sexta-feira, janeiro 13, 2006

640. 23 de Janeiro está já muito perto...

Anunciado com grandes parangonas e expectativas imensas, o cidadão Jorge Sampaio, presidente da república portuguesa por mais 10 dias, apresentou-se na TV, falou durante 2 minutos e disse... nada!

Igual a si próprio, portanto.

Mas será que ninguém foi capaz de lhe segredar que aquilo que estava para fazer seria melhor que não fizesse? Este é o risco que se corre, quando muito se quer falar e nada se tem para dizer.


* * *

È pure... Algo me diz que este folhetim não vai acabar por aqui e que esta intervenção mais não é do que a preparação do que está para vir.

Algo me diz que tudo (a publicação de algo que há anos era sabido por muita gente) foi encenado à pressa para que o que há que resolver seja resolvido no prazo máximo de 10 dias, apanhando o presidente socialista cessante de permeio.

E o que é que há que resolver rapidamente?

Como é evidente, a exoneração de José Adriano Souto de Moura, o Procurador-Geral da República, magistrado impoluto, que não pactua com determinadas habilidades, uma das pessoas mais isentas e decentes que conheci em toda a minha vida, que já não é assim tão curta.

O assunto requer, em certas capelas, urgentíssima urgência. Não é verdade que o candidato a pr que maiores probabilidades apresenta de ser eleito já afirmou que considera que os mandatos são para se cumprirem na totalidade do tempo?

A partir de 23 de Janeiro deixa de ser possível a exoneração e, mesmo que assim não acontecesse, daria demasiado nas vistas.

Post scriptum -

Talvez convenha dizer - para que se saiba de forma geral e expedita - que as escutas telefónicas são requeridas pelo MºPº e deferidas, ou não, por um juiz, consoante os elementos que tiverem sido carreados para o respectivo processo, de modo a formarem, ou não, a convicção do juiz.

Quer isto dizer que as escutas telefónicas não dependem da vontade de um magistrado do MºPº, por mais importante que ele seja na respectiva hierarquia.

Anda por aí muito fogo de artifício e ainda mais vontade de ludibriar o cidadão comum. Pelos motivos que se conhecem bem, já de há muito, no mesmo carnaval.

...

13 comentários:

Anónimo disse...

Ruben,
que mal há em ser um pouco 'aérea'? ou isso para ti é um defeito?? Para mim, é uma virtude!

...Bah! para ti tambem!! :P
(tu não gostaste foi do meu comentário sobre as presidenciais no nosso amigo Azurara...ehehehe)

beijinho
Maria João Lopes

Anónimo disse...

ehehehehe...Bah! Bah! para ti tambem, em quadriplicado, amigo Ruben ;-)

outro beijinho GRANDE :P

Ruvasa disse...

Viva!

Eu sei, Lazuli, eu sei!

Mas, contrariamente ao que dizes, eu cuido mesmo de saber...

Beijinho

Ruben

Ricardo disse...

Viva Ruvasa,

Será que andam a tentar tramar o Souto Moura? Talvez!

Será que o "magistrado impoluto" não fez a sua própria cama? Talvez!

Uma coisa é certa... do MP e da PGR (de que Souto Moura é responsável) sairam informações cirúrgicas que descredibilizaram muitas pessoas (aliás, uma das suas colaboradoras onde anda agora?) e muitas acusações foram forçadas ao limite - como os próprios tribunais advertiram (e que acrescentaram que houve negligência com dolo do MP, no despacho de recusa do apelo do MP para que Paulo Pedroso fosse julgado)! Se juntarmos a isso o que aconteceu com Adelino Salvado eu diria que a justiça andou a aventurar-se na política! Não sou ingénuo ao ponto de não achar que agora estão a "tramá-lo" mas, sou sincero, não vou chorar lágrimas de crocodilo...

Eu tive oportunidade, como muitos portugueses tiveram, de ouvir as escutas de Adelino Salvado, Souto Moura e a sua assistente! E devo dizer que fiquei chocado! E garanto-te que, ao ouvir as gravações, lembrei-me de tudo menos que estava perante alguém independente!

Num exercício de memória não me lembro de Cunha Rodrigues, o seu antecessor, ter-se deixado enredar em tamanhas incongruências e descredibilizações.

Mais um assunto em que saudavelmente divergimos!

Abraço e bom fim de semana,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Encurtando razões, sempre te direi duas coisas que considero essenciais:

1. Em Portugal, infelizmente, continua-se a manipular tudo, em favor próprio ou alheio - desde que esse alheio disponha de meios, sejam eles quais forem, para revidar, se necessário for - a comprar todos, a subverter tudo, quem tem poder e dinheiro;

2. Acho que não se pode, de forma nenhuma, comparar Souto de Moura e Cunha Rodrigues. São casos totalmente distintos e nada têm mesmo que ver um com o outro. São, pois, incomparáveis. Conheço bastante bem o primeiro e ponho as mãos no lume por ele. Por mais ninguém.

E por aqui me fico.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo, uma vez mais!

Apenas para te dizer algo que me passou há pouco:

O magistrado de que falei, com conhecimento de causa, e de que tu falaste também, José Adriano Souto de Moura é mesmo impoluto. Sem aspas, ok?

O jornal que trouxe este assunto para a praça pública é o "24 horas". Jornal, pelos vistos, sem credibilidade ou com muita, consoante o que a cada um convém, em cada momento.

Há diferenças abissais.

Ruben

Ricardo disse...

Ruben,

Sem querer alimentar a polémica diria que não coloco em questão a seriedade pessoal do homem. Mas acho que geriu não só este caso mas como tantos outros de forma algo incongruente e confusa.

Pode ser um homem sério apanhado num jogo que não controla mas exactamente por isso, por não conseguir controlar o jogo, defendo o que defendi.

Note-se que não estou a negar que há manipulação(ões) para retirá-lo do cargo mas apenas que não é a pessoa certa no cargo certo. O tempo, nos vários tópicos que dei, veio na minha opinião provar isso. E o comunicado de ontem ainda veio agravar mais a confusão - 30 minutos antes do PR falar com conclusões diferentes - e em contradição com o próprio comunicado da PT. E, apesar de nunca ter comprado o 24 horas, ainda ninguém desmentiu que, pedidas ou não, aqueles ficheiros estavam no processo.

Abraço,

Ruvasa disse...

A realidade é que ele tem tentado levar a Justiça, na parte que lhe cabe e em que intervém, ao caminho certo, em prol de um melhor e mais decente país.

As forças contrárias a esse desiderato, porém, têm muita força.

Por que que é que o antecessor, de que falaste, se manteve lá tanto tempo e sem que o contestassem como a Souto de Moura?

Há várias razões. Tenta averiguá-las.

Souto de Moura é homem fora do sistema. Logo...

Claro que o cidadão cá por fora vai sendo levado pelas cantorias das tais forças "sistémicas" que tudo abafam. Como, aliás, se vai constatar uma vez mais.

Está tudo armado.

Em Portugal não é possível, está visto, levar a bom termo uma operação "mãos limpas". Isto diz tudo.

Abraço

Ruben

AC disse...

Recordando palavras do cidadão Jorge Coelho: Quem se mete com o PS leva!http://desgovernos.blogs.sapo.pt/

Ruvasa disse...

Viva, JT!

Claro! É preciso não esquecer certas coisas.

Cumprimentos

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, On!

Está na cara, não?

Cavaco já disse, aqui há tempos, a propósito da exoneração de Souto Moura, que é apologista dos mandatos cumpridos até ao seu termo...

Cumprimentos

Ruben

Jorge Cardoso disse...

Não é verdade que "a partir de 23 de Janeiro deixa de ser possível a exoneração". Julgo que deveria consultar a lei antes de apresentar este tipo de alarmismo.
Correcto, ético e prova de boa fé seria efectivamente consultar a lei, e rectificar esta sua afirmação.

Ruvasa disse...

Viva, Jorge Cardoso!

Conheço a lei. Sou mesmo obrigado a conhecê-la, talvez melhor do que outros. Trabalhei com ela durante anos.

E não há qualquer tipo de alarmismo. Quem parece ter ficado alarmado foi o meu caro.

Se tivesse lido com um pouco mais de atenção, logo teria concluído que o que existe da minha parte é um lapso, pois que, ao fazer a emenda do texto que lá tinha anteriormente, inadvertidamente não eliminei a primeira parte do parágrafo, uma vez que o que pretendia dizer era o que disse no final do parágrafo, ou seja, que a partir de 23 de Janeiro daria demasiado nas vistas.

Coisas que acontecem a quem escreve directamente, sem cábulas nem rascunhos...

É evidente que, legalmente, o actual pr não perde, para já, as prerrogativas do cargo. Simplesmente, como é uso em qualquer democracia que se preze, a partir do momento em que há presidente eleito, o cessante abstém-se de praticar actos que possam contender com a gestão política do sucessor, principalmente se conhecida, como é o caso, na situação vertente.

A menos que não seja isso o que está previsto desta vez. Circunstância que, a verificar-se, aliás, em nada me deixaria surpreso, atendendo aos inúmeros antecedentes.

Já que falou em correcção, ética e prova de boa fé, sempre lhe direi que correcto, ético e de boa fé seria o meu caro ter feito um comentário de outro tipo, limitando-se a dizer-me que eu estava enganado, sem precisar da agressividade que demonstrou para quem não o molestou pessoalmente.

A menos que esteja a tomar dores por outrem. O que também demonstra algumas coisas.

Mas o meu caro quis ter o seu momento de glória. A ele tem direito e não serei eu quem lho negará. Pena foi que apenas o tenha sabido desfrutar de forma agressiva. Modos de estar, socialmente falando, como fica evidente.

De qualquer modo - voltando à questão de fundo em apreço, que é o que conta, já que o resto é peanut com que apenas perdem tempo os apreciadores do fruto - o essencial do que pretendia evidenciar, mantém-se incólume. E, a cada hora que passa e a cada episódio que surge, mais se arreiga no espírito a certeza de que é como digo. Eu e mais todos quantos não estão enfeudados, pelo que não sentem necessidade de defender o indefensável.

Cumprimentos

Ruben