sexta-feira, maio 20, 2005

365. Socialices!...

Vítor Constâncio, caudilho do Banco de Portugal, previa, aqui há cerca de três meses, com o anterior governo, um determinado deficit orçamental, que não ultrapassaria os 5,2%, para o final do corrente ano. Isto não entrando em linha de conta com as receitas extraordinárias.

Vítor Constâncio, caudilho do Banco de Portugal, prevê agora, com este governo, que o mesmo déficit, nas mesmas condições, venha a situar-se num patamar entre 7 e 7,5%.

De um modo geral, reconhece-se que Vítor Constâncio, embora socialista, não é dos comuns, que dizem hoje uma coisa e amanhã outra diametralmente oposta, com a mesma cara, ao sabor das conveniências de momento. Essa convicção, mais ou menos generalizada, acerca da sua postura, existe mesmo.

Porquê, então, esta diferença? – surpreender-se-á o leitor.

É simples!... – responder-lhe-ei, acrescentando depois – A primeira previsão fê-la Constâncio a partir do orçamento de Estado elaborado pelo anterior governo; a segunda, a partir do orçamento corrigido da autoria do actual.

Ok, tudo bem! – retorquir-me-á, mas logo achará muito estranho… – ainda assim, como se compreende tão grande diferença? De 5,2% para 7,5% vão 2,3% de aumento, o que é uma enormidade!...

É certo! – responder-lhe-ei, cheio de paciência para com as suas tremendas dúvidas.

Então, como se explica?!... – voltará à carga.

É fácil. Ora preste lá atenção, por favor: explica-se com as scuts gratuitas (ou agora só algumas ou para a semana, afinal, nenhumas…), o bacalhau a pataco para os idosos, designadamente os de mais de 80 anos, as taxas "imoderadoras", o regresso dos hospitais à situação que está mais do que provado que não serve os interesses da população em geral e apenas se traduz em mais despesa, com determinados projectos já estudados e aprovados por determinados preços, agora anulados e voltando à estaca zero, para se refazer tudo, com o novo aeroporto a já não se ir situar na Ota, mas, afinal, a ir-se lá fazer outra vez... (tudo em menos de uma sermana), isto apesar de os impostos irem subir, depois de subir não irem, etc e tal, como diria Agostinho da Silva.

Pois, claro! Já estou a ver. Já todos estamos a ver, sim! – reconhecerá o leitor – É mais do mesmo e com os mesmos. Os que deixaram isto como se viu, em 2001, quando fugiram e toda esta saga começou.

No fim, vem o normalmente missed in action primeiro-ministro, em raid de blitzkrieg, dizer, com ar extremamente compungido, quase de lágrima no canto do olhinho – Guterres que se cuide, porque tem aqui concorrente à altura… – que não sabia de nada do que se passava, mas que está preparado para tudo!... Ora toma!... Não se saber de nada mas estar-se preparado para tudo é obra!... Como é que dizia a "ti" Miquelina, do antigo mercado da Ribeira? Sim, sim... Já me recordo:

Ah, "faneca"! - e logo piscava o olhito malandreco!

Oxalá esteja! Ao menos que alguém esteja e que seja o Primeiro. Porque os portugueses, esses não estão. De certeza!

Não há mais que ver... Socialices!...

...

2 comentários:

Elise disse...

É o pântano... é o pântano. O povo português não pensa. E para muitos convém que se mantenha assim. POliticamente acéfalo.

Ruvasa disse...

Viva, Elise!

É o pântano, realmente.
Donde se retira que Guterres por vezes tinha momentos de boa lucidez e língua desprendida, para dizer mais do que inconsequências...

Não é verdade que foi ela o primeiro a referir a pantanal mistela e a... dela se pirar?

cumps

Ruben