... A Europa não presta para nada, a Europa não se entende, porque se está a querer fazer uma coisa nova com uma trapalhada velha... (...) O que se deve é chegar a outra coisa muito importante: à liberdade cultural de cada homem! Já não se trata de esta região ou aquela ser desta ou daquela maneira: trata-se de ser à sua maneira cada pessoa! Temos de levar o mundo a um tal tipo de organização que permita a identidade cultural de cada homem, sem sofrer nenhuma espécie de atropelo. A liberdade cultural do Minho, ou da Catalunha, ou da Andaluzia, ou de qualquer coisa dessas, é apenas um degrau para passarmos ao último andar da casa, que é cada homem ter a sua plena liberdade cultural! (...) Rumar exactamente como quiser rumar; e o mundo estar organizado de tal maneira que não resulte o caos, mas uma nova espécie de cosmos, isto é, uma espécie de nova ordem. Que resulte um mundo que continue a ser mundo. As pessoas não se lembram que "mundo" é a palavra contrária de "imundo". (...) Nós não queremos um mundo imundo, queremos conservar o mundo cada vez mais mundo, cada vez mais puro... (...)
Agostinho da Silva, A Defesa do Humanismo, in "Ir à Índia sem abandonar Portugal"
quarta-feira, agosto 18, 2004
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