(…)
Já quanto às áreas prioritárias no próximo Governo, os inquiridos, perante 10 possibilidades, escolheram como primeira prioridade o combate ao desemprego. Segue-se a área da saúde, finanças públicas e a educação. No fim da lista aparece as obras públicas, reforma da administração pública e o combate à evasão fiscal.
(…)
Sondagem realizada pela Eurosondagem, num universo de 1001 eleitores.
RR online
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Palavras para quê? É a consciência social dos portugueses a manifestar-se.
Em qualquer país civilizado, entre as primeiríssimas preocupações dos cidadãos, estaria certamente a do combate à evasão fiscal. Entre nós, não. Este nobre povo está positivamente marimbando-se para que a fraude e a evasão fiscais sejam combatidas ou deixem de o ser.
O que ele quer é o “seu” e que o Estado lhe financie tudo e mais alguma coisa. Quer ensino gratuito, o superior incluído, cuidados médicos gratuitos igualmente, mesmo para quem os possa pagar, subsídios estatais para tudo e mais qualquer coisa.
Não diz é onde é que o Estado deve ir arrecadar as receitas que possibilitem tal regabofe. Nem isso lhe interessa. Apenas cuida de saber que tais benesses lhe cheguem. E com o mínimo esforço para ele.
Quanto aos evadidos fiscais, aplaude-os freneticamente. E protege, se preciso for. É o espírito de enganar o Estado, interiorizado até ao âmago de cada um. O xico-espertismo em acção.
Seria interessante uma sondagem em que a pergunta fosse apenas algo no género:
- Quem acha que tem razão? O cidadão incumpridor, que não respeita as suas obrigações fiscais para com o Estado ou este, quando tenta combater a fraude e evasão fiscais?
Seria interessante saber qual a percentagem de portugueses que “venceria” este confronto. Os de espírito conforme à lei e à moral ou os outros? Aposta-se, desde já, que estes últimos venceriam por goleada.
Sim, porque em sociedades civilizados, de consciência cívica normal, é a própria sociedade que mete pressão sobre os contribuintes incumpridores; em Portugal, não. Qualquer espertalhaço que se exima a honrar os seus compromissos perante a sociedade, representada pelo Estado, é logo erigido em pró-herói nacional.
Tenho para mim – e venho-o afirmando há já mais de duas décadas – que o principal obstáculo a um real e sustentado desenvolvimento com que a sociedade portuguesa se defronta, de há longuíssimos anos para cá, está na falta de consciência cívica dos cidadãos. Mesmo os cumpridores. Porque, embora cumprindo, não reprovam quem o não faz. Porque, no fim de contas, também eles não cumprem por entenderem ser esse o seu dever; apenas porque receiam ser apanhados ou por não terem forma de fugir.
E chame-se à colação a questão da produtividade, pois tem toda a razão de ser essa chamada, mesmo que à primeira vista não pareça. Por alguma razão em Portugal a produtividade de cada cidadão é extremamente baixa, raiando níveis terceiro-mundistas, subindo a patamares de podium e aplauso e honraria, sempre que o mesmo cidadão emigra e vai trabalhar lá para fora. Esta circunstância pode não dizer tudo, mas diz muito, a esmagadora maior parte desse tudo. Poder-se-á dizer que é uma questão de chefia. É evidente que esse factor também está presente. No entanto, não é o determinante. Porque o determinante é mesmo a falta de conciência cívica.
De há mais de duas décadas também que entendo – e tenho-o dito – que é imprescindível uma disciplina de educação cívica a partir dos primeiros dias de escola. Antes de que isso aconteça e comece a dar frutos, não vamos lá. Desengane-se que pensa que sim.
sexta-feira, março 11, 2005
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4 comentários:
Tem o meu bom amigo muita razão quanto à consciência dos portugueses. Mas,
como sabe, os bons exemplos devem vir de cima e os nossos governantes (logo o
Estado), são os primeiros incumpridores ou "salteadores" do cidadão. Se não
veja apenas estes dois pequeninos exemplos:
1)- O Estado pede para se implementar o consumo dos medicamentos genéricos,
com a finalidade de baixar os gastos com a saúde. Passados que foram cêrca de
9 meses, concluiu-se que o Estado poupou milhões com o recurso aos genéricos
e os cidadãos, que deveriam ter pago menos pelos medicamentos genéricos,
saíram lesados, pois pagaram uns bons milhões de euros a mais do que aquilo
que deveriam ter pago. Batota do Estado!!!
2)- O Estado, através dos seus governantes, decidiu beneficiar não se sabe
bem a quem (o cidadão não foi), decidiu que os monovolumes (automóveis)
pagassem menos valor de portagens, mas obrigou os outros cidadãos com
automóveis mais pequenos a pagar mais portagem (mais 5 cêntimos), o que é
absolutamente inconstitucional.
Moral: Para servir os interesses de algumas empresas e de uns poucos cidadãos o
Estado vai entregar à Lusoponte milhões de euros que tira do bolso dos
cidadãos, sem qualquer razão plausível ou justa.
Vamos lá a dar bons exemplos para que todos se respeitem. Duma vez por todas
procurem "aplicar" o dinheiro que os cidadãos entregam ao Estado para
benefício dos cidadãos e não de alguns eleitos ou amigos, com vencimentos e
reformas impróprias de um País com tantas carências e necessidades
primárias.
Um abraço do amigo
Set.13/3/2005
AAlves
Concordo de tal modo consigo, caro Amigo, que nem me atrevo a acrescentar ou contestar seja o que for.
A diferença está apenas em que aquilo que eu refiro e o que o Alves me diz pertencem a departamentos diferentes, ou seja, num está a soi-disant "consciência cívica dos portugueses" e no outro a alegada "consciência cívica do Estado Português".
Não fora o odioso da comparação, eu diria que esta relação Estado-cidadão e vice versa, é como a história do vendedor do burro face ao possível comprador e, mais uma vez, vice-versa. O que é lamentável, sob todos os pontos de vista.
abraço
Ruben
boa tarde.
eu sou um aluno no 10 ano e vou ter teste e a professora disse que teriamos saber o que é cosciencia civica. eu ja vi diversas opinioes mas nada em concreto poderia.me mandar a resposta em 4 linhas (+/-) o que sff
mail: ruichaves2010@hotmail.com
obrigado pelo seu tempo dispensado
Viva, Rui!
Já respondi, por email.
Abraço
Ruben
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