quinta-feira, julho 21, 2005

499. Noites de insónia e alvoroço em Belém

Na cerimónia de posse de Teixeira dos Santos, novo ministro das finanças, Jorge Fernando Branco de Sampaio entrou com uma cara de fazer tremer os mais audazes. Terminado o acto, curtíssimo, saiu a toda a pressa sem mesmo dizer água vai fosse a quem fosse.

Quando os circunstantes, incluindo o empossado e seus novos amigos e camaradas, olharam em volta, já não estava.

Ist’é que vai por cá uma porra duma crise, hã, companhêro?! ?
Bocemessê cossa-le o barrigame que
cá o Galhofas dis-le o qu'é qu'ele penssa.

Consta pelos corredores de Belém que a grande arrelia de Sampaio se deve ao facto de, perante as trapalhadas do actual executivo, que se sucedem a um ritmo diário verdadeiramente alucinante, suplantando tudo quanto ao governo a que sucedeu se apontou como defeito, e igualmente perante a demissão inusitada de um Ministro de Estado e das Finanças e do Plano (não já, portanto, o mero ministro vulgar de Lineu que fez o mesmo ao anterior governo) ele, Jorge Fernando Branco de Sampaio, de sua graça, não poder agora fazer o que então fez, ou seja, dissolver o Parlamento e mandar o governo às urtigas, assim mantendo bem viva e actuante a coerência política que o caracteriza.

E não pode fazer nada porque constitucionalmente tal já não lhe é permitido.

Há mesmo quem afirme que, nas noites de Belém, se ouve lá pelos corredores um som abafado e surdo, como que o de quem arfa por tudo quanto é sítio e, cadenciadamente, sons mais audíveis e secos, que muito se assemelham a murros de desespero disparados contra paredes indefesas.

[ Depois de ter escrito o que acima fica dito, tive que interromper, para tratar de assunto mais urgente. Agora, que regresso ao tema, verifico que houve outros desenvolvimentos. Assim… ]

O que atrás ficou registado verificou-se até à tarde de hoje, poucas horas após a cerimónia de empossamento do novo ministro de Estado e das Finanças e etc. e tal. Dito de forma mais clara: até ao momento em que outras informações chegaram ao conhecimento pú
blico, pelas 17 horas.

Segundo os mesmos informantes, toda a gente está agora à espera de que, nos ditos corredores de Belém se verifique esta noite uma barulheira ensurdecedora que não deixe ninguém dormir em sossego, pois que, além do incremento dos “arfejos” e murraças nas pobres das paredes, vai haver desgarrada de sons guturais de alta estridência, completamente ininteligíveis.

Diz-se que o esperado aumento dos decibéis do desespero se ficará a dever ao furor incrivelmente inflado pela circunstância, entretanto conhecida, de o actual Ministro de Estado e das Finanças e do Plano e etc. e tal não ter vindo, como estava obrigado, a declarar rendimentos e património desde o ano de… 2000!

A propósito: Já foi ver qual é a opinião do nosso amigo Galhofas acerca deste assunto?

...

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