmo rei e da mesma princesa) e o Mosteiro Drepung (construído em 1416, por Chojey Tashi Palden, a poucos quilómetros de Lhasa, capital da província chinesa do Tibete)!... É azar!
[ e ninguém me venha para cá com recriminaçõpes, pelo facto de sair do País numa altura dessas, porque, depois de o nosso primeiro, ter dado às de vila diogo, quando Portugal ardia por tudo quanto era sítio e, depois de, nestes dias todos, ter telefonicamente perguntado ao espectacular ministro de estado, que o substitui, se deveria regressar a Portugal, tendo aquele respondido que não (how ridiculous all these things are!), qualquer cidadão está autorizado a pisgar-se na boa, mesmo que o país esteja a afundar-se irremediavelmente ao largo das Berlengas, quanto mais… E quem cá ficar que se amanhe, ora essa!… ]
Mas, se eu cá estivesse em 9 de Outubro e votasse em qualquer candidato, decerto que o faria no que me prometesse, de joelhos no chão, as mãos postas e a baba e o ranho a escorrerem pelo queixo abaixo, que não mais permitiria que continuassem a ser feitas as tropelias que TODOS têm feito à martirizada Setúbal e ao seu concelho, designadamente nunca mais permitir que se façam urbanizações com ruas de caca, onde só passa um carro de cada vez e outras sandices que tais, como "monumentos" de treta, que apenas nos ridicularizam aos olhos de quem nos visita.
Era, assim pois. Infelizmente, porém, mesmo que algum o prometa, não irei votar, pelo que nada adiantará. Como certamente não adiantaria, mesmo que fosse votar, porque já todos sabemos bem o que são as promessas dos políticos portugueses. Tal é o descrédito em que persistem continuar a afogar-se, por serem absolutamente incapazes de deixar de prometer o que bem sabem não poder cumprir, assim evidenciando, em praça pública, a sua completa incapacidade de aprender com os erros alheios… e até com os próprios, mesmo quando lhes são apontados, ainda a tempo de emendarem a mão.
Mário Soares tinha – tem, certamente, ainda – muito o hábito de dizer que só os burros não mudam, por não aprenderem.
Por uma vez, caramba!, ele e eu estamos de acordo.NB.- Como o blogamigo Teles da Silva muito a propósito recordou, o extraordinário ministro de estado, substituto do ausente, disse a este "mais de duas vezes, mais de duas vezes" que não se viesse embora.
Pois bem, só por isso, passei a simpatizar muito mais com o dito ministro de estado. Dizer ao outro "mais de duas vezes, mais de duas vezes" que se deixe lá ficar, é obra! E de homem!
...