Deixem-me falar um pouco do “meu” Benfica de hoje, que esteve irreconhecível e podia tê-lo estado muito mais, não fora a circunstância de giocare troppo “giovanotto”.
1. Pela primeira vez, em muitos anos, vi a “minha equipa” entrar em campo para defrontar o F.C.Porto, sem que os seus futebolistas aparecessem logo todos borradinhos de medo, receando o que o adversário lhes pudesse fazer.
2. Se é verdade que nem sempre se acerta, não menos o é que é impossível a alguém errar de todas as vezes que actua. Assim aconteceu hoje com o allenatore transalpino, de seu nome Giovanni Trapattoni. Desta vez, talvez por primeira vez, depois de já muitos meses ao serviço do SLB, não errou logo de entrada e deu a táctica correcta.
3. Mas – há sempre um mas… – ao italiano falta, mesmo quando tudo lhe corre de feição, o golpe de asa que distingue os meros treinadores dos bons treinadores. É que, da forma como as coisas estavam a correr na primeira parte, em que o Benfica dominava sem problemas de maior, qualquer treinador minimamente capaz de arriscar um pouco mais, qualquer treinador que se preze e que queira discutir o primeiro lugar no fim da prova, algo teria feito, para desequilibrar as coisas no sector decisivo, o da finalização, onde as vitórias se fabricam, onde das derrotas se foge.
Já todos, porém, conhecemos as limitações della vecchia volpe. E, assim, já ninguém se surpreendeu com o facto de ele nada ter feito para, em golpe de asa, virar as coisas definitivamente a favor da sua equipa. Mais conservador do que o seu compatriota Giulio Andreotti, alinha 11 tipos para mandar lá para dentro e, mesmo que essa equipa, desde o primeiro minuto, se mostre incapaz de desenvolver jogo que se veja, ele não lhe mexe, a não ser que o adversário o faça primeiro e nunca antes de sofrer um golo, lá para os últimos 20 minutos da partida. Terá aprendido assim há 40 anos, assim continua 40 anos depois, mesmo que a vaca tussa, de engasgada e envergonhada.
Cada qual tem o Giovanni Trapattoni que pode. Nós, benfiquistas, temos este. E é assim que, depois de muitos anos sem ter uma oportunidade para desfeitear os portistas no seu próprio estádio, quando ela surgiu, qual milagre, o Benfica tinha no banco il signor Giovanni Trapattoni. O que, diga-se, é dose para... leão.
Não tem que saber. Há que esperar pela saída deste Trapattoni e a vinda de outro Trapattoni, menos Trapattoni do que este Trapattoni.
Que sina esta, hein?!
6 comentários:
Não posso dizer que foi um bom jogo mas o resultado encaixa no "teu" Benfica e no "meu" Porto...
Viva, Pantera!
Claro que tem. Quem disser o contrário ou é cegueta ou faccioso.
Mas, com um Jaime Pacheco no nosso banco, ontem teríamos vencido, estou convicto.
Tão cedo não voltamos a ter oportunidade semelhante. E logo agora tínhamos que ter um Trapattoni no banco! Já é galo!...
Viva, Ricardo!
Em face do que se passou, julgo que o empate assenta bem.
Em face do que do "meu" lado se poderia ter feito, julgo que o resultado poderia e deveria ter sido melhor.
O raio do italiano entra sempre em campo para empatar ou para perder por poucos... Seja lá qual for o adversário.
Irra, que já não aguento mais tanta velhice e tamanha raposice!...
;-)
Agora para os dois, Pantera e Ricardo!
E, claro, há sempre que contar com a candura dos benfiquistas, neste caso dos futebolistas.
O que o Geovanni fez nenhum jogador de outro clube faria nem ele o faria também se estivesse noutro clube...
O quê?!
Quando se isolou e o Baía veio ao encontro dele e lhe tocou, qualquer outro nem sequer teria tentado evitar cair. Atirar-se-ia logo para o chão.
Lá teria o Baía que ir tomar banho mais cedo...
Claro que eu não gosto desses truques baixos, mas o que é certo é que as coisas por cá funcionam assim.
No Benfica, somos todos uns ingénuos com lugar garantido no céu... dos pardais!...
Sou do Porto e por isso gosto quando ganha um club da minha cidade. Lamento que o F.C.P. seja representado por alguém que, embora competente, tem actitudes e mentalidade não superior a um calceteiro. Refiro-me evidentemente a Pinto da Costa. As provocações feitas durante o jogo, envergonham a cidade e o seu clube. Parabéns ao Benfica. Jogou sem medo e podia ter ganho. Um grande jogo.
Zé Fontinha
Viva Zé Fontinha!
E é bom que goste que os clubes da sua cidade vençam. Também eu, benfiquista de sempre, gosto quando o Vitória de Setúbal vence.
A isso chama-se bairrismo ou mesmo regionalismo, que nada tem de menos sadio. Pelo contrário, sempre foi motivo de compita e esta é que leva as sociedades ao desenvolvimento que procuram.
Os bacoquismos bairristas, as alarvidades é que são intoleráveis.
Julgo que pode estar certo de que ninguém em Portugal - no Sul, no Centro ou no Norte - confunde portista com portuense, que são duas condições bem distintas, embora não negativas. Muito pelo contrário.
No entanto, mais do que isso, ninguém em Portugal confunde portista - menos ainda portuense - com Pinto da Costa.
E mais não digo. Porque se o fizesse teria que dizer que o "problema" Pinto da Costa é grave para o País e que, se muita gente ainda não percebeu isso, só espero que não venha a percebê-lo tarde demais.
Vai-nos valendo a todos a nossa condição de "bons costumeiros"
abraço
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