terça-feira, julho 26, 2005

513. Eu voto nulo

euvotonulo.jpg Posted by Picasa (c) Ruvasa, 26Julho2005 - Clique na imagem, para ampliar

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Em coerência, não podia mesmo ter outra atitude.

Assumindo frontalmente – e desde já – que nenhum dos candidatos que se perfilam me inspira a mínima confiança;

Entendendo que a abstenção mais não é do que demissão e se presta a diversas interpretações, ao gosto de quem interpreta, a maior parte das vezes de forma abusiva;

Reconhecendo que a abstenção pode ser legitimamente interpretada como desinteresse meu pela política e, como decorrência disso, pelos destinos do País;

Compreendendo que, tanto a abstenção como o voto branco, podem mesmo prestar-se a falcatruas eleitorais, as quais, em eleição presidencial, têm peso determinante;

Pretendendo manifestar, de forma iniludível, que quero para Portugal e para os Portugueses outro futuro, bem diferente da triste circunstância para que fomos atirados,

Declaro, aqui e agora, que, na eleição presidencial de Janeiro de 2006, votarei nulo.

Deste modo, deixarei assinalado, sem equívocos, que não quero que nenhum dos candidatos já perfilados, mas em negaças constantes, tenha assento em Belém.

Em Belém, quero gente frontal, que diz o que pretende, sem subterfúgios, gente disposta a empenhar-se a fundo na defesa do País, gente em quem se possa confiar;

Em Belém, não quero que, com o meu contributo, se repitam experiências para esquecer, não quero gente que, com a mesma cara e sem corar de vergonha, por acção, desdiz hoje precisamente o que há dois meses afirmou perante todos os seus concidadãos, ou seja, que candidatar-se seria uma falta de senso, que jamais teria;

Em Belém não quero que, com a minha ajuda, se sente quem será, com toda a certeza, fonte de instabilidade e conflito permanentes com o governo que estiver em funções, seja ele de que índole for.

Em qualquer dos casos, não me perdoaria.

E não me perdoaria, porque sendo compreensível que à primeira caia, já seria indesculpável que me deixasse arrastar uma segunda vez para o mesmo logro. Indesculpável e prova de completa menoridade mental, idiotia mesmo.

Estou saturado de espertezas pouco inteligentes. Estou saturado de arrogâncias sem justificação. Muito inconvenientes para o País. Estou, enfim, saturado de que me julguem tolo e, como tal, me tratem.

Por isso, sem prazer, mas de consciência tranquila e aliviada, anularei o meu voto.

E, para que não haja dúvidas e em acção coerente – o que muito tem vindo a faltar em Portugal, precisamente nos quadrantes de onde deveriam surgir exemplos de postura – farei campanha pelo voto nulo.

Votar nulo significará que nós, cidadãos portugueses, afirmamos que não abdicamos da nossa dignidade e, por conseguinte, não estamos dispostos a que ela continue a ser constantemente maltratada pelo primeiro que apareça a isso disposto. Ou nos damos ao respeito ou ninguém nos respeitará. Como até aqui, aliás.

Esta é a minha posição, que, hoje e aqui mesmo, faço questão de deixar bem clara, sem lugar para a mínima dúvida.

10 comentários:

Anónimo disse...

na verdade é muito triste que as escolhas possíveis sejam entre o gajo do tabu de 1994/95 e o Rei de Portugal da 3ª República.

quando um povo tem para escolher entre o mofo e alzeimer, pobre povo...

o nosso futuro é .. repetir o passado ..

Pra traz Portugal !!!

Ruvasa disse...

Não será, se fizermos uma coisa muito simples e que é indispensável que seja feita:

DAR FORÇA À NOSSA FORÇA, neste caso VOTANDO NULO!

E, assim, mostrando que não estamos dispostos a que continuem a brincar connosco.

A "brincadeira" só não acabará de uma vez por todas, se não quisermos. Porque tudo depende de nós!...

abraço

Ruben

Anónimo disse...

Pois, mas não é uma decisão fácil...como bem dizes:
"...tanto a abstenção como o voto branco, podem mesmo prestar-se a falcatruas eleitorais, as quais, em eleição presidencial, têm peso determinante" ...e o voto NULO. tb se pode prestar a confusões...
mas de facto não nos resta mts alternativas...tb não quero lá nem um nem outro :-(

Sinón, andas com umas piadas (pps)
muito giras, andas andas!
Mas gostei especialmente daquela do macaco q não lhe apetece trabalhar ;-) posso postar isso??

Olha, depois te escrevo sobre isso mas andas c tanta música gira aqui q te te vou 'cravar' p me arranjares uma q ando à procura...
ehehehehhe

Beijinhos
Maria João

Anónimo disse...

o Voto Nulo, como os outros em brannco,m etc, dá asa a que um dos Candidatos ganhe mais força e ganhe...com menos votos mas ganha na mesma! ...e de um ao outro, vá o diabo e escolha mas um ainda consegue ser pior que o outro...é esse o meu dilema...mesmo que eu e mt gente vote Nulo, algum deles vai ganhar :-(

Qt às músicas thanks e mais logo já te envio e-mail sobre isso e
qt aos PPS acredito que haja alguns que n queiras enviar-me nem te peço isso :-) tb tenho alguns PPS e vídeos que não te enviava nem por nada deste mundo! ;-)

Beijinho
Maria João

Ruvasa disse...

Viva, Sulista!

Onde é que encontras as confusões com o voto nulo?

O voto nulo é uma iniludível manifestação de que nenhum dops candidatos merece o favor da tua atenção. Esse, sim, é um voto de protesto. O voto de protesto por excelência.

A abstenção, para além de da possibilidade de falcatrua, pode dever-se a muitas circunstâncias. Doença, ausência da localidade onde se vota, outros afazeres inadiáveis, prefer~encia pela praia ou cinema ou outra coisa qualquer, desinteresse cívico, enfim um ror de situaçôes. Chegado ao fim, fica-se sem se saber qual desses motivos (e são bem diversos e de importâncias substancialmente diferentes) foi o causador do não voto.

Com o voto nulo, não há dúvidas. A pessoa deslocou-se à assembleia de voto, mostrou que se interessa pelo fenómeno político e, consequentemente, pelo seu pais, pelo que não ficou em casa, não foi comodista. Apenas não quer dar importância àqueles políticos. Como vês, as situações são bem diversas, estando a milhas de distância uma da outra.

Chegaram-me, à hora de jantar, notícias de que começou a gerar-se um movimento de defesa desta posição.

Ficaram de dar-me mais notícias, pelo que estou à espera.

* * *

Quanto às piadas, tenho outras por aqui, que vou mandando. São mais de cem pps diversos. Alguns, como deves calcular, não tos envio. Apenas a amigos, não amigas... Não é que eu seja moralista, não senhor, mas há pessoas a quem não envio algumas coisas (escritas, não falo das visuais) sem que mas peçam. Ninguém deve ser obrigado a ler o que não quer.

* * *

Claro que podes postar o macaco.

* * *

Diz que música queres. Pode ser que ta consiga encontrar.

Beijinho.

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Sulista!

Por amor de Deus, amiga. O voto nulo é em relação a todos. Atinje todos. Todos são prejudicados. Trata-se de um voto cego.

Claro que um deles irá ganhar. Basta que um tenha um voto e o outro não. Mas isso é inevitável. Nas presidenciais é assim.

Agora, se a contagem dos votos nulos se revelar excepcionalmente elevada, podes ter a certeza de que os senhores, esses e os outros, todos, se porão em sentido.

Sulista!

Eu não estou particularmente preocupado com quem vai ficar AGORA em Belém. São iguais. Não me interessa um nem outro. Gostava que ambos fossem dar uma volta até à China e por lá ficassem uma boa temporada.

Não me rejo por imediatismos desses. O que eu procuro é que os portugueses acordem desta sonolência assassina e que, de uma vez por todas, escorracem do Templo os vendilhões que por lá andam. Todos.

Os portugueses têm que mostrar a certas pessoas que não são um rebanho de cordeiros, sempre prontos para a imolação.

Os portugueses têm que se revoltar, se não, nunca mais saímos desta vil tristeza que nos envergonha e amesquinha.

E prefiro que acordem, agora, para o voto nulo do que, mais tarde ou mais cedo, dentro do caixão ou... de armas em punho.

Faço-me entender?

Beijinho

Ruben

Anónimo disse...

Fazes te entender sim senhor, amigo Ruben!...poça que até já pareces um familiar meu a falar...mais vale 'quebrar' do que continuar com a 'palhaçada' e a 'cordeirada' do costume.

...é verdade e vou pensar nisso!

Beijinho
Maria João

Ruvasa disse...

Viva, Marga!

Ainda bem que concorda.

Sim, conheço a posição defendida no Ensaio.

O voto em branco tem o mesmo efeito, sim, mas um terrível inconveniente, só possível de não ser entendido por quem nunca teve oportunidade de apreciar a forma como funcionam as assembleias de voto, perante a voluntária demissão dos cidadãos:

Deixar um voto em branco é um convite irresistível a falcatrua eleitoral.

Principalmente em assembleias de voto em que os membros de mesa são todos da mesma cor e não há delegados dos outros partidos. O que, diga-se em abono da verdade, acontece em número muito grande de assembleias de voto.

Concordo consigo. Temos que manifestar o nosso desagrado e indicar o caminho que entendemos correcto.

Se o não fizermos, seremos coniventes com actuações que nos lesam e perderemos a razão nos protestos que à mesa do café ou no autocarro ou no metro tanto fazemos e tanto ouvimos.

Vamos em frente, Marga!

Convença outros. É o nosso futuro e o futuro dos nossos que está em jogo. Cada vez mais.

E os políticos precisam do nosso apoio, é bom não esquecer, não concorda?

Ruben

Anónimo disse...

Nem mais um litro de gasóleo para ir votar.

Ruvasa disse...

Viva, José Joaquim!

Compreendo a sua desilusão. Aliás, é bem a desilusão geral dos portugueses.

Permita-me, porém, que lhe diga que o não ir votar pode ter vários significados. Dou exemplos: pode ser por estar doente, por estar ausente, por ter tido muito que fazer, por ter tido um pneu furado no caminho, por inúmeras razões, enfim!

Além disso, não ir votar ou votar em branco é dar todas as condições para a possibilidade de acontecerem falcatruas eleitorais.

É muito simples. De um momento para o outro, quem não foi à mesa de voto pode ter permitido que outro vote em seu lugar.

Deixar um boletim em branco (voto em branco) é "autorizar" que, com a maior das facilidades, se trace uma cruz num qualquer quadrado. E lá estará o Amigo a votar em quem não quis!...

Para mostrar verdadeiramente o seu descontentamento só existe uma forma, que não ilude ninguém:

O voto nulo!

O Amigo vai à assembleia de voto, e, em vez de fazer uma cruz num candidato, fá-la a todo o tamanho do boletim, isto é, anula o voto.

Mostra, assim, de forma inequívoca, que não quer nenhum dos candidatos, mostra que discorda do modo como a política está a ser conduzida em Portugal.

É a única forma, Amigo.

E vai ver que, ao depararem com um volume muito grande e inesperado de votos nulos, os políticos hão-de começar a meter a mão na consciência e a constatar que há que respeitar a vontade do eleitorado, a vontade dos portugueses. Para isso se diz que vivemos em Democracia.

Temos que fazer um esforço para acordarmos certas consciências para a realidade. Para bem de todos os portugueses, para bem do país.

Abraço

Ruben