sexta-feira, maio 20, 2005

370. A diferença que faz ter-se padrinho que manda…

Anda por aí tudo mais ou menos em polvorosa, pela circunstância de Marques Mendes ter boicotado a candidatura, nas listas do PSD, de Isaltino Morais, em Oeiras, e Valentim Loureiro, em Gondomar, não tendo usado de critério em coerência com aquele, em relação à candidatura de Isabel Damasceno, em Leiria, já que também esta está indiciada como arguida em processo que corre termos em tribunal.

Não se cuida aqui de saber se aqueles senhores, Morais e Loureiro, e senhora, Damasceno, estão ou não em condições, legais e legítimas, de concorrer, atendendo à situação jurídica em que se encontram. Não devendo, contudo, ser esquecido que só não está legalmente inocente quem tenha sido julgado por tribunal regularmente constituído e com a sentença condenatória passada em julgado. O que não é desprezível em Estado de Direito, como se sabe.

Do que se cuida aqui de averiguar é tão somente a razão por que o tratamento concedido por Marques Mendes à última é tão diverso do que aos dois primeiros dispensou. Dito de outra forma: qual a razão por que, opondo-se, e até impedindo, às candidaturas de Morais e Loureiro, apoia a de Damasceno?

Dirão os mais apressados que a nuance se fica a dever à circunstância de ela ser sua vice-presidente. O que não deixa de ser verdade. Mas não explica tudo bem explicado.

E a explicação integral é que Isabel Damasceno será sua vice-presidente, pelas qualidades que terá revelado, certamente, mas principalmente por uma característica a que ninguém se refere mas que é determinante. E que, por sua vez, dá forma ao tratamento privilegiado agora na candidatura autárquica.

E qual é essa característica decisiva? É que Isabel Damasceno, vice-presidente do in nomine presidente do PSD, é protegida do presidente do PSD, por interposto Mendes, de seu nome Aníbal António del Cavaco y Silva, acolitado por Marcelo Rebelo Que Cousa!, em afazeres pantagruélicos e afins.

Estas coisas têm que ser trazidas à luz do dia e não deixadas na penumbra. Para que as pessoas não continuem a viver iludidas e a democracia seja digna.

AACS (não, não se trata da Alta Autoridade para a Comunicação Social mas sim do homem de Boliqueime) tem vindo a dispor as suas pedras no xadrez partidário, com vista ao domínio mexicanizado do país, por uma pessoa só, que se prepara para exercer como presidente da república, no caso de lá chegar. As interferências na governação serão mais do que muitas e de tal modo que reduzirão Mário Soares à condição de verdadeiro anjo, de halo e tudo.

É de toda a conveniência estar bem desperto para estas minudências… Desde já!

8 comentários:

Anónimo disse...

Mas é alguma novidade que o "AACS (não, não se trata da Alta Autoridade para a Comunicação Social mas sim do homem de Boliqueime)", e outros tantos que tais, CONTINUEM a fazer deste País o que bem lhes dá na real gana???!
...enquanto uma maioria da população quiser continuar a ser enganada, sistemáticamente, eles vão continuar,SEMPRE, no poleiro!
...Onde está o "Homem Novo"????...Haja paciência,
que a Esperança,
é sempre a última a morrer!!
Sinón, pela minha parte, agradeço
a Solidariedade ao Grande SpOrting!
cOOOOmprimentos e LArguras da Sulista

Ricardo disse...

Viva Ruben,

Voltamos à questão de que não é só a esquerda que está refém de cavaco. A direita também está! E continuo sem perceber porquê! E continuo sem perceber que qualidades tem AACS para o cargo!

Abraço,

Nota: Também deixei um comentário no post sobre o Sítio do Não

Agnelo Figueiredo disse...

Caro Ruvasa,
Não seja mau para o bicho.
Já tenho saudades dele. Não havia estes compadrios, nem este nível de compadrio, nem esta política de mentira. O homem era uma "cara de pau" mas era honesto!
Será um bom presidente.
Abraço
Azurara

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Não percebe porquê?

Várias são as razões. Por agora, deixarei apenas uma:

Embora homenzinhos e mulherzinhas acabados de entrar no grupo dos trintões, ainda não saímos de casa dos pais, pelo que não fomos até ao momento capazes de esconjurar o complexo do "paizinho" que pensa por nós, que sabe por nós, que decide por nós, que age por nós, fazendo por nós o que para nós é melhor, ainda que nós julguemos que não.

O fenómeno é conhecido. O maquiavelismo também.

Nunca mais nos livramos de tutelas!
E a culpa agora já nem é dos paizinhos; é toda nossa.

abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Azurara!

Prazer em vê-lo por cá.

Deixe que lhe responda em jeito mais leve, muito embora, relativamente a Del Cavaco y Silva eu não consiga ver as coisas muito leves.

Há - principalmente houve - muitos chefes de banda com cara de pau e honestos. Tais predicados, porém, não fizeram deles chefes de banda que alguém em seu juízo perfeito recomendasse.

Deixe que lhe diga mais uma coisa: isto que está a passar-se actualmente no PSD - descontando a circunstância de alguns envolvidos estarem indiciados em juízo - não passa de repetição de factos graves e atentatórios dos estatutos do Partido Social Democrata, ocorridos quando das autárquicas de 1989. A peça matriz é a mesma. Os protagonistas a dar a cara na ribalta é que são outros. Em 1989 foi Dias Loureiro quem assumiu a brutalidade das decisões; agora, é Marques Mendes. O homem por detrás dos cortinados é, porém, o mesmo.

A mexicanização do país por um homem só, liberto até de peias partidárias, constitui sonho antigo. Mau para nós. Temos que combatê-lo. Ao sonho e à estratégia para o alcançar. Não ao sonhador, que deve poder continuar a sonhar... de preferência em Boloqueime.

abraço

Ruben

Anónimo disse...

Aqui Zé Fontinha
Amigo Ruvasa, não posso deixar de concordar consigo, no entanto há que analizar cada caso por si e não generalizar. O que se passa com Isaltino, cheira a vingança de Azevedo Soares, homem detestado pela concelhia, mas apesar de tudo resuscitado por Marques Mendes. Parece que o tiro lhe vai sair pela culatra, reconhecida que foi, publicamente, a sua incompetência. Cavaco Silva parece que vai mesmo ser Presidente. Uma das qualidades que entendo fundamental num homem de cabeça levantada, é a lealdade. Cavaco, apesar de ter sido um excelente primeiro ministro, já mostrou que os seus interesses pessoais passam à frente de valores fundamentais. Que Presidente vamos ter? Como vai agir em momentos de crise, que inevitávelmente vão surgir? Confesso que tenho receio.

Ruvasa disse...

Viva, Zé Fontinha!

É um prazer tê-lo por cá.

Concordo que as coisas não devem ser generalizadas. Cada caso é um caso. Somente que, por detrás destes três casos está a mão do mesmo. O guru do Mendes.

Igualmente concordo consigo - e nada me custa reconhecer, e reconheço, que Cavaco foi um bom primeiro ministro.

Somente que essa circunstância não o isenta de pecados indesculpáveis, o maior dos quais é a completa ausência de espírito solidário e de reconhecimento pelo bem que se lhe faz e a incapacidade de cuidar de interesses que não sejam apenas os seus. Para os alvançar não hesitará em atirar tudo o mais para o vazadouro mais próximo.

Trata-se de verdadeiro predador, que não se detém por dá cá aquela palha.

Só conhece um deus: himself, porém, sem admitir trindades...
Só conhece uma doutrina: a que dê plena satisfação aos seus exclusivos interesses.

Não me serve para presidente, antecipo mesmo que seria mau presidente para Portugal, já que preencheria um mandato de conflito aberto e permanente, fosse de que cor fosse o governo com que tivesse de trabalhar.

Antecipo, pois e igualmente, que Portugal não tem nada a ganhar com ele em Belém. Pelo contrário, muito ganhará se o substituto de Sampaio for outro qualquer.

Mal por mal, prefiro Sampaio, com as suas involuntárias boutades, incoerências e inconsequências.

Assim sendo, para ser coerente e consequente, tenho que agir. É o que faço. Sempre que a oportunidade surge. E vai surgir. Muitas vezes, decerto.

Eu e outros que me são próximos bem sabemos até onde pode chegar.

Não queremos que tenha a possibilidade de chegar.

Ainda que suscitados pela sua configuração pessoal, os meus motivos são exclusivamente políticos.

abraço e apareça mais vezes.

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, outra vez, JRA!

Só tenho um desejo a formular, após ter lido este seu comentário:

Ámen!

Ruben