sexta-feira, abril 28, 2006

745. Apenas 6,72% não conseguiram…


A notícia que hoje corre as redacções dos jornais, das rádios e das tvs é a de que, dos 230 deputados à Assembleia da República, 119 (51,74%) faltaram à célebre sessão da 4ª feira que antecedeu a Páscoa.

Dessa imensidão de faltosos (mais de metade do total, note-se!), 111 (93,28%) terão apresentado razões tão “ponderosas”, para não estarem presentes onde a sua presença era dever impostergável, que quem de Direito se viu no indeclinável Dever de as considerar justificadas.

Ou seja, de 119 faltosos, apenas 8 (6,72%) não conseguiram - ou nem se deram ao trabalho de tentar - apresentar as tais razões ponderosas que os ilibassem, isentando-os de uma multazita.

Aqui chegados, pergunta indeclinável se impõe:

- Haverá por aí algum ingénuo que acredite “nisto”?

Assim, cantando e rindo, prossegue o desprestígio do Parlamento, o seu arrasamento de uma ponta a outra, a implosão da instituição democrática por excelência!...

O mais curioso é que ainda aparecem por aí algumas vozes - bem intencionadas, claro - a clamarem contra quem, não se conformando com estes deputacionais affaires, brada aos céus, sem que, no entanto, seja ouvido. Até ver…

Alegam esses defensores da "serenidade", da quietude da pax romana, que bradar contra “isto” é entrar em campanhas de descredibilização da Democracia.


Claro! Quando eu – e outros ingénuos! – me insurjo contra este inominável estado de coisas, atento gravemente contra a Democracia.

Os ilustres deputados, que não cumprem com os deveres a que se obrigaram de livre e espontânea vontade, esses não atentam contra os valores democráticos.

Evidentemente!

Pelo contrário, são os seus mais lídimos garantes!

Razão tinha António José Saraiva. Mas, sobre isso, falaremos mais descansadamente um dia destes.

Entretanto, que tal começar a varrer o país?

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