Muito se tem falado no deficit orçamental nestes últimos dias!
Infelizmente, quase sempre com tal dose de demagogia que ultrapassa tudo aquilo a que em Portugal já estamos habituados (e atente-se na circunstância de estarmos habituados a doses bem maciças…).
Sejam políticos, sejam jornalistas, sejam meros gatos pardos, que os há às dúzias, por aí, todos falam do deficit, por forma a induzir em erro quem ouve e quem lê, que não esteja decentemente informado do que se passa. Abordam o tema do deficit de 6,83%, como se ele fosse já uma realidade. Tanto quanto me lembro, apenas o editor de economia da SIC foi suficientemente sério para esclarecer a situação. SEGUE
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quarta-feira, maio 25, 2005
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8 comentários:
Viva, JRA!
Obrigado pelo cumprimento.
Muito bem feito será talvez exagero, ditado pela sua boa vontade.
No entanto, fiz o melhor que me saíu. E fi-lo também, porque achei que não podia eximir-me a denunciar o enorme embuste que por aí anda.
Porque, se deixamos passar este, outros se lhe seguirão, até que tudo corra a exclusivo bel prazer de quem devia responder pelas aleivosias que comete.
cumprimentos
Ruben
Viva Ruben,
Vou aproveitar a deixa do comentário anterior para dizer: Fizeste o teu dever e muito bem feito. Num outro plano, deixa-me dizer que não concordo com algumas partes do texto.
Não estou em desacordo com os "reparos" que fazes a Constâncio ou Barroso que saem desta situação bastante chamuscados. Sobre Guterres continuo sem perceber as críticas orçamentais porque basta analisar o aumento do défice em tempo de recessão que Cavaco teve para perceber que as contas estiveram bem mais descontroladas no tempo do segundo (em crise passou de 4,7 para 8,1% e deixou o défice em 5,5%). Guterres deixou um défice de 4,4%. Mas concordo que o seu segundo mandato foi desastroso.
Mas há um Primeiro Ministro que teve pouca responsabilidade pelo tempo que esteve no poder mas que criou um Orçamento algo curioso. Além de ter inscrito inúmeras novas receitas extraordinárias (SCUT, por exemplo) paramaquilhar um défice real enorme ainda fez estas medidas curiosas:
- inscreveu 580 milhões de euros de dividendos dum potencial negócio que a Galp potencialmente ia efectuar e que, na realidade, foi chumbado. Desapareceu do OE este valor;
- A suborçamentaçaõ do SNS é um recorde com uma diferença entre a realidade e a ficção orçamental de mais de 1500 milhões de euros (o próprio ex ministro da Saúde atacou o ex Ministro das Finanças por não ter feito o seu dever);
E por aí fora (cálculo dos salários irreais, preço do petroleo inalcançavel, etc.). Assim também faço eu um Orçamento bastando "inventar" receitas para chegar a determinado valor.
Mas concordo que trata-se duma previsão e deve ser tratada como tal. E defendo que a obsessão pelo défice seja secundarizada pela obsessão pelo crescimento. Porque quem governa é o multi disciplinar Primeiro Ministro, não o Ministro das Finanças.
Abraço,
P.S. Esqueci-me de comentar Sampaio. Eu já referi que foi e é um Presidente fraco. Mas duvido que tenha sido assim maquiavélico. Fui rever o que escrevi sobre ele na altura da tomada de posse de Santana e encontrei um comentário teu bastante curioso:
http://filhodo25deabril.blogspot.com/2004/08/134-porque-que-sampaio-desilude.html
Abraço,
Viva, Ricardo!
Grato pelos teus comentários, sempre esperados e pertinentes.
Quanto ao primeiro comentário, não me pronuncio, uma vez que se trata de um ponto de vista teu, com nuances das quais discordo pelos motivos que já expus no texto inicial. Repetir, seria o mesmo que fazer chover sobre o molhado. Nada adiantava.
Quanto ao segundo comentário, porém, já terei algo que dizer, se bem que não muito. O suficiente, pelo menos.
Mantenho o que disse de Sampaio em Agosto. Prefiro-o a Soares, pois que o acho muito mais urbano.
Não deixo, porém, de lhe apontar a pusilanimidade. Que, posteriormente ao meu tetxo de Agosto de 2004, o fez, para enorme surpresa geral, dar cumprimento a tudo quanto os camaradas lhe exigiram, depois de o terem acusado de traição ao partido.
Tal atitude não é de quem tenha muita coragem e possa inspirar confiança ao País que não é seu camarada.
Uma coisa é ser pessoa cordata e de boa convivência, com imagem televisiva não desagradável; outra, bem diferente, é ser-se alguém de convicções políticas seguras e fundamentadas, que não se deixa arrastar pela força de interesses particulares, de grupos e grupinhos.
Quem, no espaço de menos de quatro meses, por força do descomunal alarido dos amigos, muda radicalmente de opinião, desfaz o que antes fizera e não apresenta fundamentos razoáveis para a alteração de posição, não pode reclamar para si a compreensão e mesmo o respeito (pelo político, não pela pessoa, entenda-se) dos seus concidadãos que não são da cor que mais jeito lhe dá.
Preferindo-o a ele, em lugar de Soares, entendo também que Soares merece mais atenção, por ser indubitavelmente mais firme (embora contradizendo-se dia sim, dia não, mas ao sabor dos seus próprios interesses, não aos de grupos de pressão) e frontal. E, também, por ter mais substrato.
Resumindo: Jorge Sampaio é boa pessoa. Ponto final. Parágrafo.
abraço
Ruben
"Isto está mau", amigo Ruvasa. Está mau. :( E o que vai ser das próximas gerações?
O seu desabafo é o mesmo de muitas pessoas...
Ruben,
Correndo o sério risco de chover no molhado...
O OE actual tem vindo a dar razão a todos aqueles que acharam que este estava suborçamentado, baseado em preços energéticos internacionais irrealista, com a inclusão de negócios pouco prováveis e só potenciais, num crescimento utópico e com contas propositadamente mal feitas. Deste modo parece vir de encontro com a gota de água que transbordou o copo do Presidente. Repare-se que Santana no fim deste ano não ia ter margem de manobra para sair deste Orçamento sem, ele próprio, rectificar o OE completamente.
Mas continuo a preferir o estilo de Soares que tinha uma voz que era ouvida pelos políticos e pela sociedade. O Dr. Sampaio parece-me muito fraquinho principalmente para impor ao país medidas necessárias através das suas chamadas de atenção inócuas.
Abraço,
Viva, Elise!
Está mesmo. A coutada está em pleno desenvolvimento.
Cabe-nos contrariar a tendência.
Mantermo-nos calados, sem agir, não pode continuar.
Viva, Ricardo!
Nunca choves noo molhado. Eu é que poderia tê-lo feito.
A conclusão a que vou chegando, através das trocas de impressões que temos tido, é que, no essencial - mais ainda no essencial do post que deu lugar a estes comentários - temos grandes consonancias e pequenas divergências.
No meu ponto de vista, não podíamos deixar de ter. Queremos o mesmo, se bem que talvez por caminhos ligeiramente diversos.
abraço
Ruben
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