… em todas, mesmo! Até as políticas…
* Acredito na boa fé de quem encomenda as sondagens, porque me recuso a crer que a isso se disponha, apenas para que alguém lhe faça o frete de apresentar resultados que o encomendador possa utilizar fraudulentamente como material de campanha eleitoral
* Acredito na boa fé das empresas sondadoras, porque me recuso a crer que a grande maioria delas tenham nos seus quadros apenas vigaristas
* Acredito na boa fé de quem, no terreno, faz as perguntas, porque me recuso a crer que neste País só há aldrabões.
* Acredito na boa fé de toda a gente, porque me recuso a crer que Portugal esteja transformado num covil de patifes.
Mas, há sempre um mas…
* Já não acredito nos resultados publicados, porque me recuso a deixar que de mim façam lorpa.
* Já não acredito nas interpretações abusivas dos dados, porque me recuso a deixar que me enfiem o barrete e eu continue alegre e contente, como se em dia de ser condecorado por Jorge Sampaio.
* Já não acredito nisso tudo, porque me recuso a crer que o tempo do “cá vamos, cantando e rindo, levados, levados, sim…” não tenha terminado há já uns bons 30 anos….
Portanto e resumindo, acredito e não acredito.
Porquê, perguntará qualquer leitor comum (os restantes não contam para esta história…).
Muito simplesmente, porque acredito que as sondagens são feitas com lisura e não acredito que as interpretações dos dados através delas colhidos sejam correctas, isentas, despidas de manipulação.
E de onde poderá vir a manipulação? Muito simplesmente da distribuição dos eleitores consultados no decurso da sondagem e que se declararam indecisos.
Quanto a mim é aí que pode haver a maior das aldrabices. E, no entanto, ninguém pode ser chamado à pedra por realizá-la. Porque a análise é mera análise e todas as interpretações são possíveis. Trata-se de uma verdadeira hipocrisia, mas é assim mesmo.
Só vejo uma solução para que as coisas apareçam às luz da transparência e sem margem para dúvidas. Qual é ela? A de a lei apenas autorizar a publicação dos resultados brutos da sondagem, ou seja,
* que percentagem de eleitores foi consultada
e, a partir dos consultados,
* qual a percentagem dos que se disseram dispostos a ir votar
* qual a percentagem dos que se disseram dispostos a não votar
* qual a percentagem dos que declararam ir votar em A ou B ou C ou E, etc
* qual a percentagem dos que se declararam indecisos.
E nada mais do que isto. Porque a “distribuição” dos possíveis votos dos indecisos é que proporciona todas as maroscas, maroteiras e aldrabices.
É que, num universo de, por exemplo, 5.000.000 de eleitores, uma fatia de 30% de indecisos corresponde a 1.500.000 de eleitores. Fatia enorme, como se pode ver. E decisiva.
Se estes 1.500.000 não forem distribuídos com critérios sérios – e mesmo que o sejam, estarão sempre eivados de enorme aleatoriedade… - lá ficamos sob o jugo da mais indecente arbitrariedade, da mais pura aldrabice, com muita influência no eleitorado e, portanto, nos resultados finais das eleições, como qualquer pessoa medianamente inteligente percebe.
Por isso, defendo que se legisle sem demora, no sentido de que apenas possam ser publicados os resultados das pesquisas de campo, sem tratamentos “especiais” ou, quando muito, depois dessa publicação obrigatória, se dê a possibilidade de extrapolações para efeitos de projecção final.
Publicar resultados de sondagens políticas, sem esse cuidado, ou seja, deixando ao livre arbítrio dos órgãos da comunicação social a divulgação do que mais lhes interessa é que não pode continuar a permitir-se. Porque, aí, entramos noutro campo muito sensível e que em Portugal não tem sido cuidado, que é o de qualquer jornalista ou conjunto de jornalistas ou donos de jornais mal amanhados e ainda mais mal acabados, jamais eles próprios escrutinados, terem o poder de influenciar decisivamente o resultado de qualquer acto eleitoral.
Aliás, onde e quantas vezes já assistimos a isso?
Sabemos que, chegados os resultados eleitorais, que normalmente têm sido desanimadores para os “sondadores”, por via de regra aparece a desculpa de que os resultados não corresponderam às previsões das sondagens porque, entretanto, os eleitores mudaram de opinião, por vezes em pouquíssimas horas. Forma pouco simpática de se dizer que o eleitor é inconstante, catavento, não sabe bem o que quer.
Sabemos também que, nessas sondagens, são sempre o PSD e o CDS-PP que surgem subvalorizados de forma que, por vezes, roça o ridículo, como, nas legislativas de 2000, em que o último dobrou as previsões. Dobrou as previsões e “dobrou” os profetas, aliás…
É, pois, urgente, que se refaça a lei das sondagens e divulgação dos respectivos resultados. Não mais deve ser possível manter-se o actual status quo, que só indignifica a nossa Democracia.
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