segunda-feira, agosto 02, 2004

25. A Cabala do Senhor Costa

Acabo de ter acesso, (…) às declarações que V. Exa. prestou no dia 24 de Junho de 2003 (…) como um dos grandes arautos da verdade cabalística que então se urdia contra o PS e que conduzira à prisão de Paulo Pedroso e ao conjunto de insinuações malévolas contra o secretário-geral, Ferro Rodrigues. A gravidade das afirmações que produz contra mim decidiu que (…) produzisse esta carta pública.
O senhor, por mais arrogante que seja, saberia que se um dia estas declarações chegassem ao meu conhecimento a primeira das muitas coisas que poderia esperar era o direito à indignação.
O que está em causa é a defesa do meu bom nome e da honra – da minha, da dos meus amigos e das pessoas de bem. E isso não podia ficar sem reacção. Nem V. Exa., nem ninguém decerto o esperaria. O que aqui está em causa é a nobreza e elevação que deve caracterizar a política e os políticos – mas que a sua actuação aviltou.
E isso não podia ficar amenizado. (…) a Nação ignorava que aquele que foi um Ministro da Justiça e pressupostamente um guardião da legalidade e dos direitos, liberdades e garantias, afinal, foi o primeiro a prevalecer-se em proveito pessoal dos contactos que naquela qualidade teve e a procurar aceder a informações inacessíveis ao cidadão comum; e também foi o primeiro a furar as regras e os limites que presidem à acção da justiça e que devem ser iguais para todos. E nada disto podia ficar silenciado.
Soube agora, um ano depois, quem me envolvera na cabala contra o PS. (…)
(…) Afinal, o seu auto de declarações é a sua própria confissão de delírio. (…)
(…) Diz V. Exa.: “Moita Flores foi, desde sempre, um dos grandes opositores ao processo da Moderna, defensor público, simultaneamente, de Paulo Portas”. O senhor está doente de ódio. Nunca escrevi, nem disse, uma palavra contra o processo Moderna. (…)
(…) Isto revela que a retórica esconde a manipulação perversa, que a voz canora mitiga o inanismo intelectual, que o fato e a gravata disfarçam o instinto assassino de quem faz a luta política no palco da intriga e do manobrismo.
Qual o nome da pessoa que diz ter ouvido a minha proclamação de que trabalhava a tempo inteiro na defesa de Carlos Cruz? Diga! Não se remeta à torpeza da insinuação. Mas o senhor julga que a minha vida é igual à sua? Mas o senhor acha que todos os portugueses, para ganhar a vida, lhes basta fazer aquilo que o senhor faz? (…)
(…) Ou diz, e fundamenta o que diz, ou nem honra, nem vergonha poderá haver na formação do seu carácter. O senhor (…) Mentiu, negou a realidade histórica, manipulou, usou pessoas, procurou arruinar o meu bom nome e dos meus amigos; e agora, percebe-se, em nome de projectos políticos pessoais. (…)
(…) O senhor (…) culpabiliza e inocenta a seu bel-prazer. (…)
(…) as palavras que ditou não demonstram outra coisa que não seja ser o senhor a verdadeira cabala. Envenenou (…) os seus próprios companheiros de partido, fazendo crer que vinha de fora a ameaça quando a ameaça era V. Exa. Porque não mostra seriedade (…) porque faz do enxovalho da vida dos outros a sua forma de fazer política. Tenho pena de si e dos seus capangas de estimação... Quem se sujeita a descer tão baixo e a proclamar coisas tão reles não merece outra coisa a não ser pena! É o que se sente pelos desvalidos de moral.”

(Extractos da Carta Aberta de Francisco Moita Flores a António Costa, in O INDEPENDENTE, 30 Julho 2004)

* * *

Outrora, estas coisas resolviam-se, à espadeirada (tcheque… tcheque…, estás a ver que já levaste?), mais tarde, a tiro (bang… bang…, ora, então, dá cumprimentos meus ao Canzarrão!), depois, no mínimo, à chapada (pás… pás… catrapás… pás…. pás…, ora vai lá para a toca lamber as feridas! E não te esqueças do mercuro-cromo, tás a óvir?...).

Coisa bem mais limpa, directa, definitiva, diga-se en passant. Mesmo porque o caluniador ficava, por via de regra, curado do mal de que sofrera, o que constituía um bem verdadeiramente inestimável para a sociedade envolvente, assim liberta de contágios indesejáveis...


bitos salutares, que se foram perdendo. Tradition's not already, what used to be...

Francamente… Algo anda por aí em degradação irreversível... O tempora o mores!...

Sem comentários: