...............................Exmo Senhor
...............................Dr. Jorge Fernando Branco de Sampaio
...............................Presidente da República Portuguesa
...............................Potestade
O ignaro escriba abaixo assinado vem mui respeitosamente expor e requerer a Vossa Reverência, o seguinte:
Suas Majestades Reais, Don Juan Carlos de Bourbon e Altíssima Esposa, Dona Sofia, terminaram ontem uma visita ao arquipélago dos Açores, facto que muito honrou os portugueses, com especial destaque para os açorianos.
Consta por aí, nos sítios costumeiros, que esta visita teria tido origem numa conversa de circunstância em que El-Rei das Espanhas, en passant, teria afirmado que conhecia bem todo o território português, excepção feita aos Açores, ao que Vossa Eminentíssima Força teria respondido de imediato com um convite para os visitar a expensas do Estado Português.
Ora aqui é que bate o ponto, isto se Vossa Excelência permite a este rasteiro escriba imagem tão suburbana como seja a de o ponto a bater a esmo.
...............................Dr. Jorge Fernando Branco de Sampaio
...............................Presidente da República Portuguesa
...............................Potestade
O ignaro escriba abaixo assinado vem mui respeitosamente expor e requerer a Vossa Reverência, o seguinte:
Suas Majestades Reais, Don Juan Carlos de Bourbon e Altíssima Esposa, Dona Sofia, terminaram ontem uma visita ao arquipélago dos Açores, facto que muito honrou os portugueses, com especial destaque para os açorianos.
Consta por aí, nos sítios costumeiros, que esta visita teria tido origem numa conversa de circunstância em que El-Rei das Espanhas, en passant, teria afirmado que conhecia bem todo o território português, excepção feita aos Açores, ao que Vossa Eminentíssima Força teria respondido de imediato com um convite para os visitar a expensas do Estado Português.
Ora aqui é que bate o ponto, isto se Vossa Excelência permite a este rasteiro escriba imagem tão suburbana como seja a de o ponto a bater a esmo.
...
Sabemos todos que noblèsse oblige.
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Mas, que diabo!, (com licença e a clemência de Vossa Grandíssima Excelência!) se estamos diariamente a ser matraqueados com a cantilena de que é preciso contenção nos gastos, se estamos efectivamente em período de apertada contenção, com a advertência de que deveremos, por imperativo patriótico, abstermo-nos de gastos supérfluos, torna-se-nos, a nós, simples plebeus ignorantes (e atrevidotes, está visto!), difícil de compreender os motivos, as Altíssimas Razões de Estado – porque certamente as houve! – que obrigaram a que tal visita se realizasse precisamente agora.
É que, por muito que demos voltas ao conteúdo da bola que - por especialíssima deferência - Alguém nos colocou sobre os ombros, procurando razões justificativas, apenas encontramos as de que será de toda a conveniência tudo se fazer para que os Potentíssimos Nuestros Hermanos – especialmente seus Altíssimos Reis – continuem bem impressionados connosco e, se possível, incrementar essa boa impressão a nosso respeito, para que não corramos riscos de:
1. Fecharem as comportas das suas barragens, de tal forma que nem uma gotazinha de água, ainda que poluída com os despejos de Almaraz, para cá escorra;
É que, por muito que demos voltas ao conteúdo da bola que - por especialíssima deferência - Alguém nos colocou sobre os ombros, procurando razões justificativas, apenas encontramos as de que será de toda a conveniência tudo se fazer para que os Potentíssimos Nuestros Hermanos – especialmente seus Altíssimos Reis – continuem bem impressionados connosco e, se possível, incrementar essa boa impressão a nosso respeito, para que não corramos riscos de:
1. Fecharem as comportas das suas barragens, de tal forma que nem uma gotazinha de água, ainda que poluída com os despejos de Almaraz, para cá escorra;
...
e/ou
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2. Deixarem de abastecer de víveres os nossos hipermercados, levando-nos, com isso, à morte pela mais triste e desumana das fomes.
Em face do que fica exposto e porque se lhe levantaram enormes dúvidas no espírito, este mísero escriba, prostrado no solo, reverenciando o abençoado chão que por Vossos Excelentíssimos, Reverendíssimos e nunca por demais incensados Pés pisam, atreve-se a requerer-lhes os seguintes esclarecimentos:
a) Será possível ficarmos a saber se as Altíssimas Majestades das poderosas Espanhas ficaram, ou não, bem impressionadas com o que viram lá pelos Açores?
2. Deixarem de abastecer de víveres os nossos hipermercados, levando-nos, com isso, à morte pela mais triste e desumana das fomes.
Em face do que fica exposto e porque se lhe levantaram enormes dúvidas no espírito, este mísero escriba, prostrado no solo, reverenciando o abençoado chão que por Vossos Excelentíssimos, Reverendíssimos e nunca por demais incensados Pés pisam, atreve-se a requerer-lhes os seguintes esclarecimentos:
a) Será possível ficarmos a saber se as Altíssimas Majestades das poderosas Espanhas ficaram, ou não, bem impressionadas com o que viram lá pelos Açores?
...
b) Será ainda possível ficarmos a saber se internamente estamos a viver período de economia apertada e, consequentemente, de contenção de gastos, de acordo com o discurso com que tantos Excelentíssimos Governantes Portugueses, incluindo Vossa Altíssima Excelência, nos têm acicatado os brios?
...
ou
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c) Pelo contrário, tal contenção de gastos supérfluos, tal apertar de cinto, é aplicável apenas à suja, feia e ranhosa arraia miúda, como este inconsciente escriba e outros que tais?
Ainda prostrado a Vossos Excelentíssimos e Briosos Pés, humilde e esparramado, esperançadamente Vos
Ainda prostrado a Vossos Excelentíssimos e Briosos Pés, humilde e esparramado, esperançadamente Vos
Pede deferimento
(a) O filho de um cão sarnento do escriba deste Blog
…
6 comentários:
Viva, Amigo!
Ainda bem que gostou.
Sabe? Eu desgostei. Muito.
abraço
Ruben
Viva, Marga!
Sempre.
Isto é filme constantemente em reprise.
abraço
Ruben
Ora muito bem!
Aqui é que bate o ponto: quem tem que apertar o cinto é o "Zé povinho", não são esses senhores, que vivem há grande e há... portuguesa!
Quando vi esta notícia, exclamei,”eu, se quiser conhecer alguma coisa, vou a minhas expensas, ninguém me paga a viagem, ora esta!!"
Mas temos que dar um desconto: os Reis de Espanha são pobrezinhos, coitadinhos... eheheh
Um abraço e bom fim de semana :)
Bem, Menina_marota!
Coitados dos reis de Espanha!
Esses não têm culpa alguma.
Convidaram-nos e eles, como gente decente, que não quer fazer desfeitas, aceitaram.
Além disso, é preciso trazermo-los satisfeitos connosco pelas razões que apontei no post.
Abraço igual e igual fim de semana
Ruben
Ó Ruben, quem pode, pode. Que porra! E o Jorge Branco pode.
O Orçamento da Presidência da República Portuguesa é maior que o da Casa Real de Espanha. Dá para tudo.
Se fosse ao contrário, se fosse o Jorge a ir a vacaciones, se calhar o Rei não o podia tratar desta maneira...
Viva, Azurara!
É isso. Mas não só isso. É também uma falta de hábito de prestar contas. Os nossos políticos sofrem muito desse mal. E a culpa é nossa.
Abraço
Ruben
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