quinta-feira, março 03, 2005

225. Pacheco não tem perdão

Na última edição da “Quadratura do Círculo”, canhestramente, José Pacheco Pereira tentou justificar as suas quase diárias diatribes contra o PSD e respectivos dirigentes, tenham eles sido quem tivessem sido, ao longo dos anos, com especial incidência nos tempos mais recentes, designadamente enquanto decorria a campanha eleitoral das recentes legislativas.

Claro que nada do que a criatura aduziu em sua defesa colhe minimamente e viu-se bem – ele tem um handicap terrível, qual seja, o de não conseguir disfarçar, sempre que se encontra, e intimamente o reconhece, em situação falsa – o atabalhoamento da putativa justificação. Por tal motivo, nem sequer valerá a pena aqui dilucidar as codificadas mensagens pachequianas.

Deixe-se isso, portanto, para trás, e faça-se de conta que aquela trapalhada “quadrada” de ontem não existiu.

Quedemo-nos apenas num aspecto.

Disse, em determinado momento, JPP que o que fizera o teria feito no livre exercício do seu direito de crítica e que, nada do que afirmara e escrevera, fora coisa por aí além. E acrescentou que, pior – muito pior e aí bem grave, na sua douta sentença – será militante do PSD concorrer por lista de outro partido ou, mesmo, deputado social-democrata votar contra Orçamento de Estado apresentado pelo Governo do seu partido.

Raramente se tem assistido a uma tão evidente invocação de falsa razão por parte de quem não tem razão verdadeira.

É evidente – por demais evidente – que Pacheco tem consciência de que pecou gravemente contra o seu próprio partido e não sabe onde se meter, acabando por tentar fugir para a frente, lançando mão de expedientes menores – Fui só eu? E então os outros? – cujo recurso a sua condição de exclusivo político de carácter existente cá neste rincão, lhe deveria terminantemente proibir.

É, pois, atitude pouco condizente com a suposta superioridade moral, tantas vezes atirada em cara a outros.

Mas é pior ainda, porque não corresponde à verdade. Uma vez mais, um argumento esgrimido por Pacheco não corresponde à verdade. É que, sendo embora factos graves, concorrer em lista de outro partido ou votar contra orçamento de Estado apresentado por governo do partido, não conseguem ter a dimensão das atitudes anti-PSD de José Pacheco Pereira.

É que, enquanto aquelas outras atitudes, gravosas para com o partido, é certo, serão actos isolados, por vezes resultantes de situações pouco pensadas e tomadas no calor do momento, as de Pacheco são reiteradamente assumidas de há anos a esta parte, em consequência profundamente reflectidas, premeditadas, e, pela continuada exposição mediática do autor, assumem repercussões públicas – consequentemente, políticas – incomensuravelmente mais graves. Imperdoáveis.

Isto, para além de terem revestido carácter de maior acinte, em plena campanha eleitoral.

Diga-se o que se disser, argumente-se o que se argumentar em sua defesa, José Pacheco Pereira soube bem o que esteve a fazer durante todos estes anos, e, principalmente, nos últimos meses, pelo que não faz jus a qualquer perdão. Nem sequer a atenuação de culpa.

4 comentários:

Anónimo disse...

O post é patético.

Ruvasa disse...

Admito que sim, que o seja.
Admito mesmo que o Anonynous assim o considere. Por algum motivo vivemos em regime democrático.

Mas o post trouxe à evidência outras coisas, a saber:

1. A reacção que provocou, não constitui resposta propriamente dita, pois que não contradiz - fundamentadamente ou não... - rigorosamente nada do que nele se afirma;

2. Logo essa constatação faz ressaltar consequência inevitável: ao autor da "resposta" falecem argumentos para a contradita, mola real da democracia, pelo que, em desespero de causa, escreveu o que escreveu, isto é, nada;

3. Podendo o post ser patético, não é, porém, cobarde, já que expressa exactamente aquilo que quem o escreveu pensa e já por diversas vezes afirmou, frontalmente, sem necessitar de esquinas escusas e de cheiro pouco agradável;

4. Como tal, contrariamente a quem "respondeu", quem o escreveu não sente necessidade de se esconder atrás de um anonimato pouco conforme com regras de sociedade democrática e de gente crescida, que dá a cara.

É. É isso.

Anónimo disse...

Caro Ruvasa
O Post não é patético. É a expressão de desgosto e mágua que muitos sociais democratas sentiram pelas actitudes que alguns andaram a fazer durante estes últimos meses. O post é frontal e denuncia a falta de uma qualidade fundamental em gente de caracter: a lealdade. O ser leal não impede a livre expressão de pensamento, a qual pode sempre ser exercida nos locais próprios do partido. E há sempre a posibilidade, em casos de incompatibilidade absoluta, em deixar o partido. O que denuncia falta de caracter,é tomar actitudes de acordo com a direcção dos ventos, afim de a curto ou médio prazo, retirar dividendos pessoais. Portugal tem-se revelado um pais de políticos mesquinhos e interesseiros, exemplos do que de peor há na sociedade portuguesa. Ou será que somos todos assim? Então não há esperança...Não!! Eu ainda quero acreditar..
Zé Fontinha

Ruvasa disse...

Viva, Zé Fontinha!

Estamos em sintonia. Custa-nos ver o partido - um partido - ser alvo de tantas malfeitorias.

Sim, porque um partido - qualquer partido - necessariamente que será apenas e tão só aquilo que os seus filiados desejem que seja.

Mas, claro, há Anonymous e Anonymous. Não é verdade?

cumprimentos