domingo, maio 29, 2005

386. Finalmente, Santana Lopes apresenta as suas razões

Em artigo intitulado O regime político e as medidas anunciadas esta semana, hoje publicado no DN, Pedro Santana Lopes tece várias considerações acerca da questão do deficit orçamental e do conhecimento que dele já teriam os socialistas antes da dissolução da Assembleia da República, que levou à realização das legislativas de 20 de Fevereiro último, pelo que o que prometeram na campanha eleitoral não passou de um ror de falsidades e o que hoje por aí propalam segue exactamente a mesma linha.

De um modo geral, Santana Lopes veio confirmar tudo aquilo que tenho vindo a escrever nos últimos dias neste blog. Bom será, todavia, que se confira uma vez mais tudo, através da leitura, não só do artigo em causa, como do apanhado-interpretação que dele o jornal Público faz, também na edição de hoje, sob o título Défice: Santana diz ter proposto medidas de Sócrates na campanha eleitoral.

* * *

Vai mesmo mais longe, PSL.

Depois de manifestar a sua incomodidade por vários dos que teriam a obrigação de falar, esclarecendo a verdade, principalmente a actual direcção do seu partido, o não terem feito, informa que

"Para que haja uma clarificação total sobre a evolução dos valores do défice, do ano passado para este ano, como cidadão e como ex PM, irei apresentar nos próximos dias um Requerimento Formal ao governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, para que (…) certifique qual o valor do défice que resultaria para 2004 fazendo o mesmo exercício (…). Creio que será o bastante. Mas, se o não for, apresentarei os requerimentos que forem necessários junto das entidades competentes da União Europeia, as quais, como é sabido, têm uma palavra decisiva nesta matéria".

Sem demasiadas considerações, por escusadas, aí deixo os links para as duas peças, e direi que era tempo de alguém fazer algo a benefício da verdade e em favor do esclarecimento da opinião pública que tem vindo a ser vergonhosamente intoxicada, com mentiras descaradas. E não posso também deixar de reafirmar o que já aqui deixei evidenciado e que, a cada dia que passa, mais se confirma:

A hipocrisia parece não ter mesmo quaisquer limites. E a desvergonha e aldrabice campeiam por aí, tudo servindo para vencer eleições, incluindo mentira insidiosa e sem medida arremessada contra o eleitorado.


A verdade, porém, acaba sempre por vir à tona. Fatal como o destino. Ainda que de pouco valha, porque o mal está feito e é irremediável. Mas lá os vamos conhecendo um pouco mais.

Uma pequena nota, para terminar:

Parece que a putativa direcção do Partido Social Democrata não tem sentido a necessidade, que é obrigação, de tomar a iniciativa de defender um governo que pelo partido era liderado, como se o "este" partido de agora nada tivesse que ver com o de há poucos meses atrás.

Quando se é de pequena estatura política tem-se muito a tendência para confundir a árvore com a floresta, é certo, mas mais ainda, pior ainda, o frágil arbusto rasteiro com a mais robusta e grandiosa das árvores.
...

3 comentários:

Ricardo disse...

Viva Ruben,

Como é normal, os nossos pontos de vista não se tocam. Já critiquei Sócrates de não perceber o que é a democracia representativa e ter mentido (como Durão). Mas noto uma falácia em Santana e no teu comentário)... Santana foi vítima dum voto de protesto por isso podia dizer todas as verdades do mundo e Sócrates todas as mentiras do mundo que não ganhava na mesma. Acrescento que falar é fácil e Sócrates cometeu esse erro mas Santana também não escapa porque falava muito, de manhã à noite, e ia contradizendo-se tantas vezes que duvido que as suas "verdades" alguma vez vissem a luz do dia antes de serem substituídas por outras "verdades"!

Abraço,

Ricardo disse...

Ah... é impressão minha ou, ultrapassada a questão da ética política, começas a defender (mesmo que indirectamente) as medidas propostas por Sócrates?

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Não. Não estou a defender as medidas de Sócrates nem vim defender as medidas de Santana. Se leres novamente o que escrevi, facilmente verificarás que me limitei a, metendo links para o artigo de PSL e para o texto do Público, dizer que era tempo de alguém vir dizer a verdade do que se passou, não a substituindo por mentirolas de pouca verticalidade.

E todos nós sabemos, os que estão com PSL, os que estão com Sócrates e os que não estão com um nem com outro, que o que PSL veio dizer corresponde inteiramente à verdade.

Já agora, vejamos:

Aponta lá algo que ele tenha dito que não seja a realidade dos factos? E os factos é que contam. Para mim e para quem não vai em cantigas.

O que Santana Lopes afinal vem dizendo é que é incongruente a actuação do presidente da república, ao "ter substituído" um governo que pretendia seguir uma determinada linha (não a classifico) de rumo, por outro que, na oposição se opunha "com todas as forças" ao que o que lá estava propunha e, agora, no governo, vem fazer exactamente o mesmo, pior ainda...

Quanto à bondade das medidas, não me pronunciei. Como bem viste, certamente, Ricardo.

abraço

Ruben