terça-feira, março 07, 2006

684. VPV, inspirador de instintos proto-assassinos

Sob o título “Uma santanete”, Vasco Pulido Valente, o avinagrado cronista da praça portuguesa, deu, em “O Espectro”, blog que partilha com Constança Cunha e Sá, uma danada “sova” em Clara Ferreira Alves.

O caso não me teria merecido qualquer reparo – nem simples ocorrência levada a registo de polícia de costumes seria porque não iria além de mera zanga doméstica, embora não domesticada, sem interesse, já que a sova não passou de figura de retórica - não fora a circunstância de ter provocado uma onda de comentários tão ao jeito da idiossincrasia portuguesa do bota abaixo e da invídia assassina, em que as piores características lusas logo por atacado vieram à tona de água.

Mas, porque deu causa a todo um alarido que alguns se apressariam a apelidar de infame, resolvi intervir, em comentário ali postado, de que dou conta a seguir.

É tempo de as pessoas – principalmente os chamados opinion makers – assumirem as responsabilidades que lhes cabem na sociedade envolvente. Vasco Pulido Valente tem que ter isso em conta, sempre que se apresta para desancar alguém, já que isto não é – não pode ser – “o da Joana”, sob pena de trair a si próprio e à imagem que tem vindo a construir. Da imagem fará o que quiser; do arrastamento de outros, porém, é bom que o não faça, porque isso já lhe trará outras responsabilidades.

Viva, VPV!

Também eu não gosto da senhora em causa.

È pur...

Se não perdeu a lucidez e o sentido da conveniência e do ridículo, V., VPV, estará, a estas horas, bem arrependido de ter partejado (perdão, "parido" é mais apropriado) tal post.

É que, com ele, abriu portas para que logo surgisse, em catadupa, o pior que tem a idiossincrasia portuguesa.

Não crê? Acha que exagero? Então, convido-o a que leia com atenção o chorrilho de dores, invídias, necessidade de deitar abaixo que por aí ficou esparramado, até em alemão, imagine! Ainda por cima, cereja no topo do bolo, quase tudo anónimo, como convém a cobardolas que muitos de nós somos e, uma vez mais, aqui ficou demonstrado ex abundante.

V., VPV, é capaz de muito melhor. Está bem capacitado para ir além, muito além, da mera peixeirada de frustrados verrinosos, que da vida retiram como única satisfação não permitirem que alguém - seja quem for, até um VPV! - saia da mediocridade rastejante em que eles próprios se movimentam. A célebre invídia e necessidade de rebaixar o outro para, com isso e porque de outro modo não o alcançam, se levantarem eles, tão característica de portugas menores.

V., VPV, é capaz de bem melhor. Como já provou. Mesmo por muito ácido que se mostre - o que não constitui defeito por si só, mas é pecado mortal quando, consciente ou inconscientemente, arrasta outros menos preparados para tais aventuras.

Porquê, então, dar cobertura e, pior do que isso, suscitar uma tal merdice? Com a experiência que tem, certamente que não desconhece que, quem na merda chafurda, amerdado sai.

Ora, experimente lá apagar o post e tudo o que se lhe seguiu, pomposamente arvorado em comentário! Verá que, chegado à janela aí de casa, o sol lhe parecerá mais brilhante e primaveril... vivificante, enfim!

A vida, VPV, não é isso, negação constante e amerdamento. É, pelo contrário, afirmação, luz, construção.

A continuar como está... porra!

...
Cumprimentos desanimados

...

6 comentários:

H. Sousa disse...

Exactamente, meu amigo, fez muito bem em pôr o comentário, na minha opinião.
É pelas razões que invoca que nunca saímos da cepa torta. Não é por causa de A, B ou C que estamos mal, é a mentalidade que nos tolhe.

Ruvasa disse...

Viva, H.Sousa!

Obrigado pelo apoio.

Esta é uma batalha que venho travando de há longos anos a esta parte. Ingloriamente, mas sem esmorecer.

Enquanto as coisas correm apenas no chamado povoléu, que somos nós, os cidadãos comuns, é feio, mas há que tentar compreender e... perdoar.

Quando, porém, passa para os "príncipes da opinião pública e, principalmente, publicada" (deixe-me que use este eufemismo, para não abusar...), meu amigo, aí, então, não há que ter peias.

É chegar-lhes, porque têm responsabilidade elevada a potência correspondente à influência que exercem em espíritos fracos.

Abraço grande

Ruben

PortoCroft disse...

"...têm responsabilidade elevada a potência correspondente à influência que exercem em espíritos fracos"

Bravo, caro Ruben.

Apesar de, os chamados "Opinion Makers" ou figuras publicas, quando se saiem com coisas destas, em público, só merecem uma coisa: desprezo!

Ruvasa disse...

Viva, Croft!

Obrigado.

A sociedade portuguesa está a precisar de uns abanões fortes para que acorde da modorra em que a vão pondo certos iluminados que nada são capazes de construir, revelando-se, porém, verdadeiros artistas do mal-dizer e do bota-abaixo.

Claro que não sou ninguém para ser ouvido e acatado. Tenho, no entanto, a secreta esperança de que água mole em pedra dura... e que, com mais umas centenas, milhares de portugueses fartos desta triste sina em que nos puseram, seja possível algo fazer que nos dignifique.

Anseio mirífico? Pois que seja...

Abraço forte

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Foi uma grande 'baixaria' do vpv...

E por falar em 'baixaria' que me diz do facto de o ex-PR Mário Soares não ter cumprimentado o recém-eleito PR Cavaco Silva?

Um abraço de Oeiras com saudades da Arrábida. :)

Ruvasa disse...

Viva, Isabel Magalhães!

Claro que foi uma grande baixaria. Como outras. Mas o blog terminou, após 9 semanas de vida. Foi ontem à noite. R.I.P.!

Se voltar mudado, tudo bem; caso contrário, o melhor é ficar-se lá por onde está agora.

* * *

Quanto às indelicadezas de Soares, não surpreendem ninguém.

Fazem, já de há muito, parte do anedotário da superioridade moral da "Sinistra portuguesa"...

E só se admira com ela quem se esqueceu já de tantas e tantas outras que o homem teve.

Vejamos, a título de exemplo, duas:

1 - Corria o ano de 1995, na fase em que o então pr, andava todo assanhado contra o Governo, que queria derrubar a todo o custo, mas sem coragem para a dissolução, pelo que, depois do Congresso Portugal que Futuro e outras coisas do género, no decurso de campanha eleitoral disfarçada de presidência aberta, aconteceu...

Na região de Lisboa, teve esta saída, do alto do autocarro em que seguia a comitiva e em alta grita, dirigindo-se a um polícia que, tendo sido para ali enviado em serviço, tentava dirigir o trânsito e proteger a comitiva:

- Ó sôr guarda, tá a óvir? Saia daqui p'ra fora, desapareça, óviu? Ninguém o quer aqui. Desapareça.

Tudo isto foi transmitido pelas estações televisivas.

2 - Recordar-se-á, certamente, das inconveniências e ofensas que o mesmo senhor fez à colega que, no Parlamento Europeu, os parlamentares preferiram a Mário Soares, em eleição democrática.

Quer melhores exemplos de até onde pode ir a célebre abertura de espírito e bonomia de Soares?

Aliás, é bem sabido que, quando secretário-geral do PS, ninguiém no Largo do Caldas o suportava.

A epopeia soarista é longa...

Abraço igual para si, que tão bom gosto demonstra ao dizer-se saudosa da Arrábida.

Ruben