terça-feira, junho 07, 2005

405. Freitas enriquece o próprio curriculum…

… e o anedotário nacional.

Se não, vejamos:

Enquanto o governo tem uma posição oficial acerca da questão do Tratado da Constituição Europeia, o seu ministro dos negócios estrangeiros, o inefável Freitas do Amaral, talvez baseado no princípio de que quod abundat non nocet, tem duas: a do governo, que é a de que o referendo se mantém, realizando-se em Outubro, tal como está previsto, e outra, a pessoal, que preconiza que se comece, desde já, a trabalhar noutra versão, que sirva a todos, já que esta não o faz.

Quer dizer: está sempre virado para o que der e vier, seja lá o que for ou até mesmo o seu contrário! Que abrangência, a deste MNE, que excelência, a deste governo, que paciência, a nossa, Catilina!

E, imagine-se, é capaz de dizer tal barbaridade, em público, com a maior serenidade e cara de pau deste mundo!

Esta incontinência verbal costuma dar mais tarde, bem mais tarde na vida. Se a ele deu já agora, é preciso tomar medidas cautelares e urgentes, antes de que nos comprometa, séria e irremediavelmente, em qualquer forum internacional.
P'lo amor de Deus, calem lá o rai´do home, carago! Ele já num tem tento p'ra pinsar no que diz e faz. Hom'essa!...

Bocemecê coça-me o barrigame qu'eu digo-le o qu'eu penso



10 comentários:

Elise disse...

caro ruvasa , enviei-lhe outro email. ainda continuo bloqueada? :(

Ruvasa disse...

Não. Nunca, jamais, em tempo algum!
Isto é capaz de ter sido a AI...

;-)

Ruben

Ricardo disse...

Viva,

Confesso que achei que foi uma maneira inteligente de gerir o problema. Todos sabemos que a "Constituição" está morta, ou melhor, nunca vai nascer (infelizmente é uma realidade).

Portugal não pode, oficialmente, agravar a crise da UE antes do Conselho Europeu. Dizer oficialmente que mais um país defende o fim do "Tratado" era agravar a incerteza. Mas todos sabemos que o Conselho vai ter que matar o texto ou a UE vai ter uma crise sem fim com o acumular de incerteza e de nãos pk ninguém vai votar "Sim" por um documento "morto".

Por isso acho as declarações do MNE de grande oportunidade política.

Abraço,

Ricardo disse...

P.S. O contexto em que a opinião pessoal do MNE foi dada foi o ideal. Prepara já estas mentes iluminadas da "Europa" que querem que o processo siga ignorando o que já aconteceu a repensarem a situação. Se o Conselho insiste no erro não vai ser só a "Constituição" que fica em causa mas a própria UE. Por outro lado a posição oficial de portugal, até ao Conselho, deve ser a que actualmente existe para não agravar a incerteza europeia antes das decisões sobre o futuro do texto.

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Os governos e os seus representantes, enquanto tal, não podem, sob pena de total descredibilização, dizerem-se republicanos e o seu contrário, afirmarem-se legalistas e o seu contrário, propagandearem-se sérios e o seu contrário.

Os governos e os seus representantes, enquanto tal, não podem, sob pena de se constituírem e aos que por eles são governados - por arrastamento - em marionettes tolas, ter um pé em Portugal e outro em Espanha, na expectatova saloia de embolsar ambos.

Não. Os governos e os seus representantes, enquanto tal, não podem. Os espertalhaços da Malveira (sem ofensa para os malveirenses...) esses, sim, podem. Mas esses, apenas se representam. A mais ninguém, pelo que não causam mossa nenhuma. Individualmente, cada qual faz a figura triste que mais jeito lhe der. Em representação de outros, de todo um país, não!

E aquilo que tu chamas de grande oportunidade política outra coisa não é do que oportunismo político de "parvus".

Eu não queria dizer isto, para não ser bruto. Por isso o não disse logo. Levei a coisa a brincar... Porém, lamento que não me tenha apercebido de que alguém (e menos ainda tu) pudesse vir defender tal enormidade.

Se o soubesse, só para não ter que dizer isto que disse, teria ficado calado e não teria inserido o post.

Lamento. Na verdade, lamento mesmo, crê. Agora, porém, não podia ficar calado.

Peço que leias com atenção - com muita atenção mesmo e alta ponderação! - o último período do teu segundo comentário, o PS-. Nele, presumo que sem intenção tua, apontas a razão precisa por que as coisas não devem ser feitas como achas bem que Freitas tenha feito.

Um país não é uma palhaçada, não pode ser uma palhaçada.

Se antes se clamava aos quatro ventos contra as ditas trapalhadas internas, como é que é possível que agora se concorde com uma palhaçada, que é bem pior, ainda por cima externa?

abraço

Ruben

Ricardo disse...

Viva Ruben!

Como deves calcular não sinto nenhuma obrigação de defender nenhuma cor partidária. Em todo o caso nem estamos a falar do caso, uma vez que o nosso MNE vem de outra área política.

E como também deves calcular "estamos" metidos numa tremenda embrulhada. Todos querem acabar com este processo ridículo de referendar algo que nunca vai nascer, mas ninguém o quer dizer. Sim, também há quem defenda que devemos seguir até o fim neste espectáculo degradante de auto mutilação e masoquismo o que é deveras indefensável.

Posto isto devo dizer que a minha posição pessoal, como tenho defendido por várias vezes no meu blogue, vai ao encontro do que Freitas disse ao seu homólogo alemão. Por isso aceitei com agrado essas palavras porque a Europa precisa de ser "lúcida" em relação ao seu futuro. Aceito, no seu conteúdo, que é de facto estranho esta acumulação de posições. Eu compreendo o que é o que o Governo Português quer defender e que ainda não arranjou coragem para dizer, jogando na expectativa. Considero que um MNE nesta posição (em que o que defende não vai de encontro à posição oficial do Governo) esteja numa posição deveras delicada. E admito, agora, que por mais que aceite as palavras do MNE como as únicas lúcidas no meio desta "confusão" que atravessa todos os partidos e até o Presidente, ele não as devia ter proferido...

Mas aceitar a crítica no seu conteúdo não é o mesmo que aceitar o tom ou o grau de gravidade (desculpa o pleonasmo) do que eu defendi. O que Freitas fez foi, numa reunião privada com o seu homólogo alemão, defender que este texto devia cair ou ser reformulado. Não há aqui nenhuma "palhaçada", restando saber se havia ou não intenção que isso fosse transcrito para a imprensa. Não tenhas a menor das dúvidas que mesmo o PSD vai continuar, até ao Conselho Europeu, a insistir no referendo e no "Sim" e que nas reuniões com o presidente e Primeiro Ministro vai defender que o único rumo é defender, no Conselho, que todo o processo seja repensado. Por isso fico algo espantado que o meu comentário tenha merecido afirmações tão contundentes (ainda ontem assisti a várias personalidades independentes a ficarem divididas em relação ao tema).

Estranhando o tom do comentário mas aceitando o meu erro de avaliação, um abraço,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Mas uma coisa é o que se diz em reuniões privadas, outra, bem diferente, o que se diz cá fora ou o que cá para fora se deixa escorregar.

A reunião de Freitas foi tão privada, que tudo se soube logo cá fora...

O que tu possas dizer ou manifestar é o sentimento de um cidadão livre e sem outras obrigações especiais. O que não acontece com Freitas, que é só o ministro dos negócios estrangeiros, terceira figura do governo.

Que diabo! Se Freitas fosse apenas o prof. catedrático e dissesse o que disse, tudo bem. O problema era apenas e tão só dele. Mas não. É um alto representante do Governo, do Estado, da Nação que somos. Não pode fazer coisas destas, que estarão bem mais adequadas a outros "fora", ali para as cercanias do Campo Grande.

Quanto ao alerta que te fiz, não teve outra intenção que não fosse a de te chamar a atenção para uma incongruência que ressaltava do teu texto, certamente por ter sido escrito à pressa, o que deixa sempre lugar a pequenas coisas mal explicadas e que se prestam a equívocos.

É que, talvez não tenhas reparado mas, ao defenderes a insustentável posição de Freitas, estavas a dar apoio a verdadeira palhaçada, bem mais grave do que as alegadas e tão glosadas trapalhadas de há meses atrás.

O que, sendo uma incoerência, não é nada normal em ti, que me habituei a ler com agrado, embora por vezes discordando, e, acima de tudo, com muito respeito.

Porque a ti, Ricardo, eu respeito; tanto não direi relativamente ao outro. Porque tu és coerente; o outro, não.

Não há, pois, razão para estranhares o tom do meu comentário anterior. Que não teve tom algum relativamente a ti; apenas ao outro.

abraço

Ruben

Ricardo disse...

Ruben,

Não vou alimentar mais esta saudável (ou não) discussão. Já admiti os vícios da minha argumentação mas continuo a defender que a verdadeira gravidade está nesta cegueira colectiva que leva a que se enterre a UE juntamente com a "Constituição". Quanto a Freitas sou obrigado a concordar que não pode voltar a fazer o que fez apesar, repito, de ter sido o único que, on ou off, disse o que eu defendo.

Quantos às "trapalhadas" considero, sinceramente, que esta não foi grave. Até porque este tipo de declarações dúbias tem-se multiplicado na "Europa" muito por culpa dum total desnorte após os "Nãos". Todos os dias há "nims" aos referendos, à Constituição e à UE por parte de vários ministros e primeiros ministros europeus...

Sem mais nada a acrescentar sobre este assunto, um abraço,

Ricardo

Ruvasa disse...

Que é lá isso, Ricardo?!?

Entre gente educada e sem facas escondidas na manga do casaco, a discussão é sempre saudável.

A propósito e para que não haja lugar a mal entendidos, o termo "parvus", que utilizei, referindo-me a Freitas e a mais ninguém, é latim e significa "pequeno". Não qualquer outra coisa.

abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Prof!

Sim, triste, ridículo e... lamentável!

Mas aquilo cura-se. Se for atacado a tempo.

É, porém, preocupante. Têm sido tantas e tão seguidas, que a coisa parece galopante.

Será que ele se julga primeiro-ministro da Papuásia?

abraço

Ruben