segunda-feira, fevereiro 28, 2005

218. É obra!

benfica.jpg Posted by Hello

Deixem-me falar um pouco do “meu” Benfica de hoje, que esteve irreconhecível e podia tê-lo estado muito mais, não fora a circunstância de giocare troppo “giovanotto”.

1. Pela primeira vez, em muitos anos, vi a “minha equipa” entrar em campo para defrontar o F.C.Porto, sem que os seus futebolistas aparecessem logo todos borradinhos de medo, receando o que o adversário lhes pudesse fazer.

2. Se é verdade que nem sempre se acerta, não menos o é que é impossível a alguém errar de todas as vezes que actua. Assim aconteceu hoje com o allenatore transalpino, de seu nome Giovanni Trapattoni. Desta vez, talvez por primeira vez, depois de já muitos meses ao serviço do SLB, não errou logo de entrada e deu a táctica correcta.

3. Mas – há sempre um mas… – ao italiano falta, mesmo quando tudo lhe corre de feição, o golpe de asa que distingue os meros treinadores dos bons treinadores. É que, da forma como as coisas estavam a correr na primeira parte, em que o Benfica dominava sem problemas de maior, qualquer treinador minimamente capaz de arriscar um pouco mais, qualquer treinador que se preze e que queira discutir o primeiro lugar no fim da prova, algo teria feito, para desequilibrar as coisas no sector decisivo, o da finalização, onde as vitórias se fabricam, onde das derrotas se foge.

Já todos, porém, conhecemos as limitações della vecchia volpe. E, assim, já ninguém se surpreendeu com o facto de ele nada ter feito para, em golpe de asa, virar as coisas definitivamente a favor da sua equipa. Mais conservador do que o seu compatriota Giulio Andreotti, alinha 11 tipos para mandar lá para dentro e, mesmo que essa equipa, desde o primeiro minuto, se mostre incapaz de desenvolver jogo que se veja, ele não lhe mexe, a não ser que o adversário o faça primeiro e nunca antes de sofrer um golo, lá para os últimos 20 minutos da partida. Terá aprendido assim há 40 anos, assim continua 40 anos depois, mesmo que a vaca tussa, de engasgada e envergonhada.

Cada qual tem o Giovanni Trapattoni que pode. Nós, benfiquistas, temos este. E é assim que, depois de muitos anos sem ter uma oportunidade para desfeitear os portistas no seu próprio estádio, quando ela surgiu, qual milagre, o Benfica tinha no banco il signor Giovanni Trapattoni. O que, diga-se, é dose para... leão.

Não tem que saber. Há que esperar pela saída deste Trapattoni e a vinda de outro Trapattoni, menos Trapattoni do que este Trapattoni.

Que sina esta, hein?!

217. Late afternoon thought... (lviii)

Não há malquerença
que resista à persistente bondade.
Ruvasa

216. Pedido de auxílio

a_lareira.jpg Posted by Hello

Peço - e desde já muito agradeço - que, quem vir este post e a foto nele aposta,
me esclareça acerca do título do quadro reproduzido e do respectivo autor.
A despeito de muitas pesquisas, incluídas consultas a gente ligada à História da Arte,
ainda não consegui obter a mínima informação.

215. Revisitando a formiga e a cigarra

Ao correr da Primavera
formiguinha de labor,
com sério e justo trabalho,
acumulou com amor
boa comida, agasalho.

O que ela pretendia
Com tal labor e suor
Era ter comida em dia
que pudesse sustentar
todo o bichinho faminto
que vivia lá no lar
pr’a não chegar ao inferno
no tempo que é de Inverno.

Todavia, já Verão,
veio o tempo da cigarra,
metida com toda a garra
naquela história de jeito,
de que nada percebia
– e nem do PIB, aliás… –
e o trabalho antes feito,
foi deitado para trás…

- Agora já não é tempo
de colher e de guardar
para quando nada resta!
Para que estar a estragar,
este tempo que é de festa?

E folgou-se à desgarrada…
Uma festa bem bonita,
uma farra sem parança,
que durou toda uma fita…
Todo o Verão foi sem dono
e chegou mesmo a entrar
bem fundo lá do Outono.

Cantoria desatada,
com modinhas muito giras
e danças ainda mais,
já estava a sina traçada
com muitos sambas e viras
tudo, tudo aos ais, aos ais.

Nada então alguém colheu,
Que pudesse preencher
o que a formiga deixara,
e a cigarra dissipara…

Foi então que, certo dia,
olhando para a despensa,
a cigarrita, alarmada,
e que só em festa pensa,
viu que tudo já se fora
e nem lhe restava agora
o saber fazer de novo.

Como, então – que triste sina! –
afrontar o tempo duro,
do Inverno que lá vinha?
Com comida que não tinha?
Vá cigarra pensa bem,
sobretudo bem depressa.
Diz lá como resolver,
diz lá como sair dessa.

E a solução descoberta
foi sair em correria
e deixar a porta aberta,
a bater com ventania.

Em desabrida se foi,
tudo largou com terror,
pois bem se sabe que mói,
trabalhar com bom labor.

E é então que, Inverno alto,
a formiga de trabalho,
já prevendo o sobressalto
mas sem qualquer agasalho,
chegada à porta que bate
e à despensa bem vazia,
vê o grande disparate
de que a cigarra fugia.

E vá de, então, novamente,
as mangas arregaçar,
começando a trabalhar,
deitando a prima semente.
E com essa outra também,
há que não parar a faina…
Mas logo que o tempo amaina,
eis que a cigarra lá vem.

.......


E não é que La Fontaine,
sendo primo da cigarra,
como a fome já não teme,
lhe devolveu a guitarra?

Em termos sucintos fica,
aqui dita toda a história.
Para ninguém é vitória…
Que sirva ao menos de dica!


* * *

Serve esta história para, em parte, responder ao meu caro José Manuel, 43 anos, arquitecto, Lisboa, que, no post “Alguém duvidava de que eles são assim?”, veio amavelmente chamar-me a atenção para as malfeitorias cometidas pelo governo PSD/CDS-PP dos últimos três anos.

domingo, fevereiro 27, 2005

214. Amor do povo…

Estes amam o povo, mas não desejariam, por interesse do próprio amor, que saísse do passo em que se encontra; deleitam-se com a ingenuidade da arte popular, com o imperfeito pensamento, as superstições e as lendas; vêem-se generosos e sensíveis quando se debruçam sobre a classe inferior e traduzem, na linguagem adamada, o que dela julgam perceber; é muito interessante o animal que examinam, mas não tente o animal libertar-se da sua condição; estragaria todo o quadro, toda a equilibrada posição; em nome da estética e de tudo o resto convém que se mantenha.
(…)
Amor do Povo”, “Ir à Índia sem abandonar Portugal, Considerações, Outros textos”, Agostinho da Silva

213. Reflexão matinal... alheia ( 15 )

Há momentos em que calar é mentir.
Miguel de Unamuno

212. Rembrandt. "A aula de anatomia..."

A aula de anatomia do médico Nicolaes Tulp, 1632, Haia
Rembrandt Van Rijn (July 15, 1606 - Oct. 4, 1669)

anatom.jpg Posted by Hello Click na imagem, para ampliar

sábado, fevereiro 26, 2005

211. Late afternoon thought... (lvii)

Será que ninguém nos amar mais do que nós próprios,
se deve à circunstância de ninguém nos conhecer tão mal assim?
Ruvasa

210. A encruzilhada do PSD

O PSD está reunido em Conselho Nacional. Impunha-se esta reunião. Deveria ser o princípio de uma reflexão profunda a fazer-se no partido. Reflexão que deveria ser continuada até ao e no inevitável Congresso.

Mais, muito mais do que pensar em nomes que sucedam a Pedro Santana Lopes na presidência do partido, há que analisar tudo quanto se passou e daí tirar as inevitáveis consequências, sem o que qualquer sucessão não passará de um mero apear, de uma mera mudança do homem sentado na garupa do poder laranja.

É, porém, já com algum desconforto e certamente muito apreensão que as bases sociais-democratas constatam a pressa de alguns “baronetes” que logo se acercaram da linha de partida de uma corrida que ninguém em seu perfeito entendimento, portanto no pleno uso de todas as faculdades de raciocínio, quer que aconteça, sem que se reveja o passado e dele se tirem as ilações devidas.

E essa preocupação, essa terrível ansiedade do militante anónimo – que nada quer do partido, mas que tudo é capaz de ao partido dar, como, ao longo destes 30 anos de vida, foi inúmeras vezes provado – crescem na medida em que os nomes que, em bicos de pés, vão surgindo são de gente “velha e relha” que, a uma primeira vista, pouco ou nada acrescentará em favor do partido e do seu projecto de sempre.

É que o Partido Social Democrata, para além da reflexão acima referida e da assumpção de erros e omissões, responsabilidades, enfim, tem que, decidida e corajosamente, interiorizar a necessidade de tomar decisões de fundo, graves – provavelmente dolorosas como partejamentos – e históricas, para que, com seriedade, possa, em próximas oportunidades eleitorais, apresentar-se perante o decisor final – o cidadão comum que vota – em condições de este o levar a sério.

Certamente que muitas terão que ser as medidas que deverão ser tomadas sem postergação. No entanto, três parecem mostrar-se as mais urgentes e decisivas:

00001. Fazer o balanço do passado recente e acertar contas internas, já que, para além das responsabilidades de quem agiu em nome do partido, como seu legítimo representante, há que apurar a de militantes que objectivamente contribuíram, por acção, bem mais do que por simples omissão, para o descalabro verificado.

Na verdade, o PSD não mais pode dar-se ao luxo de acolher no seu seio quem se comporta para consigo como nem o seu pior inimigo faz. O PSD não pode deixar que, por anos e anos seguidos, por dirigentes e dirigentes consecutivos, militantes seus alegre, impune e irresponsavelmente usem tribunas públicas de que dispõem para menorizar o partido em que estão inscritos, no pressuposto de que o defenderão sempre, e quem legitimamente o dirige, para lhe fazer guerra que nem os adversários mais radicais fazem. Com a agravante de a sua voz não ter sido cortada no partido, pois que, nos seus órgãos, nem sequer tentam usá-la para as críticas e ataques que julguem por bem desferir, já que propostas construtivas parecem não ser capazes de apresentar, quanto mais de levar alguém a apoiá-las.

00002. Proceder a uma profunda renovação de quadros dirigentes. É evidente que, salvaguardada uma pequena e respeitável minoria, a esmagadora maioria dos actuais quadros está ultrapassada pelos novos tempos, pelos novos conceitos de vida e de política, mostrando-se ainda excessivamente apegados a concepções políticas que nada têm que ver com a realidade actual.

Na verdade, sendo os tempos outros, bem diversos daqueles em que eles fizeram a sua aprendizagem nos meandros da política, há que ter a noção de que o partido cada vez mais os terá que dispensar e passar a dar lugar a gente com outras perspectivas, outro modo de estar na vida e na política, forma diversa de encarar a sociedade portuguesa actual, com as suas também actuais necessidades e vontades, sem que, no entanto, se atraiçoem os valores constantes por que o Partido Social Democrata sempre se bateu e terá que continuar a bater-se.

Os velhos políticos da velha política terão que convencer-se – ou disso ser convencidos – de que este tempo já não é o seu, se não renovarem práticas rançosas, por ultrapassado o prazo de validade. O que ontem era bom ou, pelo menos, aceitável, há muito que deixou de o ser, pelo que há que encarar esta dura e crua realidade.

Tais políticos terão, assim, que dar lugar a quem possa estar na calha e mostre aquilo que eles já não conseguem evidenciar: o necessário aggiornamento, a indispensável actualização, até a não afastável vontade, que evitam que se perca o comboio, sempre em inexorável marcha para a frente.

É certo que este divórcio entre a sociedade portuguesa actual e as suas necessidades essenciais e o discurso e a prática políticos de quem se deixou ficar para trás não se verificou apenas no PSD, mas em todos os partidos portugueses. Dos outros, porém, outros que cuidem. Do PSD, terão que ser os seus militantes. E quanto mais relevantes cargos tenham assumido, no passado e no presente, maiores as responsabilidades que terão que chamar a si na assumpção da necessidade da renovação do partido.

O partido tem, aliás, todo o interesse em manter essa reserva de experiências passadas, congregada e participativa, pelo que não parece despropositada uma solução que passe pela criação de um novo órgão partidário onde tenham assento esses homens e essas mulheres que desempenharam cargos de relevo e úteis para o partido e para o país, órgão esse que funcionaria a título consultivo e a instâncias do presidente do PSD ou da Comissão Política Nacional.

00003. Finalmente, consagrar, na eleição dos órgãos dirigentes, designadamente do presidente do partido, a solução que o PSD foi – há bons anos atrás – o primeiro a referir como a que se impunha, pela maior democraticidade que a enforma, mas a que, a continuar como está, acabará por ser o último a implementar, ou seja, a do voto secreto de todos os militantes ou “directas”, como se prefira chamar-lhe, em preterição do recurso aos colégios eleitorais que, como sem esforço se compreende, são muito mais facilmente manipuláveis, face aos enormes interesses sempre em jogo, jogados em tabuleiros fora das vistas gerais.

Partido de tal modo democrático que frequentemente quase raia a anarquia mais pura e dura, o PSD tem que ter em linha de conta estas três necessidades e dar-lhes rápida mas ponderada resposta. Neste preciso momento, sem o que facilmente se descredibilizará de forma irremediável.

De bom aviso será, portanto, que, na pressa de tudo resolver de supetão, mascarando a dura realidade, por força de interesses particulares e menores, políticos de corredor uma vez mais deitem tudo a perder.

O País necessita de um PSD renovado, de ideias arejadas e pujante, tão rapidamente quanto possível, mas não tão apressadamente que tudo acabe por saldar-se num rotundo e muito frustrante fracasso. Porque o País vai precisar de um PSD nestas condições muito mais cedo do que alguns imaginam. Infelizmente, mas com toda a certeza, dadas as experiências anteriores da recentemente sufragada solução governativa socialista.


Ruben Valle Santos
mil 29715

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

209. O enterro dos cavaquismos

A não perder...
ooooooo20 Fevereiro. O enterro dos cavaquismos
oooooooContinuação: O enterro dos cavaquismos
Rui Ramos, in Portugal Diário

208. Late afternoon thought... (lvi)

Jamais alguém te amará mais e melhor do que tu próprio.
Ruvasa

207. Uma vez ridículo...

O Presidente da Internacional Socialista, António Manuel de Oliveira Guterres, de seu nome, anunciou que vai deslocar-se a Bagdad.

Finalidade da visita:

Dar uma aula de democracia aos partidos iraquianos.

É bem verdade que uma vez ridículo, ridículo para sempre…

206. Adivinha

"Homem de cabelo grisalho, também muito conhecido pelo gosto de usar túnicas cor-de-rosa, das que não chegam a cobrir os joelhos".

De quem se trata?

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

205. Pôr-de-sol...

...em Sintra-Cascais

2003-0903 012.jpg Posted by Hello (c) Isabel Valle Santos - Setembro'03 - Click na foto, para ampliar

terça-feira, fevereiro 22, 2005

204. Alguém duvidava de que eles são assim?

Mário Soares, há pouco, na SIC, em resposta a pergunta sobre o facto ter sido intencional ou não o apelo que fez à maioria absoluta do PS, quando no domingo foi votar:

- Claro que sim. Eu não sou mentiroso. Era aquilo que eu queria.
(a transcrição não é textual, mas não adultera a substância).

Este é o senhor a que muitos chamam “pai” da democracia portuguesa. “Pai” que não respeita a “filha” e que nem se dá ao trabalho de mostrar algum pudor, disfarçando-o. “Pai” que é capaz de “desonrar a filha” desta forma abrupta e, não contente com isso, ainda do facto se vem jactar, com a arrogância que se vê. Com "pais" assim, como é que queriam que a "filha" estivesse, se não a calcorrear as ruas da amargura e da ignomínia?

Neste processo que conduziu à eleição do PS, tudo valeu. Foram ultrapassadas todas as barreiras da decência. E toda a confraria se juntou e não olhou a meios nem poupou esforços.

A começar por Belém e a acabar no Campo Grande.

Portugal está bem entregue. Agora, sim, está mesmo muito bem entregue.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

203. Resultados do PSD e responsabilidades a assacar

Os resultados eleitorais obtidos pelo Partido Social Democrata na noite de ontem contêm várias explicações e responsabilidades diversas e de graus, também eles, diversos.

1. Desde logo, há que não esquecer que, nestas circunstâncias, é natural que se pense nos dirigentes do partido como primeiros responsáveis. E, de entre eles, o principal será o respectivo presidente, Pedro Santana Lopes.


É da natureza das coisas que assim seja e não há que criar ilusões ou mesmo iludir seja quem for. Nem o próprio Santana Lopes – que não sofre de cobardia nem de dissimulação como tantos que por aí há – se furtará a essas responsabilidades. Porque a estratégia não terá sido a melhor, para o momento que se vivia, e as dificuldades que havia que defrontar não o foram nas condições em que o deveriam ter sido e igualmente, porque, algumas vezes, mais do que seria admissível, se deu o flanco ao adversário, quando tudo alertava para que isso não pudesse, de forma alguma, acontecer, uma vez que a base de que se partia constituía, já de si, handicap terrível.

De qualquer modo, porém, há sempre que atender que PSL foi subitamente colocado numa situação terrivelmente incómoda, toda ela pré-concebida em Belém e arredores amigos, tendo mesmo começado a ser dura e cobardemente atacado muito antes de ter sido investido nas funções de primeiro-ministro. Digo-o aqui frontalmente: nunca fui particular admirador de Santana Lopes, mas os descabelados, cobardes e infames ataques de que foi alvo, que nenhum político português, incluindo Sá Carneiro, alguma vez sofreu, impõem-me o dever, que não alieno, de me revoltar com a situação. E sei que muitos assim pensam.

2. Há, depois, que não subavaliar o trabalho insano e vitorioso de quase toda a Comunicação Social – salvo raríssimas excepções invadida por autênticos comissários políticos e até moços de fretes, disfarçados de jornalistas – que tudo fez para derrubar uns e alçapremar outros mais de sua feição, em nome de interesses escusos, que jamais se mostram à luz do dia, mas que, da penumbra, comandam as puppets-on-a-string que, alarve e alegremente, lhes fazem o jogo.

A campanha foi, na verdade, um corropio de favores políticos e parcialidades como nunca se vira. Ultrapassou-se tudo o que a imaginação de qualquer salafrário pode congeminar. Para bem da sociedade que somos, é muito urgente que se reveja a legislação relativa à prática jornalística, regulando a actividade em termos democráticos e, nos mesmos termos, responsabilizando quem deve sê-lo, sempre que actue com total desprezo por regras deontológicas e de decência social e política.


Estando já a ser fortemente condicionados por um poder que, além de não ser escrutinado, como qualquer outro em regime democrático, é servido, na esmagadora maioria dos casos, por indivíduos ao serviço de interesses que não são os da comunidade geral, a continuarmos assim, serão esses todos poderosos escrevinhadores e palradores – em grande parte pouco menos do que analfabetos e, pior, desrespeitadores de todas as regras democráticas – quem nos governará a seu bel-prazer, a mando dos encapotados mandatários.


Vemos muita gente a indignar-se com a possibilidade de se estar a entrar em fase de domínio de uma “república de juízes - que não existe, nem em perigo meramente imaginado em noite de insónia - e, todavia, ninguém se preocupa com a verdadeira “república de safardanas travestidos de jornalistas” e outros de igual cariz que efectivamente determinam tudo o que se passa no nosso quotidiano, esses sim, perigo real e bem presente. "República" opressora de consciências e mentalidades, cujos servidores estão isentos de escrutínio, não sendo, pois, sujeitos a repressão democrática.

Não pode ser. Há que rapidamente reconduzir cada qual a su sítio, ao lugar que lhe compete, com os poderes que democraticamente lhe podem ser conferidos e não mais do que esses. Porque a classe jornalística ultrapassou já todos os limites que a decência lhe manda que respeite.

3. A derrota do Partido Social Democrata teve, porém, outros protagonistas decisivos e de maior culpa que todos os restantes, dirigentes do partido incluídos.

Há quem seja levado a afirmar que o que aconteceu ontem foi uma derrota de Pedro Santana Lopes. Pode ser que sim. Certamente que o será, para todos os efeitos. No entanto, foi igualmente, foi principalmente, uma derrota do Partido Social Democrata.

Há que não iludir a questão, que é clara e insofismável. Qualquer derrota de um determinado partido é sempre uma derrota de quem o dirige, é certo, mas é, acima de tudo, uma derrota do próprio partido. É como derrota do partido que ficará assinalada na História. Há que ter isto sempre presente, para não se cair no logro que alguns pensadores de pochette, filósofos de filosofias alheias, querem impingir ao cidadão comum, assim se resguardando de possíveis represálias por atitudes absolutamente impróprias, indignas mesmo, que tenham tomado e que, de forma decisiva, determinaram essa derrota do partido em que estão inscritos e dos quais se dizem militantes.

Nesta oportunidade, três desses soi-disants militantes assumiram atitudes demasiadamente graves para que sejam caladas e esquecidas. Não. Essas atitudes, pelas condições em que se verificaram e pela gravidade de que se revestiram não podem ser deixadas cair no esquecimento. E os seus autores apontados em praça pública e para eles pedida e decidida a correspondente e justa sanção. Porque o crime não pode compensar. E o crime implica castigo correspondente e na medida adequada.

São eles:


Marcelo Rebelo de Sousa
Aníbal Cavaco Silva
José Pacheco Pereira


Nem vale a pena estar a referir os pecados de Sousa, Silva e Pereira. Eles estão bem vivos na memória de todos, para que seja necessário estar aqui a referi-los uma vez mais. Bastará que se refira


a) o maquiavelismo, desta vez pouco cuidado, do Sousa, nos comentários políticos verrinosos, na maioria dos casos por factos menos verídicos, que semanalmente fazia na tablóide TVI, os quais continham dose qb de invídia, e toda a parte gaga da sua saída da TVI, escândalo congeminado e armado artificialmente pelo fazedor de cenários, como hoje facilmente se constatou já, pelo receio de que um seu adversário político de tantos anos viesse a conseguir o que ele não conseguiu e jamais conseguirá, com isso demonstrando à saciedade o quanto o reisinho vai em pelota, ou seja, e para resumir, uma mera questão de ciumeira sen tento transformada em assunto de Estado;

b) os recados – diz que disse mas não disse e podia ter dito ou vive-versa e antes pelo contrário – bem reveladores da incapacidade de se mostrar minimamente frontal, por parte do Silva, que quer mas não quer, mas talvez não queira ou provavelmente quer, e que, afinal, sempre escreve a deitar abaixo, embora já não surpreendendo quem não tenha memória curta (a atitude dele para com Fernando Nogueira, em 1995, é bem ilustrativa do que é capaz…);

c) e a compostura – falta dela? – do Pereira, maldizente de profissão natural e única, cujo objectivo singular na vida consiste em denegrir tudo e todos, principalmente se se tratar do PSD, o que faz de há um ror de anos a esta parte, por tudo quanto é sítio, sem que se mostre capaz de erguer seja o que for, de construir mísero barraco onde possa acolher-se das intempéries que as suas incapacidades provocam (alguém lhe conhece a mínima obra concreta?), nem mesmo a simples atitude de se demitir do partido que tanto ataca, para, com isso, galhardamente, não obter réditos avultados à custa da sua filiação no PSD que não respeita e até despreza,

para que todos, no sótão das nossas recordações, vejamos materializar-se os enormes prejuízos que causaram ao Partido Social Democrata estes seus putativos defensores. É que uma coisa é alguém de outro partido atacar o PSD; outra coisa bem diversa e com efeitos bem distintos é esse ataque provir de um filiado social-democrata. Principalmente com o estatuto de que estes por enquanto ainda gozam.

É certo que um deles, o Sousa, mais precisamente, já terá começado a ser punido. Aconteceu ontem à noite, na RTP1, quando António Barreto (os sociais-democratas sem voz te saúdam e agradecem, ó António!), o despiu ali mesmo, afirmando, sem véus, que os "feitos" de alguns nomes do PSD, que honradamente nomeou, muito teriam prejudicado o partido. E nem o facto de – misericordiosamente talvez, por interesses comerciais, quiçá – os novos patrões do Sousa terem, de imediato, cortado a conversa, que tiraram do ar, metendo atabalhoadamente uma ligação ao exterior, o salvou da nudez pública e... impudica.

Mas não chega.

O mal, os tremendos prejuízos que estes filiados no PSD - seus putativos amigos e defensores, portanto - causaram ao partido em que se acolhem, contribuindo, mais do que ninguém, para a sua derrota, atendendo às posições que detêm, tanto no imaginário português como nos meios de comunicação social, têm que ser reparados de alguma forma. A honra do Partido Social Democrata assim o exige.

Por mim, não tenho dúvidas em aqui o declarar frontalmente:

Os causadores dos maiores agravos ao PSD, os maiores responsáveis pelo mais acentuado fracasso eleitoral do PSD, desde que existe, são os senhores Sousa, Silva e Pereira. Acuso-os, pois, de terem objectivamente prejudicado de forma muito grave o partido em que estão inscritos como militantes, facto que não pode ser ignorado e deixado passar em claro.

Se se tratasse de assunto militar, dir-se-ia que qualquer deles cometeu traição ao partido, em tempo de guerra. Tal crime é, como se sabe, punido com fuzilamento puro e simples, no próprio local do feito. Aqui, não cabe essa figura, até porque um partido político não é um país, nem a campanha para uma eleição uma guerra. No entanto, mutatis mutandi, há que tomar as medidas necessárias a que não fiquem impunes.

Sou da opinião de que, no mínimo, devem os referidos senhores ser publicamente convidados a, motu proprio, se desvincularem do partido, indo à sua vida. O que já será uma atitude contemporizadora, tendo presente que a medida adequada será, pura e simplesmente, a instauração de competente procedimento disciplinar com vista à sua expulsão definitiva.

4. Evidentemente que, em relação ao Silva, há que não esquecer que, depois do que se passou agora, apoiá-lo, no caso de vir a atrever-se a candidatar-se à Presidência da República, será causar no PSD uma profundíssima divisão, com efeitos nefastos para o partido, uma vez mais.

Esperemos para ver.


Por mim, ciente, embora, de que pouca mossa poderei causar, declaro que lhes darei luta sem quartel, enquanto tiver forças para tal.

E desde já afianço que muito descansado fico pelo facto de este blog estar alojado em servidor estrangeiro...

202. Três discursos

Acabo de ouvir três discursos. Dois deles dignos.

Destes, um de cansaço e renúncia - compreensível; o outro - talvez ainda mais compreensível - de não resignação e de continuação da luta contra injustiças e traições de quem estava obrigado a outro tipo de actuação, bem diverso.


Nada pode ficar como antes. A bem da moral, espera-se que não.

domingo, fevereiro 20, 2005

201. Siga as eleições a par e passo

LEGISLATIVAS
2005

Siga o acto eleitoral e os resultados oficiais
O
O
Comissão Nacional de Eleições
Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral.
(aqui só após o encerramento das urnas nos Açores - 20 horas)

200. Belezas da Argentina (6)

Quando el condor pasa...

DSCF0139.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa Nov'04 - Click na foto, para ampliar

199. Belezas da Argentina (5)

Pormenor do Glaciar Perito Moreno, Argentina

DSCF0127.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa Nov'04 - Click na foto para ampliar

198. Maravilhas do Chile (6)

Outro aspecto magnífico da Avenida dos Glaciares, Chile

DSCF0036.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa Nov'04 - Click na foto, para ampliar

197. Maravilhas do Chile (5)

Avenida dos Glaciares, Glaciar França, Chile
o
DSCF0040.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa - Nov'04 - Click na foto para ampliar

sábado, fevereiro 19, 2005

196. Sobre as moscas das praças

Foge, meu amigo, refugia-te na tua solidão! Vejo-te aturdido pelo estrondo dos grandes homens e apoquentado pelo aguilhão dos pequenos.
Os rochedos e as florestas saberão conter-se gravemente, na tua companhia.
(...)
Onde a solidão acaba, começa a praça; e onde começa a praça, começa também o alarido dos grandes comediantes e o zumbido das moscas venenosas.
As melhores coisas do mundo nunca são apreciadas se não houver alguém que as apresente; é a esses apresentadores que a multidão chama grandes homens.
A multidão nunca tem a noção do que é grande, quero dizer do que é criador. Mas é sensível aos apresentadores e aos actores das grandes causas.
O mundo gira à volta dos inventores de valores novos; gira num movimento invisível. Mas à volta dos comediantes gira a multidão e a glória; e diz-se "assim vai o mundo".
(...)
Tudo o que é grande foge da praça e da fama; é sempre longe da praça e da fama que os inventores de valores novos vivem.
Foge, amigo, refugia-te na tua solidão! Vejo-te atormentado pelas moscas venenosas. Refugia-te onde sopra um vento áspero e forte!
(...)
Os teus próximos serão sempre moscas venenosas; a tua grandeza não faz mais do que torná-los mais venenosos e mais importunos.
Escapa-te, amigo, refugia-te na tua solidão onde sopra um vento áspero e forte! O teu destino não é ser enxota-moscas.
"Sobre as moscas das praças", in "Also sprach Zarathustra", Friedrich Nietzsche

195. A última ceia e Leonardo Davinci

The last supper
by Leonardo
lastsupp.jpg Posted by Hello

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

194. Late afternoon thought... (lv)

Nada causa tanta frustração
como a busca da Verdade.
Ruvasa

193. Belezas da Argentina (4)

Glaciar Perito Moreno, Argentina

DSCF0112.JP Posted by Hello (c) Ruvasa - Novembro '04

192. Razões por que Pacheco permanece no PSD (4)

Chegados ao último desta série de posts dedicados a explicar as razões por que José Pacheco Pereira permanece agarrado ao PSD, qual lapa contraditória, explicadas já as vertentes mais abstractas, mas nem por isso menos importantes, cabe agora abordar a mais concreta e tilintante e refulgente, na verdade a decisiva, como adiante facilmente se perceberá. E esta explica-se de forma muito expedita e nada cansativa para o leitor.

Vamos lá então a isso.

Como é comummente sabido, há já bons anos que o nosso amigo JPP - pensador de um só pensamento e crítico de incontáveis críticas - pleno de força moral e pruridos de político de comportamento irrepreensível, capaz de atirar pedradas a tudo e todos, como se protegido por telhados de vidro inquebrável, é chamado a integrar painéis de comentaristas políticos de TV, designadamente na SIC. Onde, como se sabe, por via de regra, se entretém a zurzir forte e feio no PSD e em todos que o dirigem, hoje um, amanhã outro e assim sucessivamente sem cessar, em jeito de intravável sem-fim.

Anteontem mesmo, como terá ouvido quem assistiu ao programa Quadratura do Círculo, em que agora participa, com José Magalhães, do PS, e António Lobo Xavier, do CDS-PP, este último o encravou de forma notável – foi muito visível e constrangedor o tremendo embaraço em que a criatura ficou, corado como menino de escola apanhado em flagrante maroteira… – quando referiu que amigos seus lhe manifestavam amiúde estranheza pelo facto de, nesse programa, o PSD não estar representado…

Pois bem, para esse e outros programas similares, Pacheco Pereira só é convidado, pela a sua qualidade de filiado no PSD. Se o não fosse, não receberia qualquer convite. Estará lá, pois, em representação do Partido. Não, evidentemente, uma representação oficial em nomeação do partido – pois que os convites são formulados pelos produtores do programa –, mas, de qualquer modo, está ali por ser filiado no PSD e, assim, é suposto representar, de uma forma geral, os pontos de vista dos sociais-democratas no partido filiados. Porque o que ali interessa é a opinião dos filiados do PSD e não a do senhor JPP, desde que não se conforme com a outra.

Logo a partir daqui se retira que, agindo como age, fá-lo abusivamente, pois actua ao completo arrepio do sentido político dos seus co-filiados e do PSD, ele mesmo. E em total prejuízo de ambos.

A coisa foi já tão longe e a má consciência ataca-o já de tal maneira que - surpresa das surpresas! - sentiu mesmo a necessidade de amenizar tal comportamento, razão por que, à vigésima terceira hora, veio em sobressalto afirmar que irá votar no PSD, partido de que é filiado. Ora, a condição de militante social-democrata deveria ser razão bastante para que, em condições normais, ninguém, a começar por ele, alguma vez pudesse pôr em causa, questionar o sentido do seu voto a ponto de ter que esclarecer publicamente qual iria ser. Só esta atitude diz bem do carácter do político do carácter.

Ora, por tudo quanto já se disse, o normal e socialmente correcto seria que, não coincidindo minimamente aquilo que ali diz com os sentimentos dos sociais-democratas, se abstivesse de participar no programa e desse lugar a outro, que melhor expressasse o sentir e modo de encarar a res política dos filiados no PSD. Esse foi o decente e normal comportamento de, a título de exemplo, Nogueira de Brito, sempre que deixou de estar de acordo com a direcção do CDS-PP. Essa seria, igualmente, é de crer, a opção de José Magalhães, a partir do momento em que entrasse em dessintonia com o Ps e seus militantes. Seria assim com qualquer pessoa de senso comum.

Mas não com José Pacheco Pereira, o moralista-mor do reino. Não só pelos motivos já anteriormente explicitados, mas também por outro, qual seja o de que, desfiliando-se do PSD, deixaria de poder continuar no painel do programa, uma vez que ali só têm assento militantes dos três partidos em causa. Ora, imediatamente após a desvinculação do PSD, a pachequiana figura teria de ser substituída.

E aqui está o busílis da questão.

É que a participação de cada um dos senhores em cada programa é paga de forma principesca. Não poderei dizer ao certo a quanto monta a retribuição, porque não li os termos do acordo firmado. No entanto, para além da circunstância de toda a gente saber o quão elevados são os cachets televisivos, posso acrescentar uma pista, a partir de dados concretos de que disponho.

São os seguintes esses dados:

Aqui há 4 para 5 anos, no programa Os donos da bola, também da SIC, cada membro do painel – que ali estava também por ser sócio de um dos três maiores clubes portugueses, portanto configurando modelo semelhante ao dos programas de índole política em que o respeitável moralista tem vindo a participar – auferia chachet que variava entre 650 e 700 contos, (ou seja, entre mais de 3.250 e mais de 3.500 €). Por semana. Trocando por miúdos: rendimento superior em quase 1.000 contos (mais de 5.000 €) mensais ao que auferia qualquer deputado ao Parlamento Europeu e correspondente a quatro a cinco vezes o vencimento de cada deputado ao Parlamento Português. Mutatis mutandi…

Quem é que, depois disto, ainda entende que José Pacheco Pereira não está a usar abusivamente a sua qualidade de inscrito no Partido Social Democrata para fins que essa sua circunstância o não deveria qualificar?


E quem é que entende também que o mesmo senhor estará disposto a tomar a atitude que, em face do comportamento que assume, a consciência de qualquer cidadão comum e normal, naquelas condições, lhe ditaria que tomasse, isto é, desvincular-se do PSD logo que com ele entrasse em colisão de interesses e abandonar o programa?

E, partindo do pressuposto simpático de que o não tivesse feito antes, por mera “distracção de pensador transcendental”, desligado de coisas terrenas e mesquinhas como o é caso do vil metal, se apressasse a corrigir tão grave mas involuntária falta?

Hoje mesmo, para que não restasse a mais pequena dúvida quanto à lisura de processos.

Quod erat demonstrandum…

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

191. Late afternoon thought... (liv)

Tal como tem acontecido a todos os outros "ismos",
o wise-guyismo há-de um dia ser desmascarado e passar de moda.
Ruvasa

190. Razões por que Pacheco permanece no PSD (3)

Vimos ontem que José Pacheco Pereira deve a sua notoriedade, em, mais do que primeiríssima, exclusiva mão, ao Partido Social Democrata, uma vez que, antes de nele se filiar, não passava de um ilustre desconhecido.

Vimos igualmente que, viciado em notoriedade, ele tudo faz para a não perder e, por isso, não corre determinados riscos, como seria o de se desfiliar do partido - curial seria que o fizesse, dado que tanto o ataca por tudo quanto é sítio.

Veremos, hoje, por que razão não pode correr tal risco, ou seja, o de desfiliar-se do partido.

Facilmente se constata que, na verdade, JPP não pode dar-se ao luxo de malbaratar o único trunfo de que dispõe para ser “alguém” na política portuguesa. Para ter voz. Poderá ser de duvidoso valor o papel que desempenha mas, na realidade, há que admitir, dispõe de notoriedade. Bem maior do que o valor intrínseco de que se revela usufrutuário.

É que, desfiliando-se do PSD, o mínimo que lhe poderia acontecer era destino igual ao dos anteriores dissidentes que, com breve e apagadissima passagem por uma efémera ASDI, desapareceram no firmamento, talvez levados por algum ET, certamente enganado quanto aos “crâneos” que terá raptado.

Mas, além dos dissidentes da ASDI, Pacheco Pereira tem em mente outro caso muito sintomático e bem triste, acontecido com alguém que prometia uma carreira política brilhante, se perfilara, na verdade, como estrela em fulgurante ascenção, a quem no PSD, partido tolerante, tudo era suportado, como a qualquer diva mal disposta, por nunca se achar recompensada pelas performances que consegue.

Certamente que todos nos recordamos da célebre arquitecta Helena Roseta. Rodeada de todas as deferências, como se de estrela fulgente se tratasse, acabou por perder a medida das coisas e deu em diva de birras e guerras dentro do partido, até que se foi embora, talvez convencida de que, em outras paragens, teria melhor acolhimento e respeito pela sua inatingível estatura.

Viu-se o que lhe aconteceu.


Saíu do PSD e lá entrou no PS. Prevenidos, porém, do que lá vinha, os socialistas jamais se dispuseram a dar-lhe espaço para que o seu brilho pudesse iluminar tudo em redor. E a estrela rutilante, ofuscante mesmo, perdeu o brilho, fanou-se, foi como se tivesse morrido. Durante algum tempo e por vezes ainda estrebuchou mas, como ninguém lhe prestou a mínima atenção, acabou por ter que conformar-se com o triste fado de se remediar com as migalhas que, muito esparsamente, lhe foram dando, sempre com rédea muito curta. E tudo isto porque a sua soberba a aconselhou mal, levando-a a desprezar o banquete que, até sair do PSD, lhe era diariamente oferecido.

Com tais saídas, perderam muito os ASDIs, perdeu imenso Helena Roseta; ganhou, ganhou muito o PSD.

Ora, sabendo tudo isso e tudo pondo no prato da balança, José Pacheco Pereira sabe também que não pode arriscar-se a cometer semelhante erro de avaliação. Porque sabe que os resultados obtidos por aqueles protagonistas, que intentaram prejudicar o PSD, lhes foram muito adversos. Não pode, pois, cometer suicídios.

Mas, sabe mais:

Sabe que, com ele, seria bem pior!

É que, enquanto os ASDIs ainda conseguiram juntar-se (eram 7 dezenas) e criar uma associação que, nos primeiros tempos, disfarçou o fracasso, e Helena Roseta lá conseguiu um lugarzito de senta-levanta (e nada mais do que isso...) na bancada parlamentar do PS, ele, José Pacheco Pereira de seu nome, nem mesmo essas migalhas conseguiria obter.

Não tendo força para criar qualquer associação cívica - recreativa que fosse… - como os ASDIs, não teria igualmente, a “sorte” de Helena, pois que não há partido algum – nem o PS, imagine-se! – que o queira por perto.

É que "cesteiro que faz um cesto faz um cento". E não há já ninguém no País que não conheça aquilo de que a pachequina criatura é capaz.

Esta, pois, outra vertente da razão para que permaneça no PSD, em vez de tomar a atitude que a integridade intelectual lhe deveria impor que era a de se desvincular do partido, dele se afastar e ir… fazer qualquer coisa longe, bem longe mesmo.

O último dos aspectos dessa razão, que é simultaneamente o mais terra-a-terra, menos transcendente de todos, esse ficará para ser analisado a final.



(termina amanhã)

189. A ignomínia pachequiana

Quem teve oportunidade de assistir ao programa "A Quadratura do Círculo", de ontem, certamente que ficou bem elucidado quanto à ignomínia da pachequiana figura, não em relação a Santana Lopes, mas sim e objectivamente ao PSD, partido que afirma defender e a que se comprometeu por sua honra quando assinou o seu pedido de adesão que, deferido, o fez militante do partido.

Na verdade, é difícil que algum - o mais radical - inimigo do Partido Social Democrata consiga ser tão verrinoso - tão venenoso mesmo - quanto a pachequiana criatura.

Como é possível que um homem daqueles consiga, sem corar de vergonha, afirmar perante as câmaras, que é militante do PSD e quer o bem do partido?

Um homem que diz que vai votar PSD (e sabemos por que o afirma, não pelas altas razões que aponta mas por motivos não tão dignos, que ficarão para outro post...), para, logo de seguida, sem sequer respirar, acrescentar que compreende que quem votou no PSD o faça agora em branco ou se abstenha ou mesmo vote no PS.

Que é isto se não, objectivamente, um apelo descarado, infame, aos votantes do PSD para que votem em branco, se abstenham ou votem mesmo no PS? Só porque convém à sua estratégia pessoal. Mas que falta de carácter é esta?

Imagine-se que até José Magalhães ficou branco, siderado, sem fala!

Isto, senhores, é o despautério completo. É a sem vergonha mais descarada. É algo que nem me atrevo a mais certeiramente qualificar.

É Pacheco Pereira em todo o seu esplendor! Um vómito.

188. A socrática arrogância

Ontem, em comício nocturno, José Sócrates, entusiasmado com a própria verve e afundado no irresistível humor que lhe é conhecido, lançou mais esta:

- Santana Lopes, de tanto dizer que vai ganhar, até parece o antigo ministro da informação de Saddam Hussein que, com as tropas aliadas já dentro de Bagdad, continuava a dizer que estavam a vencer a guerra.

A comparação é infeliz, como se sabe.


E é infeliz não somente porque uma coisa nada tem que ver com a outra, como porque se trata de uma deselegância de gosto duvidoso. O dele.

Pior ainda, por fazer graça deslocada com assunto muito sério - que foi causa de dor de milhões de pessoas, de sucessivos genocídios mesmo - e em relação ao qual ele e os seus camaradas sempre estiveram distanciados e opositores a quem algo fez para acabar com a situação. A seguir a sua estratégia de brilhantismo, que seria a de nada se fazer, ainda hoje não teria havido eleições democráticas no Iraque, continuando, pois, um dos regimes mais ditatoriais no mundo a manter-se no poder e, com isso, violentando, torturando e matando milhões de pessoas.

É a santa e socrática arrogância, pela qual se pode ver no que iria redundar, se ele vencesse as eleições, como pretende.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

187. Late afternoon tought... (liii)

Ainda que o debate esteja bem acalorado,
no teu próprio interesse mantém a serenidade
e não interrompas o teu adversário.
Somente assim poderás ouvir os seus argumentos
e eficazmente combatê-los.
Ruvasa

186. Maravilhas do Chile (4)

Depois de terminada a jornada, aqui repousa o glaciar Marinelli, Chile

DSCF0211.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa - Novembro '04

185. Razões por que Pacheco permanece no PSD (2)

Ora muito bem. Cá estamos, para cumprir o prometido ontem. Que foi o de deixar aqui, em letra de forma – e não mais em meros sussurros de corredor, embora em crescendo de audibilidade – as razões por que, a despeito de não se sentir bem enquadrado no PSD e não perdendo uma única oportunidade para o atacar, e a quem o dirige, seja quem for, em tudo quanto é órgão de comunicação social e lhe dê acesso, José Pacheco Pereira não assume a atitude que a consciência de qualquer cidadão comum e normal lhe imporia que assumisse, ou seja a de se desvincular do partido, para, então, sim, já sem aquele cunho de quem se mostra incapaz de retribuir atenções e, pelo contrário, ataca permanentemente quem o acolhe e alimenta, descarregar a bílis acumulada.

Em abono da verdade, há que dizer que as razões se resumem a uma só. O que acontece é que ela tem mais do que uma vertente, embora todas desemboquem em uma apenas, que é a que realmente conta, por constituir a mola real de tudo.

Então, qual será ela, essa razão?

Simples: a notoriedade.

E, com ela, a imensa vanitas que ressuma de todos os poros por que respira, perante essa mesma notoriedade que, junto do público tem, por dispor de vários púlpitos, de onde perora horas a fio, sem tirte nem guarte e sem deixar que outros falem – talvez para que não fique evidente o vazio de ideias construtivas que por ali vai – numa constante fuga para a frente, que jamais terá aquietação, enquanto a situação se mantiver.

Qualquer simples mortal, dispondo de conhecimentos mínimos e capacidade crítica, facilmente conclui que todo aquele imenso esforço palavroso, espremido, se reduz a pouco mais do que o mais simples dos zeros à esquerda. É discurso guterriano, improdutivo, mais redondo do que bola de futebol, em que ninguém consegue pegar. É, na verdade, laranja sem sumo, em que a casca é, a um tempo, única base de sustentação e resultado final.

Mas, vejamos melhor:

Antes de ingressar no Partido Social Democrata, quem era José Pacheco Pereira? Um estimável ilustre desconhecido, mais um que passa, entre tantos, perdido na mole imensa de uma multidão anónima e proletária, que certamente o horroriza. Ora, assim sendo, algo havia que fazer para dela sair. O que é muito louvável. Mas, para dela sair, que fazer? Olha em volta e descobre. Eis que ali está um partido, simpático, democrático a raiar a anarquia, que até permite no seu seio quem o ataca, excelentemente posicionado no espectro político nacional, em que exerce influência decisiva, que, por isso mesmo, confere a qualquer militante com ambições a possibilidade de obter a notoriedade de que precisa. É isso mesmo. Há que filiar-se.

E, filiando-se, ganhou a notoriedade sonhada. Tudo certo, nada a criticar até aqui. É ambição humana normal e, como tal, que aceitar sem tergiversações ou abjurações.

Curiosa, porém, é a constatação de que, praticamente desde o início, a sua praxis foi sempre a mesma. É que, ser-se filiado no PSD pode dar - e dá - alguma notoriedade, mas não toda aquela que desejava. Como então fazer, para a alcançar?

Num país em que a Comunicação Social - a tablóide e a outra... - vive de escândalos, que melhor forma de atrair atenções e passar a ser requestado por tudo quanto é jornal, TV e rádio, do que bater consecutivamente no partido em que está inscrito e nos seus dirigentes? Um verdadeiro filão para uma CS em autogestão, toda poderosa e não sujeita a escrutínio de qualquer espécie, razão por que pode acolher e apadrinhar tudo o que lhe der na real gana! Nestas condições, um militante de um partido da dimensão do PSD, cuja profissão de fé consiste em bater em quem o acolhe no seu seio e lhe dá a notoriedade que não tinha e a que tanto aspirava, é diamante tão puro e tão bem modelado que nem sequer necessita da mínima lapidação.

Eis, em breves palavras, a história. Sem sofismas nem mantos diáfanos…

Sabe-se, por outro lado, que ninguém, uma vez alcançada alguma notoriedade, a perde de bom grado. Ora, desfiliando-se do PSD, José Pacheco Pereira perderá as luzes da ribalta. E isso, não pode ele permitir-se.

Não se trata, pois, de um infiltrado no PSD, como tantas vezes por aí se ouve dizer. É, isso sim, um notorio-dependente que, como qualquer viciado, recorre a todos os meios, legítimos ou menos, para obter o "produto" de que necessita.

(continua amanhã)

terça-feira, fevereiro 15, 2005

184. Late afternoon thought... (lii)

Se nada de concreto tens para apresentar,
se estás vazio de ideias e o teu discurso é oco, sem consistência,
apressa-te a afivelar um ar da sapiência que te falta e perora sobre nada,
mas de forma altiva e arrogante.
Certamente que iludirás alguns porque,
acredita, há sempre alguém pronto para o ser.
Ruvasa

183. Jornalismo à la "Público"

A canonização dos dois pastorinhos de Fátima, Jacinta e Francisco, será "impossível este ano", garantiu ao PÚBLICO o cardeal José Saraiva Martins, da Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano. Ao mesmo tempo que, em Coimbra, milhares de pessoas quiseram ontem ver o corpo da irmã Lúcia, várias personalidades católicas criticaram a suspensão da campanha eleitoral por parte de alguns partidos. TEXTO
Capa do “Público” online - 2005 Fevereiro 15.

Fica feito aqui o desafio. A que vá ao texto e veja se há lá alguma referência às várias personalidades católicas que teriam criticado a suspensão da campanha eleitoral por parte de alguns partidos. Jornalismo à la “Público”...


182. Belezas da Argentina (3)

Um dos lagos andinos, na Argentina, a caminho do Chile

DSCF0097.JPG Posted by Hello (a) Ruvasa - Novembro '04

181. Razões por que Pacheco permanece no PSD (1)

A qualquer pessoa de entendimento e visão da vida em sociedade normais causa muita estupefacção a constatação de que, não obstante o ódio que nutre e à saciedade demonstra nutrir pelo PSD, José Pacheco Pereira não tenha, até ao momento, tido a coerência de tomar a atitude que se impõe, ou seja a de desfiliar-se de um partido que tantos engulhos lhe causa - e em que ninguém lhe presta a mínima atenção, valha a verdade - sob todos os pontos de vista.

Pois bem:

Como não aprecio que as pessoas não obtenham os esclarecimentos a que têm direito - para melhor ajuizarem - apenas porque ninguém se dispõe a vir público desnudar o que deve ser desnudado, a todos anuncio que, amanhã, aqui deixarei uma dessas razões. Não a única, porque haverá mais, mas uma delas.


Claro que transmitirei a minha opinião, em face das circunstâncias presentes. Caberá, a quem me ler, tirar conclusões.

Até amanhã, pois.

180. Para quem tenha memória curta...

... aqui fica, sob o título Nada disto aconteceu, o artigo de opinião de Nuno Rogeiro, no JN de 11 do corrente. Utilíssimo, pode crer.

179. Os socialistas e a justificação de insucessos

Surgiu por aí, na Comunicação Social, a “notícia” de que António Gueterres teria afirmado em privado – talvez com a intenção de que o partido não corresse novamente tamanho risco – que o PS foi prejudicado, não tendo obtido a maioria absoluta, por ter perdido o élan, ao suspender a campanha eleitoral, quando do falecimento de Amália Rodrigues, em 1999.

Claro que ponho sob muita reserva a “notícia”, pois que raras são as que, hoje em dia, merecem algum crédito na Comunicação Social portuguesa.

No entanto, se é verdade que Guterres teria afirmado tal, duas ilações são de retirar de imediato:

.....1. A falta de oportunidade de Amália, que teve o mau gosto de falecer quando tanto mau jeito dava ao PS;


.....2. A certeza de que, no caso de não vir a obter, desta vez, a tão ambicionada maioria, ninguém do PS poderá vir atribuir o desaire à circunstância de a Irmã Lúcia ter sido tomada por mau gosto e falta de oportunidade semelhantes aos de Amália, dado que o PS agora não parou a campanha.


Quem, então, poderão os socialistas culpar do insucesso? Está-me a parecer que só poderá ser o eleitorado.

Sim, vai ser o eleitorado a ter a responsabilidade. Porque terá atribuído mais valor à Irmã Lúcia, pessoa que é um marco de referência para milhões de portugueses, e ao seu falecimento do que às maravilhas que os socialistas teriam para lhes dizer e prometer.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

178. Maravilhas do Chile (3)

Navio de cruzeiro "Mare Australis" ancorado junto de um glaciar

DSCF157a.JPG Posted by Hello (c) Ruvasa - Novembro '04

177. Ainda o debate, acto falhado, e outras coisas

O Nónio publica um artigo intitulado campanha sem rumo que recolhe toda minha concordância, já pela pertinência do assunto abordado, já pelos argumentos aduzidos.

Tem, pois, toda razão no que diz. Há, no entanto, outro ponto que merece reflexão.

É que os órgãos de comunicação social têm – também eles e provavelmente a maior parte – a responsabilidade por uma campanha realmente fraca e que não mostra muitas ideias, por se limitarem a dedicar páginas inteiras e longos minutos a meros faits divers, ou seja, no caso, ao que é motivo de escândalo ou de denegrimento dos actores em palco - ou fora dele -, e isto sem que sejam alvo de qualquer escrutínio ou sanção mínimos...

Todos sabemos que, nos contactos ao longo do país, todas as candidaturas – umas mais outras menos, é certo, mas todas – têm apresentado e falado das propostas com que se apresentam perante o eleitorado, tentando cativar a sua atenção e interesse.

No entanto, como temos visto, essa parte dos discursos não ocupa, por via de regra, mais do que 1/10 do tempo total que a cada candidatura os diversos jornais televisivos dispensam.

Podia apontar aqui uma mão cheia de exemplos, pois que diariamente eles são em número considerável. Isto, no entanto, não retira a validade do que Nónio afirma, já que, na verdade, as propostas têm sido mal apresentadas e acabam sempre por subsumir-se no ruído geral, quando deveria acontecer precisamente o contrário. O País e as suas “instituições”, no entanto é o que é e muita água terá ainda que correr sob as pontes que se mantenham de pé, até que algo de mais construtivo se mostre aos olhos de todos.

Podia, pois, apontar imensos exemplos. Limitar-me-ei, porém, a um que é, quanto a mim, dos mais elucidativos: o debate televisivo Santana Lopes/José Sócrates na SIC e na 2.

Não duvidando da boa vontade dos organizadores do evento em proporcionar ao “respeitável público” um esclarecimento capaz, tenho que manifestar o meu desconsolo pela pequenez de tudo quanto se viu. E até mais: a minha surpresa por ter visto dois jornalistas que considero excelentes profissionais (ilhotas isoladas em mar bem encapelado…) como Ricardo Costa e Rodrigo Guedes de Carvalho, embarcarem em tão fraca e insossa peça.

Começa tudo porque – e aí talvez que a culpa não tenha sido deles, mas, se o não foi, teria sido bom que o tivessem dito, para que ficássemos informados acerca de quem teria partido o boicote… – o debate nunca deveria ter sido um, mas em número suficiente para que todas as matérias da governação fossem devidamente escalpelizadas e as respectivas propostas apresentadas. Ora, não foi o que aconteceu.

Tanto se anunciou que seria um debate em que os eleitores teriam a possibilidade de se esclarecerem e tanto se propalou o ineditismo do formato, que possibilitaria o que antes nunca teria sido conseguido, que, no final, a desilusão geral, excepção feita a todos quantos de faits divers se almentam (e cada vez são mais em Portugal…) terá sido muito acentuada. Considero mesmo que foi mais um mau serviço prestado à democracia, ao País.

Chegou-se até ao ponto de se comparar aquele “inédito” debate com os que constituem prática usual no USA. Ridículo! O que nos States se faz é bem outra coisa e bem melhor. Nos debates são dissecadas todas as áreas da governação e não há a possibilidade de qualquer dos candidatos fugir do palco pela esquerda baixa. Aqui, no nosso simulacro, foi o que se viu. Também é certo que, para se ver o que se viu e ouvir o que se ouviu, melhor foi que não se tivessem realizado mais. Mas a ideia era o esclarecimento, não o mau arremedo acontecido, pelo que menos de três debates seria manifestamente insuficiente. Menos de três e com perguntas cirurgicamente formuladas, para obter respostas concretas e sem sofismas.

Tudo isto, para já não falar no conteúdo das perguntas, confrangedoramente fracas e sem consistência. Bastará que, depois de ser ter assistido ao debate, agora se leia a sua transcrição, para que cheguemos àquela triste conclusão. Na verdade, nem a imitar já somos razoáveis. Confesso que esperava mais – muito mais – de Ricardo Costa e de Rodrigo Guedes de Carvalho. Para não falar de outros, embora muito poucos mais...

Depois – imagine-se! – por que tema se iniciou o tal inédito e inovador debate? Pois bem, nem mais nem menos do que pela discussão de uma mera “fofoca de comadres”. As honras de abertura do tal debate que iria mudar tudo em Portugal, não couberam a qualquer tema sobre Saúde, Educação, Finanças, Política Externa, Agricultura, Defesa Nacional, Justiça, etc. que, realmente, devem interessar aos portugueses. Não. Começou, isso sim, por onde todos, afinal, já sabíamos que iria começar, ou seja, pelo fait divers, pela comadrice aldeã lisboeta.

E tanto tempo se gastou num episódio lateral e sem o mínimo interesse que, depois, forçosamente que teria que faltar para outros assuntos bem mais sérios.

É certo que os candidatos também podiam ter mudado o rumo aos acontecimentos. Mas, talvez porque a um não interessasse sair da pequena política, por receio de ser confrontado com assuntos mais sérios e para que não estaria preparado, e a outro porque ao assunto não foi capaz de dar a tesourada imediata, que tudo cortasse pela raiz, ali ficámos suspensos de mais uma discussão de bairro, à espera de que algo de mais substancial surgisse.

Em resumo, os candidatos não estão isentos de responsabilidades, mas quem tudo iniciou, pela parte menor e desprezível do momento, foram, uma vez mais, os jornalistas.


O que, aliás, muito tem acontecido nesta campanha, diariamente, em filme que já foi visto em idênticas circunstâncias, em 1995…

E sabe-se no que deu, não é verdade? No curto e médio prazo. Porque no longo ainda estaremos para ver.

176. Declaração de guerra a inimigo do PSD

Para os efeitos julgados convenientes, o abaixo assinado DECLARA que, por tudo quanto José Pacheco Pereira tem escrito e dito no sentido de atacar dirigentes do PSD, designadamente Pedro Santana Lopes, seu presidente eleito, em praça pública, sem que manifeste qualquer disposição para o fazer, em primeiro lugar, nos órgãos próprios do partido, como é seu dever de inscrito e deveria constituir seu inalienável ponto de honra, circunstância que configura objectivamente ataque ao PSD, considera-o inimigo irreconciliável do PSD, que muito tem prejudicado o partido, razão por que lhe fará guerra com todos os meios lícitos ao seu alcance, que é mais - bem mais - do que aquilo a que JPP faz jus, em razão da conduta de há muito assumida, por motivos, menores de política, mas maiores de prebendas.
2005 Fevereiro 14
(a) Ruben Valle Santosmil 29715

175. Late afternoon thought... (li)

Por má fortuna de alguns,
a integridade de carácter não está à venda em mercearias de esquina.
Ruvasa

174. O imprescindível Pacheco...

(JPP) A MORTE DA IRMÃ LÚCIA foi tratada pela Igreja com reserva e comedimento, atitudes que correspondem certamente à vontade da própria Lúcia. Esta posição está em contraste com os políticos como Santana Lopes e Portas, mais o primeiro que o segundo, que a estão a transformar indirectamente num acto de campanha – é um completo contra-senso suspender a campanha por “luto” de dois dias, como será a proclamação, cada vez mais banalizada, de luto nacional. A separação institucional entre o Estado e a Igreja implica alguma moderação, e não é líquido que à Igreja agradem muito estas manifestações de dramatização alheia de oportunidade. Nota: vim agora a saber que o PS também vai a reboque. Está tudo a voar baixinho, sem o mínimo de solidez de pensamento e ... vergonha.

Na verdade, é uma vergonha!
Mas não o que Santana Lopes ou Portas fizeram, ou seja, suspender a campanha eleitoral por motivo do falecimento da Irmã Lúcia, pelo que ela representa para milhões de portugueses.

Na verdade, é uma vergonha, sim! O que o imprescindível Pacheco (ainda um dia destes aqui hei-de explicar por que o considero imprescindível), por motivos políticos - pequeninos como o próprio e para atacar o partido em que está inscrito - teve a "coragem" de escrever e deixar no seu bruto blog, hoje, pelas 8:41.

O que é que gente desta está a fazer no Partido Social Democrata, não me dirão? Integridade de postura (sim, quando menos de postura...) precisa-se!

domingo, fevereiro 13, 2005

173. Late afternoon thought... (l)

Se é verdade que a minoria pode limitar a visão das coisas, por não alcançar distância,
não o é menos que, por via de regra, a maioria chega mesmo a cegar.
Ruvasa

172. Descontraindo… ou talvez não!...

Preocupado com os acontecimentos mundanos, Deus enviou um anjo para averiguar detalhes. Após o regresso, este informou:

- O Mundo está com um karma muito negativo. Haverá uns 95% de seres humanos de muito má índole e apenas 5% de gente boa.

Perante semelhante conclusão, Deus resolveu enviar outro anjo, para uma segunda opinião. Porém, quando regressou, o segundo anjo não trazia melhores notícias:

- Efectivamente, há uns 95% de maus e apenas 5% de bons.

Disse Deus, então:

- Vou enviar um e-mail a cada um desses 5%, exortando-os a que continuem como são e tentem levar os restantes 95% a seguir-lhes o exemplo..

Deixe que lhe pergunte agora:

- Sabe o que dizia esse e-mail?
- ????
- Não?! Mau… mau…
(por amabilidade de Aurélio Costa)

171. Outro avô pelas lonjuras...

José Nogueira

Casa-museu Sara Braun
Outro português viveu nestas paragens.
JOSÉ NOGUEIRA foi, no séc. XIX, praticamente o dono de Punta Arenas.
Casou com Sara Braun, que lhe sobreviveu.
Criou inúmeras benfeitorias e instituiu grandes legados,
entre os quais a casa-museu, residência principal do casal.

170. O imortalizado avô Magalhães...

Estátua de Fernão de Magalhães
(um dos nossos avós que mais contribuíram para o conceito de "aldeia global",
que é nosso, não de qualquer outro povo)
na praça central de Punta Arenas, Região Administrativa de Magallanes, Chile

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169. O "Expresso", comadre de bairro

A NOTÍCIA do «Público» segundo a qual Cavaco Silva apostava na vitória do PS com maioria absoluta como rampa de lançamento de uma candidatura a Belém terá tido origem na «entourage» de Santana Lopes. É esta a convicção de várias pessoas próximas de Cavaco, como o EXPRESSO apurou.
Expresso online

Antigamente jornal respeitado, o Expresso guia-se agora - e, com isso, fabrica “notícias” - por aquilo que ele próprio reconhece poder não passar de convicções/suposições alheias, ou seja, suposições de suposições, portanto, sem qualquer base de sustentação real. De jornal de referência na democracia indígena, passou a pasquim de comadrice de bairro.

MIGUEL Cadilhe ficou surpreendido com a evocação do seu nome por Santana Lopes para ministro e terá manifestado em privado que nunca fará parte de um novo Governo pelo actual líder do PSD. Mas, em público, Cadilhe prefere explicar a sua recusa pela aliança que o PSD mantém com o PP, invocando a sua conhecida aversão a Paulo Portas, a quem atribui traços de carácter nada recomendáveis. Contactado ontem pelo EXPRESSO, Cadilhe reiterou esse argumento, mas escusou-se a fazer mais comentários por ter decidido remeter-se ao mais absoluto silêncio.
Expresso online

Miguel Cadilhe já autorizou a que se desmentisse tudo isto. E já tudo foi desmentido. Mas o "Expressso", jornal das “notícias” das comadres, mantém-se inalterável, inamovível, olímpico, na sua pesporrência. Em defesa da verdade que é só uma, a sua.

Misérias!...


Quando é que se publicará e cumprirá legislação que aplique às comadres o correctivo de que tanto estão a necessitar? Quando é que estas comadres passarão efectivamente a ser responsabilidades pelas atoardas que lançam aos quatro ventos, com a maior das irresponsabilidades? Quando é que começarão, como qualquer órgão democrático, a ser escrutinadas, elas também? Porque, não o sendo, dão-se ao luxo de eleger e derrubar câmaras de deputados, de erguer e deitar abaixo governos, com base em boataria e favorecimentos escusos, com o maior dos impudores.

Misérias que não pode continuar a permitir-se. Liberdade de imprensa não autoriza libertinagem de imprensa.

168. Reflexão matinal... alheia (16)

A verdade nunca fere uma causa justa.
Mahatma Gandhi

sábado, fevereiro 12, 2005

167. Belezas da Argentina (2)

Hotel Llao Llao e Monte Tronador

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166. Late afternoon thought... (xlix)

Se não estás muito virado para a maçada de ir votar,
não te preocupes demasiado.
Alguém em teu nome o poderá fazer,
assim te aliviando a consciência,
mesmo que tu nem o venhas a saber.
Ruvasa

165. Maravilhas do Chile (2)

Vulcão Osorno, Chile (outra vista)

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