segunda-feira, março 14, 2005

250. Ora experimente ler...

...no Bloguítica, de Paulo Gorjão, o post "Sobre as couves".
Não vai dar por mal empregue o tempo.

3 comentários:

Ricardo disse...

Viva,

Sobre os efeitos da guerra há muitas teorias e eu espero que esta seja a correcta. Mas há uma coisa que me incomoda e é da mais elementar lógica:

A. A guerra trouxe benefícios ao mundo e à região;

B. Saddam era um ditador e violava os direitos humanos;

A. + B. = Qual foi então a necessidade de arranjar desculpas acessórias para a guerra? Para quê mentir? Para quê abalar definitivamente a confiança que devemos ter nos nossos representantes? Algo ficou por explicar que nenhuma teoria pode alcançar!

Abraço,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo,

Tudo bem quanto a A e B. No que se refere a A+B, não sei o que foi que determinou a estratégia adoptada. No entanto, reconheço que as coisas não são tão líquidas quanto se gostaria que fosse.

Quem é que, com poder para algo de concreto fazer, verdadeiramente se importa com o facto de existir uma ditadura feroz, seja onde for? Aponta lá um exemplo, por favor.

Quem é que, com poder para algo de concreto fazer, se incomoda com o facto de os direitos humanos estarem a ser violados seja onde for? Aponta lá um exemplo, por favor.

Emquanto for lá distante, não nos dói. Nada temos a ver com aquilo...

Então, quando é que começamos a pensar no assunto, a sentirmo-nos incomodados? Quando passamos a ver que, afinal, a coisa é connosco também, pois que se mísseis intercontinentais nem todos conseguem ter, armas de destruição massiva, como os "sarin" e etc., isso, sim, já é outra coisa. E o perigo começa, então, a ser muito mais real para nós. A partir de 11 de Setembro, então, nem se fala!

Ademais, o facto de não terem sido encontradas armas de destruição massiva no Iraque, não significa necessariamente que elas não tivessem existido. Toda a gente sabe que existiram lá. Foi com elas que o Saddam matou centenas de milhar de curdos e outros. Houve, porém, muito tempo disponível para as deslocar para outros países, enquanto os pseudo-inspectores das Nações Unidas por lá andaram a fingir que inspeccionavam, mas apenas aquilo que Saddam deixava.

O curioso é vermos agora os países para os quais é muito possível que elas tenham sido desviadas a tornarem-se, tão súbita quão surpreendentemente cordatos, amigos da paz e a entrar no "bom caminho".

Curioso, muito curioso!...

Não podemos é ser ingénuos, só porque sê-lo, hoje em dia, é muito "in". Tal como antes da 2ª Guerra Mundial, aliás...

abraço

Ricardo disse...

Viva,

A ingenuidade é uma arma poderosa para quem não quer pactuar com certas decisões. A única coisa que eu sei e quero saber é que a Terra é redonda e que o café sabe-me bem. Mais do que isso era ser obrigado a dizer que esta guerra foi feita por más razões que nada tiveram a ver com questões de segurança e humanitárias. E acho que isso é mais claro que a água. Por isso, ingenuamente, revolto-me...

Até porque:

1) O dinheiro que foi gasto nunca chega às populações;

2) Porque a destituição de Saddam não afectou à Al Quaeda;

3) A única coisa que aconteceu é que o petróleo em vez de estar a ser explorado por franceses e russos está a ser por americanos e ingleses;

4) Porque as armas de destruição massiva continuam a ser vendidas a ditadores colaborantes;

5) Porque estar a concordar com esta guerra é estar a dar luz verde a que se interfira na Venezuela pelas mesmas razões;

6) Porque o terrorismo não está a ser combatido, apenas está a ser utilizado de forma instrumental para justificar tudo;

Por isso não fico com um sorriso nos lábios quando me tentam vender o paraíso do pós guerra. É porque ser ingénuo não é só estar "in" (algo que nem sei o que significa nem de que modo pode tornar-me mais feliz), é também aceitar a minha impotência para alterar a forma como o mundo é gerido. Mas aceitar que sou "impotente" para alterar os critérios da política externa também não me obriga a ser colaborante.

Boa sorte para todos os cidadãos do Mundo ingénuos para sobreviverem às regras de quem é informado e pragmático!

Abraço do "blogamigo",