...no Bloguítica, de Paulo Gorjão, o post "Sobre as couves".
Não vai dar por mal empregue o tempo.
segunda-feira, março 14, 2005
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Aqui se vão deixando pensamentos e comentários, impressões e sensações, alegrias e tristezas, desânimos e esperanças, vida enfim!... E assim se vai confirmando que o Homem é, a jusante da circunstância que o envolve, produto de si próprio - 23.07.2004
3 comentários:
Viva,
Sobre os efeitos da guerra há muitas teorias e eu espero que esta seja a correcta. Mas há uma coisa que me incomoda e é da mais elementar lógica:
A. A guerra trouxe benefícios ao mundo e à região;
B. Saddam era um ditador e violava os direitos humanos;
A. + B. = Qual foi então a necessidade de arranjar desculpas acessórias para a guerra? Para quê mentir? Para quê abalar definitivamente a confiança que devemos ter nos nossos representantes? Algo ficou por explicar que nenhuma teoria pode alcançar!
Abraço,
Viva, Ricardo,
Tudo bem quanto a A e B. No que se refere a A+B, não sei o que foi que determinou a estratégia adoptada. No entanto, reconheço que as coisas não são tão líquidas quanto se gostaria que fosse.
Quem é que, com poder para algo de concreto fazer, verdadeiramente se importa com o facto de existir uma ditadura feroz, seja onde for? Aponta lá um exemplo, por favor.
Quem é que, com poder para algo de concreto fazer, se incomoda com o facto de os direitos humanos estarem a ser violados seja onde for? Aponta lá um exemplo, por favor.
Emquanto for lá distante, não nos dói. Nada temos a ver com aquilo...
Então, quando é que começamos a pensar no assunto, a sentirmo-nos incomodados? Quando passamos a ver que, afinal, a coisa é connosco também, pois que se mísseis intercontinentais nem todos conseguem ter, armas de destruição massiva, como os "sarin" e etc., isso, sim, já é outra coisa. E o perigo começa, então, a ser muito mais real para nós. A partir de 11 de Setembro, então, nem se fala!
Ademais, o facto de não terem sido encontradas armas de destruição massiva no Iraque, não significa necessariamente que elas não tivessem existido. Toda a gente sabe que existiram lá. Foi com elas que o Saddam matou centenas de milhar de curdos e outros. Houve, porém, muito tempo disponível para as deslocar para outros países, enquanto os pseudo-inspectores das Nações Unidas por lá andaram a fingir que inspeccionavam, mas apenas aquilo que Saddam deixava.
O curioso é vermos agora os países para os quais é muito possível que elas tenham sido desviadas a tornarem-se, tão súbita quão surpreendentemente cordatos, amigos da paz e a entrar no "bom caminho".
Curioso, muito curioso!...
Não podemos é ser ingénuos, só porque sê-lo, hoje em dia, é muito "in". Tal como antes da 2ª Guerra Mundial, aliás...
abraço
Viva,
A ingenuidade é uma arma poderosa para quem não quer pactuar com certas decisões. A única coisa que eu sei e quero saber é que a Terra é redonda e que o café sabe-me bem. Mais do que isso era ser obrigado a dizer que esta guerra foi feita por más razões que nada tiveram a ver com questões de segurança e humanitárias. E acho que isso é mais claro que a água. Por isso, ingenuamente, revolto-me...
Até porque:
1) O dinheiro que foi gasto nunca chega às populações;
2) Porque a destituição de Saddam não afectou à Al Quaeda;
3) A única coisa que aconteceu é que o petróleo em vez de estar a ser explorado por franceses e russos está a ser por americanos e ingleses;
4) Porque as armas de destruição massiva continuam a ser vendidas a ditadores colaborantes;
5) Porque estar a concordar com esta guerra é estar a dar luz verde a que se interfira na Venezuela pelas mesmas razões;
6) Porque o terrorismo não está a ser combatido, apenas está a ser utilizado de forma instrumental para justificar tudo;
Por isso não fico com um sorriso nos lábios quando me tentam vender o paraíso do pós guerra. É porque ser ingénuo não é só estar "in" (algo que nem sei o que significa nem de que modo pode tornar-me mais feliz), é também aceitar a minha impotência para alterar a forma como o mundo é gerido. Mas aceitar que sou "impotente" para alterar os critérios da política externa também não me obriga a ser colaborante.
Boa sorte para todos os cidadãos do Mundo ingénuos para sobreviverem às regras de quem é informado e pragmático!
Abraço do "blogamigo",
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